NBA: grandes surpresas em noite de draft

NBA: grandes surpresas em noite de draft
Tomou lugar na última madrugada o draft de 2013 da NBA. Dos futuros rookies pode-se afirmar que são os mais internacionais de sempre e foram sujeitos a umas quantas trades durante o draft. A edição deste ano ficou marcada pela surpresa quanto às falhas das previsões dos especialistas (os nomes mais sonantes não vigoraram nas primeiras picks), pela última participação de David Stern nos drafts e pela troca de jogadores entre Celtics e Nets.
A maior surpresa do draft foi quanto à primeira pick. Anthony Bennett (parece-me que nem é um dos três melhores rookies) foi o escolhido pelos Cleveland Cavaliers, chocando analistas e experts da NBA. O grande favorito a ser a primeira pick deste draft - Nerlens Noel - acabou por ser o sexto jogador a ser escolhido, na altura pelos New Orleans Pelicans (só deverá regressar em 2014 devido a lesão, factor que parece ter pesado na decisão de vários clubes), mas foi envolvido numa troca entre Pelicans e Philadelphia 76Sixers trocando de lugares com Jrue Holiday e pick de 2014. Uma decisão arriscada (a lesão de Noel pode afectar o seu rendimento e Jrue Holiday era o melhor elemento da equipa depois da saída de Iguodala) que não me parece ter sido a mais inteligente por parte dos 76Sixers. Numa última nota, referir que os Sacramento Kings estão a construir um plantel jovem bastante interessante.
No entanto, a grande surpresa da noite foi a troca entre Brooklyn Nets e Boston Celtics. Garnett, Pierce e Terry vão ser orientados por Jason Kidd (hall of famer que se retirou e assumiu as rédeas da equipa há umas semanas), enquanto que Wallace, Humphries, Evans, Bogans, Joseph e Shengelia (mais três picks) fazem o sentido contrário. Jason Kidd parece estar empenhado em formar uma super-equipa (D. Will, Joe Johnson, Pierce, Garnett e Lopez) capaz de lutar pelo título da Conferência Este e certamente com uma palavra a dizer durante os Playoffs. Uma troca que favorece claramente os Nets, ainda que a curto/médio-prazo, apesar de Evans e Wallace terem capacidade de serem bem-sucedidos em Boston.


Draft de 2013 (primeiras 15 picks):
  1. Anthony Bennett - Cleveland Cavaliers
  2. Victor Oladipo - Orlando Magic
  3. Otto Porter - Wazhington Wizards
  4. Cody Zeller - Charlotte Bobcats
  5. Alex Len - Phoenix Suns
  6. Nerlens Noel - New Orleans Pelicans (trocado para os 76ers)
  7. Ben McLemore - Sacramento Kings
  8. Kentavious Caldwell-Pope - Detroit Pistons
  9. Trey Burke - Minnesota Timberwolves (trocado para os Utah Jazz)
  10. C. J. McCollum - Portland TrailBlazers
  11. Michael Carter-Williams - Philadelphia 76ers
  12. Steven Adams - Oklahoma City Thunder
  13. Kelly Olynyk - Dallas Mavericks (trocado para os Celtics)
  14. Shabazz Muhammad - Utah Jazz (trocado para os Timberwolves)
  15. Gianis Antetokounmpo - Milwaukee Bucks

Taça das Confederações: antecipando o Espanha vs Itália (parte II)

Tendo em conta o jogo de hoje que irá colocar frente a frente os finalistas do Campeonato da Europa de 2012 - Espanha e Itália -, resolvi analisar a evolução de ambas as selecções desde 2006, ano em que a Itália venceu o Campeonato do Mundo e que marcou o início da "era espanhola". Após ter apresentado os dados estatísticos referentes à selecção italiana, é chegada a vez de fazer o mesmo em relação ao conjunto espanhol.
 
