NBA 2014/15: Prémios Individuais

É já daqui a uns minutos que tem início mais uma temporada do melhor basket do Mundo. Os San Antonio Spurs vão tentar repetir a façanha da época anterior mas a tarefa não será nada fácil. Num Oeste sempre muito renhido, a turma de Gregg Popovich sabe ainda que os rivais da outra Conferência estão bastante distintos relativamente àquilo que eram há um ano atrás. O regresso de LeBron James a Cleveland, o retorno (em definitivo?) de Derrick Rose aos grandes palcos, o peso de cima dos ombros de Kobe Bryant face à ausência forçada de Steve Nash, o hype em torno de «uma das melhores fornadas do draft dos últimos anos» - tudo isto perspectiva mais uma temporada em grande da NBA.

 
MVP da fase regular: Durant. Todas estas previsões são sempre um tiro no escuro e esta está longe de ser uma excepção. Com LeBron de volta a Cleveland, um Rose a 100%, um Stephen Curry a continuar-se a assumir nos Warriors, ou um Carmelo Anthony obrigado a carregar os New York Knicks aos ombros - já para não falar de outras estrelas, como Blake Griffin, Chris Paul (novamente o líder de assistências?), Kames Harden ou Kobe Bryant -, será interessante de se ver quem será o grande destaque na fase regular. Pela forma como os OKC estão órfãos de uma máquina de pontos, uma super-estrela capaz de carregar a equipa e catapultá-la para um bom registo no Oeste, Durant emerge como n.º1 contender pessoal ao prémio de MVP... e de jogador com mais pontos.
 
Rookie do ano: Jabari Parker. Desde cedo houve muito hype em torno de Parker e de Andrew Wiggins, 1.ª escolha do draft. Face às realidades de Milwaukee Bucks e Minnesota Timberwolves, a opção recai sobre o primeiro. Ainda assim, estes não são os únicos nomes a ter em conta. Julius Randle (LA Lakers), Marcus Smart (Boston Celtics), Elfrid Payton (Orlando Magic) e o previamente lesionado Nerlens Noel (Philadelphia 76ers) prometem dar que falar.
 
Treinador do ano: Gregg Popovich. David Blatt e Tom Thibodeau vão preparar as respectivas equipas para os playoffs, entrosando os diferentes jogadores, a probabilidade de haver uma equipa capaz de surpreender como os Phoenix Suns fizeram há um ano não parece ser tão elevada e partindo do princípio que os San Antonio Spurs se vão manter fiéis ao que têm feito nos últimos anos (a base da equipa é a mesma) e revalidar o estatuto de cabeça-de-série no Oeste, Popovich é o grande candidato à renovação do título.  

6th Man: Taj Gibson. Já começa a ser habitual ver o nome do PF/C dos Chicago Bulls entre os grandes candidatos a esta distinção e este pode ser o seu ano. Tem melhorado os diferentes aspectos do seu jogo e deverá assumir um papel mais preponderante a curto/médio prazo. O "eterno candidato" Jamal Crawford (LA Clippers), o até agora nunca oficialmente suplente Andre Iguodala (GS Warriors) e o irrequieto Isaiah Thomas (Phoenix Suns) também poderão fazer a diferença a partir do banco.
 
Most Improved Player (MIP): Andre Drummond. A categoria mais difícil de todas. Parece absurdo escolher um jogador que segundo as previsões nem aos playoffs deve chegar mas a sua margem de progressão é fantástica. Se este ano já conseguir demonstrar que é um monstro nas tabelas e se a isso acrescentar alguns números interessantes (alguns double-doubles, talvez) poderá consolidar ainda mais o seu nome na NBA.

Defensive Player (DPOY): DeAndre Jordan. É muito mais que os seus afundanços e já o mostrou na época passada. Este pode ser o seu ano de afirmação, e com Doc Rivers e Blake Griffin do seu lado tem todas as condições para se destacar neste capítulo. Anthony Davis (New Orleans Pelicans) será, à partida, o cabeça de cartaz nesta distinção.

