Relatório de Olheiro: Benfica x FC Porto

Já começa a ser uma constante: Benfica e FC Porto voltam-se a defrontar nas derradeiras jornadas da Liga, desta vez com tudo ainda em aberto, naquele que se pode afirmar que é o "jogo do título". Jorge Jesus procurará bater os rivais azuis e brancos pela segunda vez na Liga esta época, algo que já não acontece desde que John Mortimore guiou as águias ao título em 1976/77, enquanto que Julen Lopetegui sabe que está obrigado a vencer para sonhar com um título neste seu ano de estreia ao leme portista.


O Benfica parte em vantagem para este jogo, não só pelos três pontos de avanço, como pela vitória no Estádio do Dragão (2-0) na primeira volta do campeonato. Será, por isso, interessante de se perceber a estratégia que Jorge Jesus irá adoptar na abordagem a esta partida: maior preocupação em evitar um deslize caseiro ou a aposta no onze habitual (salvo alguma impossibilidade forçada), mesmo que isso implique uma eventual debilidade no esquema táctico. Se na defesa Eliseu é o único elemento que poderá ficar de fora, no meio-campo as dúvidas acentuam-se - Salvio está em dúvida; Pizzi pode não ser opção no miolo (André Almeida, titular em todos os clássicos desta época, e Rúben Amorim dão maior consistência defensiva) e até pode substituir o argentino; um meio-campo com três médios não seria inédito (o momento de forma de Jonas torna esta hipótese mais remota). O onze inicial dos encarnados será, portanto, uma incógnita até ao momento em que os jogadores pisarem o relvado. De qualquer das maneiras, a equipa terá de se manter sólida, sobretudo o meio-campo, que irá ser pressionado constantemente e que também terá de estar atento às movimentações de Herrera e à técnica de Óliver, isto para além da pressão alta que o FC Porto deverá fazer, o que forçará, na perspectiva encarnada, os jogadores a manterem a sua compostura e a limitarem os erros individuais (a eficácia de passe das águias não é a melhor). Na frente, apesar do momento de forma de Jonas, julgo que será Gaitán a fazer desequilibrar a balança, pelas suas movimentações interiores e capacidade de criar oportunidades de golo.

O FC Porto está obrigado a vencer a partida. E mesmo isso pode não ser suficiente. À semelhança do que aconteceu no confronto com o Bayern, os dragões devem entrar a todo o gás, com o intuito de assumir desde cedo o controlo do jogo e condicionar a fase de construção de jogo benfiquista, imprimindo uma pressão intensa e alta - a zona central do meio-campo azul e branco leva vantagem sobre a encarnada - e explorando as debilidades técnicas dos centrais e de Samaris. Se um dos pontos-chave é ser agressivo, outro será manter a disciplina, ou seja, evitar sanções disciplinares desnecessárias - para além das emoções de um Clássico, não será de estranhar a tentativa do Benfica em explorar as transições rápidas com maior frequência (todo o sector recuado, especialmente Casemiro, por ser o pêndulo defensivo e o elemento mais faltoso, está "sob alerta amarelo"). Finalmente, com Tello fora de combate, terá de ser Quaresma, que tem apresentado bons minutos diante do Benfica, a entrar em cena e fazer a diferença. Brahimi e Jackson também têm que melhorar em relação ao último confronto entre as duas equipas mas é a experiência e a capacidade de desequilíbrio do extremo português que leva a melhor sobre a ala esquerda encarnada, independentemente do opositor que estiver à sua frente.
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