 
Se por um lado a Itália apresentou quebras de rendimento que marcaram pela negativa a participação em provas máximas (exceptuando o Euro 2012), no caso da Espanha o cenário é totalmente diferente - meio-campo de luxo, tiki-taka irrepreensível e uma hegemonia que ficará para a história do futebol:
- Depois da Itália ter conquistado o Mundial em 2006, a Espanha só não arrebatou um troféu - Taça das Confederações (2009)
- A Espanha não perdeu um único jogo de qualificação desde 2007 e só foi derrotada por uma vez (obra da Suíça) em fases finais de Campeonatos Europeus e Mundiais
- Incríveis registos defensivos e ofensivos (já para não falar das percentagens de posse de bola, que não estão representadas na tabela)
- Um registo de golos sempre positivo desde 2006, independentemente da natureza do jogo (amigável, jogo de qualificação, fase final)
 
Será justo afirmar que esta selecção espanhola é uma das três melhores de todos os tempos no que concerne ao futebol mundial? Até quando irá durar este domínio espanhol (imbatível há 51(!) jogos de Campeonatos Europeus e Mundiais, se contarmos com os  das fases de qualificação)? Partindo de um plano geral para outro mais particular: quem vencerá o jogo de hoje? A Itália (afectada por algumas lesões) terá hipóteses de emendar o resultado de 2012? Creio que será muito complicado, mas no futebol (como em qualquer outro desporto) surpresas acontecem...
 
 
NOTA: As informações apresentadas no quadro estão compreendidas entre Janeiro de 2006 e a data de publicação deste artigo
* Jogo decidido nos penaltis (ganho)
** Jogo decidido nos penaltis (perdido)
 

Taça das Confederações: antecipando o Espanha vs Itália (parte I)


Espanha e Itália disputarão amanhã a segunda meia-final, naquela que será uma reedição da final do último Campeonato da Europa, na altura vencido pelos ibéricos (4-0). Frente a frente irão estar as duas nações carismáticas no que ao futebol internacional diz respeito e as últimas a vencer o Campeonato do Mundo. Aliás, desde 2006, ano em que a Itália conquistou o Campeonato do Mundo, a hegemonia espanhola tem sido avassaladora. Como têm sido os percursos de ambas as selecções desde essa competição?
 
 
A Itália tem feito uma caminhada irregular e algo peculiar depois de ter conquistado o Campeonato do Mundo de 2006:
- Os melhores registos remetem para as fases de qualificação para Campeonatos da Europa ou do Mundo (apenas uma derrota desde 2006 e um registo de golos sempre positivo)
- Existe um registo negativo de golos em todas as grandes competições posteriores ao Campeonato do Mundo de 2006
- Em cinco grandes competições, a Itália já venceu uma (2006)e foi finalista vencida noutra (2012); no entanto, também não passou da fase de grupos em duas ocasiões (2009 e 2010)
 
Como se explica esta incapacidade da Itália se afirmar nas grandes competições desde 2006? A final da Liga dos Campeões desse ano foi disputada por dois clubes italianos, a Bola de Ouro desse ano foi entregue a Cannavaro (Buffon em segundo), os italianos venceram o Campeonato do Mundo e no ano seguinte o AC Milan ganhou a Liga dos Campeões. Como se explica a quebra de rendimento? O Campeonato Europeu de 2012 foi o ponto de viragem?
 
 
NOTA: As informações apresentadas no quadro estão compreendidas entre Janeiro de 2006 e a data de publicação deste artigo
* Jogo decidido nos penaltis (ganho)
** Jogo decidido nos penaltis (perdido)
 

Wimbledon: Serena Williams é a séria candidata (quadro feminino)

Depois de ter sido feita a análise ao quadro masculino, é chegada a altura de fazer as previsões quanto ao que o quadro feminino deve reservar. No ano passado, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos, foi uma das irmãs Williams (a que está em melhor forma: Serena) que arrebatou o troféu na relva de Londres, ao bater na final a polaca Radwanska. Agora que está em primeiro lugar do ranking da WTA (a subida gradual no ranking deu-lhe mais confiança e consistência), Serena perfila-se como a mais provável vencedora do terceiro Grand Slam da época.
Se Serena é a grande favorita, quais as jogadoras que podem causar maior dificuldade (ou eventualmente constituir uma surpresa)? O quadro feminino costuma apresentar maiores surpresas que o masculino e o mesmo poderá acontecer em Wimbledon. Serena está num fantástico momento de forma e tem a vantagem de conhecer bem a relva do complexo britânico (5 títulos conquistados em 7 finais disputadas). Mas nomes como Azarenka, Sharapova, Kvitova ou a própria finalista vencida do ano passado - Radwanska - são bem capazes de baralhar as contas e devem ser levados em consideração (as três primeiras têm um estilo de jogo favorecido pela superfície do torneio).