NBA 2014/15: Conferência Este

É já na próxima madrugada que tem início mais uma temporada do melhor basket do Mundo. Os San Antonio Spurs vão tentar repetir a façanha da época anterior mas a tarefa não será nada fácil. Num Oeste sempre muito renhido, a turma de Gregg Popovich sabe ainda que os rivais da outra Conferência estão bastante distintos relativamente àquilo que eram há um ano atrás. O regresso de LeBron James a Cleveland, o retorno (em definitivo?) de Derrick Rose aos grandes palcos, o peso de cima dos ombros de Kobe Bryant face à ausência forçada de Steve Nash, o hype em torno de «uma das melhores fornadas do draft dos últimos anos» - tudo isto perspectiva mais uma temporada em grande da NBA.


Cleveland Cavaliers

É "O Regresso do Rei". LeBron James optou por deixar Miami após o insucesso nas Finais deste ano e, na condição de free agent, regressou ao clube que o viu crescer. Para além de LeBron, Kevin Love resolveu deixar Minnesota mais cedo do que muitos faziam prever com o objectivo de finalmente estar presente nos playoffs e, acima de tudo, ajudar os Cavaliers a conquistar um anel. Aliás, a política da franchise dá a entender que esse é um objectivo a curto prazo, uma vez que as duas últimas n.º1 picks (Anthony Bennett e Andrew Wiggins) foram "sacrificadas" para fazer chegar o all-star. Destaque ainda para as aquisições de Shawn Marion e Mike Miller, dois veteranos que podem ter bastante impacto. O que esperar destes Cavaliers? Não chegar à Final da Conferência será um fracasso (são incontornavelmente os favoritos no Este), mas a mentalidade tem de estar na conquista do grande troféu. Ter Irving, Love e LeBron, juntamente com Varejao e Waiters no cinco inicial, faz desta equipa uma das mais temíveis entre as 30 da NBA. Veremos se os Cavaliers conseguem "apresentar a química" logo no primeiro ano (os jogos da fase regular permitirão criar rotinas entre os diversos jogadores), se David Blatt é a pessoa indicada para liderar um conjunto com tantas estrelas e se o banco consegue acompanhar o ritmo dos titulares (especialmente nos jogos a doer).


Chicago Bulls

Agora é a sério... Depois de alguns anos em banho-maria dada a condição física de Derrick Rose, parece - esperemos pelos jogos oficiais para o comprovar - que os Bulls estão finalmente aptos para lutar por um anel. Não chegou o free agent Carmelo Anthony, mas chegou Pau Gasol, algo que poderá beneficiar o estilo de jogo implementado por Tom Thibodeau. Se o treinador é conhecido pela sua estratégia defensiva, o mesmo não se poderá dizer das novas caras em Chicago. O trintão Gasol é um upgrade (sobretudo defensivo) face a Boozer e permitirá a Rose ter mais espaço para semear o perigo, Mirotic é conhecido pela sua capacidade de tiro e movimentação, o rookie Doug McDermott chega com a fama de shooter. Felizmente para os adeptos de Chicago, Butler e Gibson mantêm-se na cidade e vão-se afirmando na equipa (o SG é um dos melhores da NBA no capítulo defensivo, o PF voltará a lutar pelo prémio de "6th Man Of The Year"). O que esperar destes Bulls? Muito mais consistência face à temporada anterior, um Rose a regressar gradualmente aos seus tempos de MVP, uma equipa limitada fisicamente (sim, isto mantém-se), melhores soluções a partir do banco e uma presença bem mais sólida entre os melhores da Conferência. A pré-época demonstrou que os Bulls ainda têm um longo caminho a percorrer mas as peças que constituem o plantel devem chegar para ombrear os melhores no Este.


Brooklyn Nets

Duas grandes novidades em Brooklyn. Paul Pierce saiu, chegou Jarrett Jack; Lionel Hollins sucedeu a Jason Kidd enquanto treinador. E vendo bem as coisas, os Nets até saíram a ganhar. Jack será um bom auxílio num backcourt liderado por Deron Williams e terá no frontcourt a excelência da experiência e do poder físico. Face à ausência de Paul George nos Pacers e às incógnitas em torno de outras franchises com qualidade mas ainda sem provas dadas, os Brookyln Nets partem como a 3.ª força maior na Conferência Este e uma das equipas a evitar nos playoffs. O que esperar destes Nets? O frontcourt é muito forte, mas o backcourt possui algumas lacunas. Serão uma das equipas a querer impor desde logo o "factor-casa" e a lutar pelo maior número possível de vitórias durante a fase regular para poderem beneficiar disso mesmo. Ainda assim, Cavaliers e Bulls partem como grandes favoritos.