As duas capas do Record

Apenas a jeito de curiosidade: o jornal Record apresentou ontem no seu site oficial duas capas (fiquei com a ideia que a que apresentava a situação do Sporting em destaque seria a principal/oficial). Analisando as duas capas, a única coisa que têm de diferente é o clube destacado nas manchetes - o Sporting, devido à chegada dos novos investidores, e o FC Porto, mais precisamente o interesse em Jackson por parte de clubes ingleses.

Qual a melhor capa? Poderia haver uma terceira alternativa que superasse as duas colocadas no site do Record (e vendidas a nível nacional)? Curiosamente, nenhum dos destaques fez furor dentro da comunidade desportiva. Falou-se sobre a situação do Sporting, porém, sol de pouca dura. O interesse em Jackson foi desmentido em primeira pessoa por André Villas-Boas, que supostamente seria o principal interessado no colombiano, e as atenções viraram-se para outras bandas (o Chelsea, segundo os rumores, estará mais interessado em Rooney e do lado do Liverpool a prioridade é segurar outro sul-americano - Suárez). De facto, a notícia que continua a dar mais que falar - e quiçá a mais importante das capas apresentadas pelo jornal - é a vitória de Portugal no seu jogo inaugural do Campeonato do Mundo de sub-20, com um ligeiro destaque para a boa exibição de Bruma. Não faria mais sentido colocar a notícia do cabeçalho como manchete?
Atentando nas restantes publicações desportivas de maior relevo: a entrada do grupo angolano também foi destaque no jornal O Jogo, enquanto A Bola preferiu apontar um avançado ao clube de Alvalade. O Sporting merecia o destaque nas edições de ontem? Entrar com o pé direito no Mundial (de sub-20, subentenda-se) justifica uma manchete? Não levando em conta apenas as capas de ontem, os principais jornais desportivos portugueses apresentam capas com boa qualidade (visual, a nível de selecção de notícias a destacar e títulos apelativos)?

Wimbledon: uma das edições mais renhidas dos últimos anos (quadro masculino)

Wimbledon: uma das edições mais renhidas dos últimos anos (quadro masculino)
Já falta pouco tempo para começar o terceiro torneio do Grand Slam deste ano. A edição do ano passado foi uma das mais importantes de sempre, uma vez que os Jogos Olímpicos realizar-se-iam na mesma superfície, na mesma cidade, no mesmo complexo e seus courts. Roger Federer ergueu o seu sétimo título derrotando na final Andy Murray, que, curiosamente, se desforrou do helvético na final que lhe valeu o ouro olímpico. Se nenhuma lesão afectar os principais candidatos, a disputa do título será a mais renhida dos últimos tempos.
Por que razão será uma das edições mais renhidas? Quais os principais candidatos? Pelas razões já enunciadas, Federer e Murray são sérios candidatos a vencer o torneio. Enquanto que o suíço venceu sete das últimas dez edições (William Renshaw, Pete Sampras e o próprio Federer possuem sete títulos, pelo que mais um implicaria recorde absoluto), o britânico, que falhou Roland Garros devido a lesão (poderá ser importante, mas Murray não costuma baixar o rendimento devido às lesões), jogará em casa e tentará repetir a façanha dos Jogos Olímpicos. Se por um lado teremos tenistas à procura de defender os seus títulos e quebrar recordes (oitavo título para Federer e primeiro de Wimbledon para Murray), por outro teremos os que em melhor forma se encontram - Nadal e Djokovic. O espanhol acabou de renovar o seu título em Roland Garros e já venceu o torneio de Wimbledon por duas vezes (esperava-se que começasse a dominar a superfície britânica, mas tal não aconteceu). Djokovic é o n.º1 mundial, já conquistou o torneio em 2011 e perfila-se como outro dos sérios candidatos.
Que atletas devem ser levados em consideração além dos quatro principais candidatos? Face à qualidade de Djokovic, Murray, Federer e Nadal, julgo não haverem muitos outros atletas que possam ser favoritos à conquista do título. Os que podem causar maiores adversidades são os que combinam jogo de serviço potente e sólido com um número elevado de winners. Apesar de Ferrer ocupar actualmente a quarta posição do ranking, aponto Berdych, Tsonga, del Potro e Wawrinka como as "bestas negras" da corrente edição de Wimbledon.