Dark horse da Conferência: Washington Wizards

Foram uma das maiores surpresas da Conferência Este no ano passado e têm agora todas as condições para se imporem este ano. Enquanto muitos destacam os Toronto Raptors, há que olhar atentamente para os Wizards. Grande novidade: Paul Pierce. Chega para o lugar de Trevor Ariza (vai fazer falta, até porque era muito importante na manobra defensiva da equipa) e junta-se a um plantel que tem em John Wall e Bradley Beal um dos backcourts mais explosivos da Conferência e em Randy Wittman um dos técnicos mais desvalorizados da NBA. O que esperar destes Wizards? À semelhança dos Nets vão ser uma das equipas a evitar nos playoffs. Se Nene se mantiver à margem das lesões (também válido para Wall e Beal), se Gortat se continuar a exibir a bom nível e se Pierce pegar de estaca em Washington, poderão dar nas vistas bem mais cedo do que o esperado.



Previsão da classificação na Conferência Este:
  1. Chicago Bulls
  2. Cleveland Cavaliers
  3. Brooklyn Nets
  4. Toronto Raptors
  5. Washington Wizards
  6. Indiana Pacers
  7. Miami Heat
  8. New York Knicks

NBA 2014/15: Conferência Oeste

É já na próxima madrugada que tem início mais uma temporada do melhor basket do Mundo. Os San Antonio Spurs vão tentar repetir a façanha da época anterior mas a tarefa não será nada fácil. Num Oeste sempre muito renhido, a turma de Gregg Popovich sabe ainda que os rivais da outra Conferência estão bastante distintos relativamente àquilo que eram há um ano atrás. O regresso de LeBron James a Cleveland, o retorno (em definitivo?) de Derrick Rose aos grandes palcos, o peso de cima dos ombros de Kobe Bryant face à ausência forçada de Steve Nash, o hype em torno de «uma das melhores fornadas do draft dos últimos anos» - tudo isto perspectiva mais uma temporada em grande da NBA.


San Antonio Spurs

«Em equipa que ganha, não se deve mexer.» Deve ser este o lema adoptado pelos actuais campeões da NBA. Mas a tarefa será ainda mais difícil este ano. Se dúvidas havia relativamente à condição física de Duncan, Parker e companhia, os últimos dois anos foram a "prova provada" de que a vontade e o querer ultrapassam qualquer barreira física. E quem tem Gregg Popovich como treinador só pode sair a ganhar. O que esperar destes Spurs? Mais uma presença garantida entre os melhores, com Popovich a gerir a sua equipa para os momentos decisivos e um basquetebol inteligente e dinâmico por parte de uma equipa que tentará inscrever o seu nome na história da franchise (nunca venceram as Finais por duas vezes consecutivas). Outra pergunta que ficará a pairar no ar: último ano de Tim Duncan?


Oklahoma City Thunder

Os anos vão passando e o objectivo vai permanecendo o mesmo. Nenhuma alteração de maior e pouco que se possa acrescentar. Kevin Durant, cuja ausência no início da época não deverá ser importante (interessa que esteja fisicamente apto na fase decisiva), e Russell Westbrook deverão apresentar números de MVP novamente e serão os principais responsáveis por carregar a equipa até aos playoffs. A partir daí é que começa o desafio a sério, numa Conferência já bastante renhida por natureza e onde reinam os actuais campeões da NBA, carrascos dos OKC no ano passado. O que esperar destes OKC? Mais do mesmo, como já foi dito. A grande incógnita prende-se com a capacidade desta equipa em chegar à final da Conferência. Já o conseguiram há três anos e daí para a frente foram traídos pelo infortúnio de Westbrook e pela excelência dos Spurs. Será desta que Durant consegue o tão ambicionado troféu?


LA Clippers

Antes de analisar os LA Clippers, devo admitir que hesitei bastante entre a formação de Doc Rivers e os Golden State Warriors para a denominação de "3.ª força maior no Oeste". Dito isto, espera-se novo espectáculo para o lado da "Cidade dos Anjos". Se por um lado o cinco inicial manterá a sua base, por outro convém destacar a chegada de Spencer Hawes, que assim adiciona maior profundidade e capacidade de tiro a um frontcourt que estava órfão de uma alternativa para a posição de PF até agora. Resolvidos os problemas internos, que afectaram a equipa nos playoffs, é altura de elevar "lob city" a um novo patamar. O que esperar destes Clippers? Blake Griffin e DeAndre Jordan prometem retomar os afundanços que lhes são característicos, Chris Paul será candidato principal a líder de assistências, mas acima de tudo espera-se uma equipa mais madura e capaz de ter uma mentalidade mais ganhadora, sobretudo a partir das meias-finais dos playoffs (Doc Rivers vai exigir mais e melhor nesta segunda época à frente da equipa).


Dark horse da Conferência: Dallas Mavericks

Mark Cuban mostrou que não brinca em serviço e apostou forte no defeso. As chegadas de Chandler Parsons e Tyson Chandler elevam os Dallas Mavericks a um estatuto que já não se via desde o título de 2011 (e nessa altura nem eram os favoritos) e aumentam a pressão sobre os demais rivais da Conferência. Em sentido contrário, menos pressão sobre os ombros de Dirk Nowitzki. Muita expectativa sobre a franchise que deixou sair Vince Carter, mas que foi, em contrapartida, a grande campeã das contratações no Oeste (aos dois nomes supracitados falta acrescentar o de Raymond Felton). A maior interrogação prende-se com o banco. O que esperar destes Mavs? Antes de mais, Rick Carlisle não tem desculpas para apresentar maus resultados. Por isso, este vai ser um teste à sua capacidade de liderança. Depois cabe a cada um confirmar o porquê de se elevar estes Mavericks a mais do que uma simples equipa de playoffs - Nowitzki terá de se voltar a exibir a um nível próximo de MVP, Chandler terá de demonstrar que continua um monstro nas tabelas, Parsons deverá confirmar o seu estatuto em Dallas e o próprio Monta Ellis tem tudo para se destacar no backcourt.



Previsão da classificação na Conferência Oeste:
  1. San Antonio Spurs
  2. Oklahoma City Thunder
  3. LA Clippers
  4. Golden State Warriors
  5. Dallas Mavericks
  6. Portland Trail Blazers
  7. Denver Nuggets
  8. Houston Rockets

A um passo do céu e a dois do abismo

Depois de um fim-de-semana marcado pelos jogos da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, entre os quais um clássico entre FC Porto e Sporting no Estádio do Dragão que ditou o afastamento da equipa da casa, as atenções viravam-se agora para a Liga dos Campeões. Sporting e Benfica estavam obrigados a não perder pontos - aos encarnados interessava ainda mais somar os três pontos depois das duas derrotas nas jornadas anteriores - e o FC Porto procurava segurar o 1.º lugar e dar um passo importante rumo à fase seguinte.

Lopetegui mostrou mais uma vez que a rotatividade do plantel chega ao fim nos momentos mais importantes - já havia sido assim no início da época e não ganhar após o recente desaire na Taça de Portugal só aumentaria a pressão sobre o técnico e a própria equipa - e o resultado, apesar de todas as peripécias, favoreceu os azuis e brancos. Num jogo em que o golo sofrido voltou a nascer de um erro na fase de construção (à semelhança do que tem acontecido em quase todos os jogos da presente temporada), Lopetegui soube mexer bem a partir do banco, Quaresma assumiu o papel de herói para gáudio dos adeptos, que exigem mais minutos para o internacional português, e o FC Porto pode carimbar a presença nos oitavos-de-final já daqui a uns dias, em solo basco. Boas notícias para Portugal, num ano em que a representação nacional tem estado aquém das expectativas.