Taiti: a oportunidade de representar a Oceânia

Taiti: a oportunidade de representar a Oceânia
No seguimento da goleada imposta pela Espanha no seu último jogo, o blog Visão de Mercado, um dos mais conceituados a nível nacional (e internacional), publicou um artigo interessante relativo à coerência de se ter uma selecção como a do Taiti a disputar a prova da Taça das Confederações.
 
 
Faz sentido que as nações da Oceânia mereçam ter a oportunidade de participar numa prova mais competitiva (neste caso, a Taça das Confederações)? Para que os níveis de competitividade não diminuam significativamente nesta prova, será que a  desintegração das nações da Oceânia seria uma medida acertada? O Taiti chegou a esta edição da Taça das Confederações com todo o mérito (independentemente dos adversários que teve pelo caminho). Aquilo que está a acontecer com o Taiti poderia acontecer em qualquer outra prova prestigiada (por exemplo: nem sempre o vencedor da Taça de Portugal é uma equipa forte. Se venceu a prova tem todo o mérito. Vencendo, ficará apurado para as competições continentais, onde se sujeitará a defrontar algumas das equipas mais fortes a nível mundial e a resultados mais desequilibrados.). Além do mais, como o próprio nome indica, trata-se de uma competição onde cada uma das confederações é representada pela sua selecção mais forte (face ao desempenho nas principais provas internacionais) e, como tal, o Taiti merece a oportunidade de representar o seu contingente e não ser inserido noutro devido à qualidade dos seus jogadores internacionais.
 
Tal como o mesmo blog alerta, não faz sentido defender a participação do Taiti nesta prova e também defender a da Austrália (agora integrada nas competições asiáticas devido a discrepâncias no nível competitivo). Existem campeonatos espalhados um pouco por todo o mundo onde o campeão é praticamente sempre o mesmo. Mas se a Austrália, pese o facto de ser tremendamente superior face às restantes selecções da Oceânia, tem a oportunidade de representar o seu continente e opta por defrontar quem faz parte da Ásia, há que criticar essa postura (não devem ser os australianos a procurar maior competitividade, mas as outras nações oceânicas a oferecê-la e a melhorar nesse sentido) e concordar com o ponto de vista do Visão de Mercado. No mesmo sentido, penso que integrar todas as selecções num só contingente não será a melhor solução.

Spurs vs Heat: decisão final

Spurs vs Heat: decisão final
O sexto jogo da final da NBA foi de suster a respiração. Tim Duncan, qual veterano, registou 30pts e 17reb, que acabaram por ser insuficientes perante a resiliência dos Miami Heat (principalmente no período que forçou o overtime). LeBron, autor de um triple-double, terminou com 32pts (apesar de uma fantástica exibição no quarto período e de um triplo decisivo, ia comprometendo as contas dos Heat) e sem a sua headband. No entanto, a jogada decisiva veio das mãos de Ray Allen (na fase regular já tinha vestido a capa de super-herói) a cinco segundos do fim.

O jogo decisivo terá lugar esta noite. Que factores devem ser levados em consideração? Apesar de não ter estado particularmente atento a todos os jogos desta final, julgo conseguir ter uma noção (nada de profissional, subentenda-se) daquilo que as equipas devem explorar ou melhorar no próximo jogo. Os jogos da fase regular e a filosofia apresentada ao longo dos últimos meses - os plantéis e os treinadores não sofreram grandes alterações no seu núcleo duro - ajudam-me nessa avaliação.