Menos sorte teve o Sporting, que foi traído pela infantilidade de Maurício (novamente em foco pela negativa), numa altura em que os leões estavam por cima na partida, e pelos graves erros da equipa de arbitragem. Apesar da vitória moral - recuperar de uma desvantagem de dois golos, a jogar fora de casa, com um elemento a menos, é notável -, associada a uma grande atitude dos jogadores e a uma sensação de crescimento gradual da equipa de Marco Silva, fica uma sensação de injustiça e culpa própria face àquela que é a realidade do grupo do Sporting na Liga dos Campeões. Se o sonho nas provas europeias tomou contornos mais ténues, também é justo dizer que as recentes exibições leoninas, incluindo a vitória no Estádio do Dragão, não têm sido obra do acaso e deixam boas indicações para o muito que ainda falta disputar esta época. Apenas um aparte, que já poderia ter sido escrito há mais tempo: ter João Mário no meio-campo aumenta consideravelmente o nível da equipa.

O Benfica, obrigado a somar pontos tal a distância que o separava das restantes equipas do grupo, foi a última equipa lusa a entrar em acção. Ainda assim, mais do mesmo. Entrada nervosa em campo (alguma falta de ritmo?), em que os encarnados voltaram a dar 45 minutos de avanço aos seus opositores (felizmente mais perdulários que Zenit e Bayer Leverkusen) e tentaram resgatar mais do que um mero ponto na segunda metade. O Benfica foi atraiçoado por alguma falta de eficácia e por Lisandro, expulso após uma entrada imprudente sobre Moutinho numa altura em que os campeões nacionais estavam a controlar o jogo, e teve de sofrer até ao fim para somar o seu primeiro ponto na prova milionária. Percurso curto para aquela que é a capacidade da equipa e que coloca os pupilos de Jorge Jesus, que hoje apresentou em campo a melhor equipa disponível, numa posição delicada para continuar nas provas europeias - já nem se fala apenas na Liga dos Campeões! Hora de redefinir prioridades?

Para a frente é o caminho!

Para a frente é o caminho!
As coisas correram bem a Portugal nos últimos dias. Depois de uma excelente campanha dos Sub21, culminada com um jogo atípico quanto ao número de golos (5-4), foi a vez de a Selecção AA entrar em campo na Copenhaga, naquela que foi a estreia de Fernando Santos no banco luso em jogos oficiais. Nem a chuva fria evitou que a Selecção arrancasse um triunfo suado diante da Dinamarca, com Ronaldo a resolver de cabeça para lá dos 90 minutos. Mais do que três pontos conquistados, Portugal ganhou uma nova equipa, com jogadores regressados e uma esperança renovada, e um novo ânimo para abraçar um desafio perfeitamente ao seu alcance - a qualificação directa para o Euro'2016.

Não se pode tirar mérito a Fernando Santos. Se por um lado o seu tridente mais móvel não surtiu efeito durante a maior parte do jogo, por outro soube mexer bem a partir do banco. Ou fora dele, se alargarmos o prisma temporal ao passado... Ricardo Carvalho voltou a ser titular volvidos três anos e foi, indubitavelmente, um dos melhores em campo. A sua capacidade de liderança, concentração e antecipação fazem falta a qualquer selecção e mascaram bem os seus 35 anos e justificam o seu estatuto de «um dos melhores centrais portugueses dos últimos tempos». Igualmente bem esteve Tiago, que creseceu imenso com Simeone e já o havia demonstrado frente à França. A forma como ocupou o meio-campo, tanto a pressionar como a oferecer linhas de passe, sobretudo na primeira parte, só pode ser um indicador positivo para a Selecção Nacional. Danny e Quaresma foram outros jogadores experientes que voltaram a envergar a camisola da Selecção. Se o primeiro se destacou pela forma como tentou semear o perigo no último terço do terreno, ainda que de forma algo inconsequente, o segundo voltou a mostrar que é capaz de "sacar um coelho da cartola" de um momento para o outro. A assistência para Ronaldo é metade do golo. Foi a vantagem de Portugal.

Era urgente reagir aos mais recentes desaires. Se no jogo com a França foram postas a nu as debilidades defensivas da Selecção (Cédric até deu uma resposta mais positiva que Eliseu no jogo com a Dinamarca), é igualmente verdade que na segunda parte desse mesmo encontro foi evidente uma atitude totalmente diferente - para melhor - que só poderia ter deixado Fernando Santos orgulhoso no final da partida. Apesar de não ter feito um jogo exemplar, Portugal foi incontornavelmente o vencedor justo do encontro de terça-feira. A sorte esteve do seu lado. Agora há que dar seguimento a este resultado.