San Antonio Spurs:
- Elementos como Neal, Green, Ginobli e Bonner, quando forem chamados, devem ser capazes de fazer a diferença para lá da linha dos três pontos (à semelhança do que aconteceu no Texas)
- Diaw deve continuar a ter um rendimento semelhante ao dos últimos jogos (LeBron apenas conseguiu aparecer no quarto período)
- Splitter tem de aumentar o rendimento (sobretudo a nível defensivo)
- Experiência e maturidade dos Spurs devem vir ao de cima (é uma equipa psicologicamente mais forte que os Heat)
 
Miami Heat:
- Agressividade (LeBron, Wade, Chalmers, Cole são jogadores que penetram bem, atacam o cesto de forma eficaz e desequilibram a organização defensiva dos Spurs)
- Chalmers, Wade e Bosh têm de ficar com a "mão quente" o mais rapidamente possível (diferença de %FG nos jogos ganhos e perdidos desta final para cada um dos jogadores, respectivamente: 56% , 57% , 53%  vs 20% , 46% , 46%)
- Aproveitar as ausências de Parker e Duncan (quando estes estiverem no banco)
- Factor casa (o apoio do público de Miami e o facto de jogarem em casa, onde estiveram fortíssimos durante a fase regular, devem jogar a favor dos Heat)

Steven Vitória: o primeiro reforço português do Benfica para 2013/14

Steven Vitória: o primeiro reforço português do Benfica para 2013/14

Steven Vitória, defesa luso-canadiano que representou o Estoril nas últimas épocas, foi apresentado como novo reforço do Benfica. São muitas as questões que se colocam quanto a esta transferência: esta contratação indicia uma eventual saída de Garay? Steven Vitória tem lugar no plantel principal do Benfica (se sim, até que ponto)? Ainda faz sentido pensar em Lisandro López, central do Arsenal de Sarandí?
 
 
Vamos por partes. Há muito que se especula que Garay não vai alinhar de águia ao peito na próxima temporada. Um central com a qualidade do argentino faz falta a qualquer equipa de topo que queira disputar provas como a Champions ou a Liga Europa. E o Benfica precisa de atentar no centro da defesa: Luisão não caminha para novo; Jardel, que esta época rendeu Luisão durante alguns jogos, exibiu-se a bom nível mas não fará esquecer o central argentino; Roderick não é (e dificilmente será) um central com a categoria dos habituais titulares; jogadores que alinham na equipa B (incluindo a mais recente aquisição - Mitrovic) precisariam de tempo e rodagem para serem primeiras opções. Steven Vitória é um jogador que conhece bem o futebol português e que deu garantias quanto à sua qualidade. Trata-se de uma boa aposta, sem custos, em alguém que é "uma autêntica parede" a defender e forte a atacar (melhor marcador do Estoril este ano, com vários golos de bola parada). Contudo, ainda falta perceber se, vestindo de encarnado, poderá ser uma alternativa viável à habitual dupla de centrais.
 
Caso Garay não abandone o plantel benfiquista, existem cinco jogadores para duas posições. Lisandro López tem revelado que o Benfica é um possível destino, mas seria a sua melhor opção? Mesmo que Garay saia, o jovem central era uma boa aposta para substituir o seu congénere? Lisandro López parece ser um jogador mais polivalente, mas julgo que o Benfica apenas deveria avançar para a sua contratação mediante duas condições: a garantia de que seria o substituto ideal de Garay (implicando a venda deste) e a confiança na sua polivalência (pode ser adaptado a lateral esquerdo, mas também poderá ser rotinado a posições mais avançadas no terreno).
 

Mercado de transferências: Portugal em destaque

Mercado de transferências: Portugal em destaque
O encerramento do mercado de transferências ainda está longínquo (início do mês de Setembro), mas as habituais movimentações já se fazem sentir. Curiosamente, Portugal é um dos países que mais se está a destacar até ao momento neste capítulo (os clubes portugueses, principalmente os grandes, já perceberam a eficácia de um bom ataque ao mercado antes do início de algumas competições importantes - Taça das Confederações, Europeu sub21, Mundial sub20 - e da pré-época).
 
O campeonato português tem sido um dos mais activos nos últimos anos (duas das maiores transferências do Verão passado envolvem clubes nacionais - ver aqui). Qual o seu impacto a nível desportivo (pelo menos até ao momento)? Atentemos à estatística actual:
- Os clubes da principal liga portuguesa (Benfica e FC Porto vão sobressaindo nestas estatísticas) ocupam o 5º lugar a nível de montante gasto em transferências - 37,5M* (1º lugar: França, considerando o Mónaco como equipa pertencente ao principal escalão - 138,5M)
- Ocupam também a 3º posição quanto a montante recebido - 88M (1º lugar: Alemanha - 122M)
- Portugal lidera a balança montante gasto/recebido - 50,5M**
- O FC Porto é o clube que mais dinheiro recebeu - 70M
- Benfica e FC Porto estão entre os 10 clubes que mais gastaram dinheiro em reforços esta época (o clube lisboeta situa-se em 8º lugar (18,35M) e o portuense no lugar imediatamente acima (18,8M*), numa lista liderada pelo Mónaco (130M)
 
 
NOTA: Os dados apresentados possuem como fonte original o site do transfermarkt e os valores apresentados são em euros (€€)
*Herrera é dado como certo no FC Porto e a transferência avaliada em 10M
**Não existem dados suficientes relativamente às transferências que envolvem clubes brasileiros
 

TOP10 das transferências em 2012/13: dinheiro gasto implicou retorno desportivo?

Fonte: transfermarkt
O mercado de transferências desta época já está a conhecer movimentações sonantes (os clubes não querem ficar para trás e perder a corrida a um determinado jogador, por isso contratam mais cedo). A "novela Neymar" chegou ao fim, a dupla James/Moutinho envolveu valores exorbitantes, o Benfica - determinado em reforçar a aposta em jogadores sérvios - já apresentou várias caras novas (entre outros exemplos).

Num ligeiro balanço daquilo que foi o mercado de transferências em 2012/13, tive a ideia de analisar as 10 transferências que envolveram maior investimento financeiro e identificar as que mais justificaram a verba paga. Numa primeira linha de análise, temos que dois clubes portugueses - Benfica e Porto - figuram no lote dos que mais receberam por uma única transferência (a de Hulk foi inclusive a que envolveu os valores mais elevados) e que, em contrapartida, os clubes russos e ingleses foram os que mais dinheiro esbanjaram. Curiosamente, dos jogadores envolvidos nestas dez transferências, metade é de nacionalidade brasileira e a outra metade europeia. Em termos de posição ocupada no terreno, existe um predomínio de médios, algo que contraria a tendência recente (os avançados costumam dominar esta lista).

Nem sempre o montante gasto reflecte a qualidade ou o potencial do jogador. E o retorno desportivo muitas vezes não é aquele que se estava à espera. Nesse sentido, levando em consideração o peso e importância que cada um teve no seu respectivo clube e as conquistas que lograram, apenas três ou quatro jogadores tiveram um rendimento que não ficou aquém do esperado.

Thiago Silva - Foi um dos elementos mais influentes da equipa do PSG e um dos defesas mais regulares da época. Alia capacidade de desarme a um excelente jogo aéreo e foi um dos motores da formação parisiense na conquista da Ligue 1 e na excelente campanha na Champions.

Eden Hazard - Destacou-se no Chelsea como a grande contratação do Verão (Óscar apenas deu sinal por algumas vezes, de uma forma muito mais irregular). Dotado de uma capacidade técnica incrível, foi preponderante na classificação final da sua equipa na Premier League (9 golos e 14 assistências, bem como exibições muito interessantes).

Javi Martinez - Acrescenta qualidade ao meio-campo defensivo de qualquer equipa. Não foi um titular indiscutível (face a excelência de opções no plantel do Bayern não é de admirar) mas foi certamente imprescindível na conquista dos títulos do conjunto alemão. Para a retina ficam os jogos da eliminatória face ao Barcelona (anulou por completo a forma de jogar dos catalães).

Robin van Persie - Talvez a melhor contratação da época em termos de dinheiro gasto / retorno desportivo. Chegou e venceu. Melhor marcador da Premier League (26 golos), campeão na sua primeira temporada enquanto red devil e um dos mais regulares da equipa e da liga.