Reservo um último parágrafo para os Sub21. Um percurso de 10 vitórias em outros tantos jogos é fantástico para qualquer equipa. Melhor sabe quando se tem consciência do potencial e da qualidade do grupo orientado por Rui Jorge, que está de parabéns por ter apurado os nossos jovens jogadores para o Euro'2015. E as perspectivas só podem ser as melhores. Ainda para mais sabendo que a Espanha, bi-campeã em título, e a sempre perigosa França não vão estar na fase final da competição. Uma presença entre os quatro melhores dá, desde logo, direito a uma participação nos Jogos Olímpicos, em 2016, mas o título europeu não deve ser considerado uma miragem para estes jovens lusos. Há que sonhar alto mantendo os pés bem assentes no chão.

Um início pautado pela irregularidade

Concluídas as primeiras sete jornadas do campeonato nacional, o que equivale dizer que 20% dos jogos já foram disputados, e aproveitando a pausa para os compromissos das Selecções, é altura de fazer um balanço daquela que está a ser a temporada da Académica.

O clube de Paulo Sérgio ocupa a 11.ª posição, com 7 pontos, 6 golos marcados e 7 sofridos. Em casa, a Briosa é o único clube a registar quatro empates, embora a sua obrigação, verdade seja dita, fosse a de conquistar mais pontos nesses jogos. Depois de uma boa exibição diante do Sporting (1-1), auxiliada pelo comportamento dos leões e culminada com um golo ao cair do pano, houve várias dificuldades no capítulo da finalização frente a Vit. Setúbal (1-1) e Moreirense (0-0). Já no embate com o Estoril (2-2) o problema residiu na forma como o treinador abordou o jogo na segunda parte face à expulsão de Iago no início da segunda parte. Fora do Estádio EFAPEL Cidade de Coimbra a equipa também está longe de convencer: depois de uma derrota diante do Marítimo (1-2) e de um inexplicável desaire frente ao Boavista (0-1), a Académica, numa vitória "tirada a ferros" em Arouca (1-0), somou pela primeira vez os três pontos num jogo oficial em 2014/15.

NOTA: Nem todos os dados apresentados são oficiais
Se há palavra que melhor descreve a presente temporada da Académica é "irregularidade". O futebol praticado está longe de ser convincente - até agora ainda não houve um jogo em que a Académica se tenha exibido a um nível aceitável durante cerca de 90 minutos - e os pontos perdidos, sobretudo em casa, poderão vir a adquirir maior relevância num futuro próximo. Nos jogos frente a Vit. Setúbal, Boavista, Estoril e Moreirense, em que a equipa tinha obrigação de fazer muito melhor, foram conquistados 3 pontos em 12 possíveis. À excepção da equipa da Amoreira, que apenas parece estar a atravessar uma fase menos boa - daí ter sido enumerada -, os restantes são, pelos recursos à sua disposição, candidatos a vigorar na parte inferior da tabela. As pessoas podem-se queixar de alguma falta de sorte (não deixa de ser verdade, sobretudo diante do Vit. Setúbal) mas a estatística mostra que a Académica tem vindo a cair de rendimento nas últimas jornadas, se bem que o jogo com o Moreirense, em que a equipa ficou em branco pela primeira vez em casa, tenha constituído uma ligeira excepção.

Mas nem tudo pode ser visto pelo lado negativo. Fernando Alexandre, que foi um dos destaques da temporada transacta, está de volta às opções à disposição de Paulo Sérgio e poderá ser crucial nas muitas jornadas que ainda faltam disputar. Durante a sua ausência foi Obiora a assumir o estatuto de médio mais defensivo e o nigeriano parece ter pegado de estaca no onze inicial. Joga simples, sabe-se posicionar bem para interceptar os ataques contrários e mostra ser um jogador inteligente na forma como lê o jogo. É a surpresa mais agradável até ao momento e o jogador em melhor forma na Académica. Falando em caras novas, também Ricardo Nascimento, Rui Pedro e Schumacher têm mostrado que são jogadores a ter em conta neste plantel. O defesa, único do seu sector a alinhar nas sete partidas, tem sido o mais regular e assumiu desde logo um papel preponderante devido à lesão de João Real, logo à 2.ª jornada; o médio, cuja qualidade não era de todo desconhecida, apresenta uma técnica muito apurada e é o melhor marcador da equipa (2 golos), porém, ainda não "explodiu"; o possante avançado junta técnica e inteligência à sua envergadura física e inclusivamente já conquistou a titularidade - e é o líder de assistências (2) da equipa.

Uma questão de eficácia

O Benfica de Jorge Jesus sempre habituou os adeptos encarnados a um ataque avassalador. Prova disso são os 82 jogos consecutivos que a equipa já leva a marcar no seu estádio sob o comando do seu actual treinador. Mais uma vez houve goleada no Estádio da Luz, mas desengane-se quem pense que o triunfo foi folgado. O Benfica fez um total de 23 remates, um novo máximo do clube esta época, dos quais saíram quatro golos em menos de 15 minutos. Não é à toa que se diz que o primeiro é sempre o que mais custa... Igual número de golos apontou o Sporting na sua deslocação a Penafiel. Num duelo em que os sportinguistas visaram a baliza de Haghighi por 15 vezes (só remataram menos vezes contra o FC Porto), o primeiro dos dois golos de Slimani no jogo foi fundamental para o desbloqueio da partida. Montero (terminou com a sua seca de golos) e Nani (cada vez mais a assumir um papel preponderante na equipa) fecharam as contas do jogo e permitiram ao Sporting somar 9 golos nos últimos três desafios a contar para o campeonato e tornar-se no melhor ataque fora de casa. No Estádio do Dragão, o FC Porto teve de saber sofrer para levar o Sp. Braga de vencida. Curiosamente, este foi o 2.º jogo da corrente edição da Liga em que os azuis e brancos mais vezes (6) remataram à baliza. Mais, apenas frente ao Moreirense (7), num jogo que terminou com uma vitória caseira por 3-0. Mas passemos para um plano mais geral, onde tudo fica mais interessante.

NOTA: Os dados apresentados não são oficiais

Ao fim de sete jornadas temos o Benfica como a equipa que mais acertadamente visa o alvo (é inclusive o melhor ataque da Liga), um Sporting como a equipa mais rematadora do campeonato e um FC Porto distante dos rivais lisboetas em termos ofensivos. De realçar ainda que os dois clubes lisboetas repartem as duas posições cimeiras em cada um dos dois aspectos.

Convém não esquecer que os dragões têm a defesa menos batida da prova, mas não deixa de ser curioso reparar no escasso número de remates à baliza (33) que o FC Porto tem ao cabo de sete jornadas (9.º neste capítulo entre as 18 equipas da Liga). A precisão dos remates dos azuis e brancos à baliza (31%) também é manifestamente inferior quando comparada com a de Benfica (48%) e Sporting (38%), o que, tudo somado, surpreende bastante tendo em conta a qualidade inegável dos seus avançados.

Não tão estranho é ver o Sporting como a equipa mais rematadora do campeonato, tal a dinâmica ofensiva que Marco Silva consegue impor nas suas equipas (já no Estoril conseguia fazer com que a equipa circulasse muito bem a bola e pressionasse em zonas adiantadas do terreno). Se por um lado é importante ressalvar que o Sporting já defrontou os dois grandes nestas primeiras sete jornadas, por outro a estatística indica que o único jogo em que a equipa leonina fez pelo menos 20 remates foi diante do Belenenses (28, um recorde da época até ao momento), num jogo que terminou... 1-1.

A primeira vitória de Fernando Santos

A primeira vitória de Fernando Santos
A primeira incógnita em torno de Fernando Santos seria, desde logo, a sua primeira convocatória. Felizmente para Portugal, o novo Seleccionador Nacional mostrou que está atento ao que se vai passando nos diferentes campeonatos europeus (o lateral Ivo Pinto é a maior surpresa da convocatória). Como tal, não se coibiu de chamar jogadores como Tiago, Ricardo Carvalho, José Fonte ou Danny que, quer pela sua experiência, quer pelo seu momento de forma, poderão ser mais-valias no imediato, com vista à qualificação para a próxima fase do Euro'2016. Infelizmente para Portugal, essa revolução, tão aclamada pela larga maioria dos portugueses, chegou com um mês de atraso.