Rui Patrício: mudança iminente

Rui Patrício: mudança iminente
Rui Patrício tem-se perfilado como um dos melhores jogadores do Sporting nos últimos anos (foi claramente o melhor elemento leonino desta época) e a sua transferência para um dos grandes clubes europeus sempre foi muito discutida nos meses mais recentes. Após esforços da SAD leonina em o manter, parece estar na hora de deixar sair Rui Patrício (a conjuntura financeira assim o exige e o próprio jogador já manifestou a vontade de abraçar um novo desafio).

 
 
Depois de tudo o que fez e dada a presente situação do clube, Rui Patrício deve sair do Sporting (será o melhor para ambas as partes). Afirmou-se como titularíssimo no Sporting (e na selecção) e tem calibre para ser o dono da baliza de um grande clube europeu. O emblema leonino tem resistido ao assédio feito ao longo dos últimos anos, porém, chegou a hora da mudança. A experiência de uma liga nova e mais competitiva apenas poderá jogar a seu favor (seria sum salto importante na sua carreira enquanto atleta) e o dinheiro da transferência serviria para o Sporting pôr salários em dia e contratar jogadores para voltar a poder lutar pelo título. O guarda-redes está avaliado em 20M e uma transferência com valores semelhantes seria vista com bons olhos e suficiente (pelo meio haverá dispensas, redução de salários e empréstimos a chegar ao fim) para reforçar o plantel com jogadores de qualidade.
 
Será a melhor solução deixar sair Rui Patrício numa altura em que o clube se está a regenerar e não existem soluções que dêem garantias imediatas? Quando uma equipa está na iminência de perder um jogador importante deve assegurar que o seu substituto já está encontrado e ter confiança nas suas capacidades. Marcelo Boeck, que vai cumprir a sua terceira temporada de leão ao peito (teve tempo para se adaptar e ser observado pelos dirigentes e staff técnica), será, teoricamente, o seu substituto. Entre perder um dos pilares da equipa e permanecer numa situação de crise, parece-me evidente que a segunda hipótese é mais alarmante. Parte da regeneração também passa por uma ideia de estabilidade: económica e humana (os salários estarão em ordem e o dinheiro disponível para transferências permitirá corrigir lacunas no esquema táctico). Rui Patrício, Sporting (nas condições referidas) e clube envolvido beneficiarão da transferência e todos poder-se-ão desenvolver com este negócio.
 

Cardozo: 13M são a melhor solução?

Cardozo: 13M são a melhor solução?
Óscar Cardozo nunca foi o jogador mais consensual e popular entre os adeptos encarnados. Contratado em 2007 à formação do Newell's Old Boy, sempre foi a referência de JJ no ataque à baliza adversária e melhor marcador da formação encarnada em todas as épocas em que o actual treinador o orientou (liderou a tabela de melhor marcador da Liga em 2009/10 e 2011/12). No entanto, apesar da sua experiência e da sua veia goleadora, Cardozo sempre foi visto como um atleta "pouco móvel" na frente de ataque benfiquista e os recentes incidentes na final da Taça de Portugal parecem ter marcado o seu fim no plantel.
 
Faz sentido equacionar a venda do paraguaio? Nunca um jogador estrangeiro conseguiu marcar tantos golos ao serviço do Benfica. A forma como JJ o potenciou e as parelhas constituídas no ataque (teve elementos como Saviola, Aimar, Rodrigo e Lima a servir de apoio na frente de ataque - não contando com os extremos) permitiram-lhe deixar a sua marca no futebol português. Mas o futebol do Benfica mudou desde a época que valeu o título. Passados quatro anos, os adeptos "exigem" um ponta-de-lança que seja capaz de ter maior mobilidade, mantendo a capacidade de remate e jogo aéreo. Dificilmente o Benfica irá encontrar um jogador com as características de Cardozo (além do seu pé esquerdo mortífero, era um jogador com uma frieza e veia goleadora impressionantes e inteligente no plano táctico), mas os seus 30 anos exigem a procura de uma solução nova (não fosse o incidente, talvez aguentasse mais uma ou duas temporadas a bom nível), factor que teria de ser levado em consideração nos próximos meses. A venda do paraguaio apenas fará sentido se o seu substituto for alguém que dê garantias imediatas e que não fuja muito àquilo que Cardozo conseguia oferecer ao Benfica.
 