Convém, ainda assim, ressalvar que revolução não é sinónimo de renovação (este grupo de convocados até apresenta uma média de idades superior ao que foi chamado para o confronto com a Albânia) e, ao mesmo tempo, lembrar que os Sub-21 estão na iminência de disputir dois jogos decisivos e complicados para garantir o apuramento para a fase final do Euro'2015 nesse mesmo escalão. Assim, há que consolidar primeiro o grupo mais forte e só depois, de forma gradual, deixar que os mais novos tenham a oportunidade de integrar o escalão principal. Cada coisa a seu tempo. Fernando Santos conseguiu, para já, a sua primeira vitória enquanto sucessor de Paulo Bento - deixar de fora aqueles que pareciam ter lugar cativo nos eleitos (os "intocáveis") e promover a chamada dos jogadores em melhor forma.


Lista dos 24 convocados para os jogos com a França (amigável) e a Dinamarca:
Guarda-redes: Anthony Lopes (Lyon), Beto (Sevilha) e Rui Patrício (Sporting)
Defesas: Antunes (Málaga), Bruno Alves (Fenerbahçe), Cédric (Sporting), Eliseu (Benfica), Fábio Coentrão e Pepe (Real Madrid), Ivo Pinto (Dínamo Zagreb), José Fonte (Southampton) e Ricardo Carvalho (Mónaco)
Médios: Adrien, João Mário e William Carvalho (Sporting), André Gomes (Valência), João Moutinho (Mónaco) e Tiago (Atlético Madrid)
Avançados: Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Danny (Zenit), Éder (SC Braga), Nani (Sporting), Ricardo Quaresma (FC Porto) e Vieirinha (Wolfsburgo)

O adjunto que depressa se tem revelado

O adjunto que depressa se tem revelado
Já não seria caso único em Portugal. Depois de Vítor Pereira ter assumido as rédeas do FC Porto aquando da saída de André Villas-Boas, e de ter feito um excelente trabalho na Invicta, que as pessoas começaram a valorizar cada vez mais o trabalho dos treinadores-adjuntos nos clubes nacionais.

O início da época a nível nacional ficou marcado pelo despedimento de Paulo Bento do comando da Selecção Nacional e pelo bom arranque de alguns clubes portugueses, como o Vit. Guimarães ou o Rio Ave. No entanto, não deixa de ser estranho notar a desvalorização em torno do bom trabalho que Leonel Pontes - adjunto de Paulo Bento no Sporting e na Selecção e substituto de Pedro Martins, agora treinador dos vilacondenses - tem feito nestas primeiras semanas enquanto técnico do Marítimo (a sua primeira experiência enquanto treinador principal).

Além de ser, curiosamente, a única equipa que ainda não averbou qualquer empate na Liga ZON-Sagres, o Marítimo é, a par do Sp. Braga, uma das duas formações com um registo imaculado em casa (três vitórias em outros tantos jogos). Leonel Pontes soube dar a volta à renovação feita na frente de ataque (apenas André Ferreira e Kukula, que combinados somam 22 minutos na Liga esta época, se mantiveram desde o ano passado) e o resultado está à vista: os avançados somam quatro golos e quatro assistências em seis jornadas e o clube possui o 4.º melhor ataque da prova. Também o meio-campo e a defesa têm dado uma ajuda neste capítulo - Fransérgio (4 golos) é o melhor marcador da equipa a par de Maazou e o lateral Rúben Ferreira é apenas superado por Gaitán no que a assistências para golo (4) diz respeito. Neste momento os insulares estão em igualdade pontual com o FC Porto, apenas atrás do Benfica, líder isolado, e têm vindo a crescer de rendimento ao longo das jornadas. Segue-se um encontro complicado diante do Paços de Ferreira, na Mata Real, equipa que apenas perdeu com Benfica e FC Porto sob a orientação de Paulo Fonseca. Apenas vamos entrar na 7.ª jornada do campeonato e ainda muito pode acontecer até ao seu término. Mas para já fica a pergunta: teremos o Marítimo num lugar europeu ao fim das 34 jornadas?