A imprensa portuguesa dá a entender que Fenerbahçe, Atlético de Madrid e Juventus estão de olho no paraguaio e que um eventual negócio se irá fazer por valores na ordem dos 13M. É um valor justo? Cardozo justifica um maior investimento financeiro? Ou, por outro lado, 13M por um ponta-de-lança com 30 anos trata-se de um investimento avultado? Já não são antigas as abordagens pelo paraguaio. E esta época a sua prestação na Liga (sobretudo até Dezembro) e na Liga Europa (foi o principal responsável pela presença do Benfica na final) aguçaram o apetite dos tubarões europeus. Muitas pessoas parecem conformar-se com a venda de Cardozo por valores semelhantes aos que se especulam (admito que uma transferência por valores iguais ou superiores a 15M me parece ser um bom negócio). Mas se atentarmos bem, o seu valor de mercado é 17,5M (o maior do plantel encarnado, a par de Garay e Gaitán). O caso muda de figura? Os 17,5M são um reflexo da qualidade do Tacuara ou o valor está muito inflacionado devido à boa época que a equipa fez? Independentemente do valor em papel, 13M (ou 15M) continuam a ser um bom negócio?
 

Sulejmani: pé esquerdo de excelência técnica

Em Fevereiro tinha sido anunciada a contratação, agora foi oficializada. Miralem Sulejmani é um médio sérvio de 24 anos que alia capacidade técnica (o pé esquerdo é de longe a arma mais forte), a velocidade e polivalência (aspecto que JJ tanto gosta). Formado no Partizan, fez grande parte da sua carreira na Holanda - Heerenveen e Ajax -, destacando-se neste último clube onde foi campeão por três vezes consecutivas.
 
 
De facto, o pé esquerdo de Miralem Sulejmani é a sua grande arma. Desde que JJ se tornou no timoneiro das águias, só houve dois médios - três, se não levarmos em consideração a adaptação de Fábio Coentrão a lateral - que chamaram a atenção das por terem um pé esquerdo invejável: di María e Gaitán. Relativamente a "Angelito", o sérvio perde em termos de cruzamentos e capacidade de cavalgar terreno colado à linha lateral, mas é uma mais-valia a nível físico (não tanto em altura ou velocidade, mas quanto ao modo como pressiona os adversários e se antecipa nos lances que disputa) e de movimentação. Quanto a Gaitán, as diferenças talvez sejam mais reduzidas: excelente visão de jogo, pé esquerdo fantástico a nível de drible e passe, inteligência táctica e uma certa tendência para a exploração de espaços interiores. Enquanto que o argentino é um jogador rotinado ao espaço central (tem características de um n.º10), Sulejamni está mais habituado a jogar pelos flancos e a partir daí fazer estragos. Não obstante, os três jogadores mencionados são verdadeiros tecnicistas (acima da média) e desequilibradores natos.
 
 
 
 
Em que medida Sulejmani pode ser uma boa contratação para o Benfica? Além de oferecer maior poder ofensivo à frente de ataque encarnada, o sérvio tem a capacidade de acrescentar maior pressão nas alas (Ramires, na altura em que foi adaptado a médio ala, era exímio nesse aspecto). Além disso, a formação encarnada está habituada a um futebol ofensivo e muito movimentado, o que favorece as características de Sulejmani (jogadores mais móveis e com boa capacidade de desmarcação, como Lima ou Rodrigo, irão beneficiar da forma de jogar do sérvio). A qualidade do médio é também um factor de peso para que o desgaste colectivo seja minimizado e para garantir a capacidade da equipa lisboeta chegar longe nas diferentes competições em que está inserida (exceptuando a última temporada, a formação de JJ tem sido acusada de desgaste físico na recta final da época).
 
Tendo em conta a relação qualidade/preço e a capacidade de Sulejmani acrescentar algo de novo à equipa, diria que o sérvio proveniente do Ajax foi uma excelente aquisição. A chegada de Sulejmani põe em causa a continuidade de Gaitán (muitas vezes associado aos grandes clubes europeus)? O futuro de Nolito (esteve emprestado ao Granada) deixará de passar pelo clube encarnado?