11 do Ano - Liga NOS 2014/15

Benfica domina a Equipa do Ano (7 jogadores)
Agora que a Liga NOS 2014/15 chegou ao fim e as suas emoções foram devidamente digeridas, é a altura de premiar quem mais se destacou. Analisando estatística individual, regularidade ao longo da época, importância para o colectivo e classificação final do mesmo, e mantendo-me fiel à posição em que actua cada futebolista na sua equipa, estas são as minhas escolhas para o 11 Ideal da Liga NOS 2014/15.


JÚLIO CÉSAR (Benfica): Fabiano tem mais clean sheets (17, contra os 14 de Júlio César), e foi mais vezes titular, mas esteve longe de oferecer a segurança necessária aos azuis e brancos - Hélton acabou por roubar-lhe o lugar no final da época. Além disso, o experiente guardião do Benfica, que deixou o seu nome entre os melhores do clube, foi aquele que menos golos sofreu no campeonato (8) e uma clara mais-valia para a segurança da baliza encarnada. A fechar o pódio: Marafona (Moreirense) e Fabiano (FC Porto).

MAXI PEREIRA (Benfica): Não é uma escolha fácil, uma vez que Danilo também merecia a distinção. Mas, para além da regularidade e da intensidade apresentadas, o uruguaio esteve envolvido em mais golos (5 golos e 6 assistências, contra 6 golos e 1 assistência do brasileiro) e a isso juntou o título de campeão nacional. A fechar o pódio: Danilo (FC Porto) e Nélson (Belenenses).

ALEX SANDRO (FC Porto): Não houve um claro destaque nesta posição. Beneficiando do facto de ter sido o habitual titular da defesa menos batida do campeonato e de ter apresentado os números mais consistentes (esteve entre os melhores da Liga em termos de desarmes, interceptações e disputas de bola ganhas), Alex Sandro é o escolhido. A fechar o pódio: Tiago Pinto (Rio Ave) e Eliseu (Benfica).

LUISÃO e JARDEL (Benfica): O capitão do Benfica voltou a ser um autêntico esteio e continua a mostrar que a idade não é um problema, já o 33 foi fundamental para o 34º. Não se deixou afectar com a especulação em torno da saída de Garay e afirmou-se como um dos defesas de referência do nosso campeonato (impressionante a sua evolução), estando agora muito mais sereno na abordagem aos lances e na forma como joga com os pés. A fechar o pódio: Josué (Vit. Guimarães) e André Pinto (Sp. Braga).

DANILO PEREIRA (Marítimo): Danilo (Sp. Braga) foi a revelação da 1ª volta mas caiu de produção na recta final do campeonato, Casemiro e Samaris foram subindo de rendimento, mas o jogador do Marítimo foi o mais disciplinado e consistente entre todos os candidatos a esta posição e justificou o hype que começou a surgir à sua volta. A fechar o pódio: Danilo (Sp. Braga) e Casemiro (FC Porto).

ÓLIVER (FC Porto): O médio criativo mostrou porque é considerado uma das maiores esperanças do futebol espanhol através da sua visão de jogo, toque de bola e inteligência. Com 7 golos e 5 assistências e pormenores técnicos que cativaram o público do Dragão, Óliver ocupa a posição central do meio-campo deste onze ideal (também poderia ter sido considerado para o posto de "médio ofensivo / segundo avançado"). A fechar o pódio: André Simões (Moreirense) e André André (Vit. Guimarães).

11 Ideal ignorando os jogadores dos "3 grandes"

SALVIO (Benfica): A forma como terminou o campeonato, aliada aos números sólidos que apresentou e à importância que teve no bicampeonato, foi decisiva para reservar o lugar no onze. Carrillo (5 golos e 10 assistências) foi um dos jogadores em maior evidência este ano (cresceu muito com Marco Silva) mas perdeu o duelo com "El Toto". A fechar o pódio: Carrillo (Sporting) e Hernâni (Vit. Guimarães / FC Porto).

NICO GAITÁN (Benfica): Os três destaques para esta posição, e note-se que Brahimi (FC Porto) nem sequer consta nesta lista, estão todos entre os 10/12 melhores jogadores do campeonato este ano. Marco Matias, melhor marcador português (17 golos), carregou a equipa do Nacional nesta 2ª metade da Liga (o clube falhou, no entanto, o acesso à Europa), Nani foi um dos melhores na 1ª volta mas quebrou um pouco depois de se ter lesionado (terminou a Liga com 6 golos e 6 assistências), Gaitán, mesmo sem ter apresentado o nível da 1ª volta, continuou a fazer a diferença (sem o argentino o Benfica tem muito menos criatividade e soluções) e foi o rei das assistências (13). Importante para o título, acaba por ser a escolha. A fechar o pódio: Nani (Sporting) e Marco Matias (Nacional).

JONAS (Benfica): Chegou e cumpriu. Era impossível pedir melhor a Jonas na sua época de estreia em Portugal. Após ter rescindido contrato com o Valencia, apontou 20 golos no campeonato (2º melhor marcador) em 27 jogos e conquistou o público da Luz com a sua técnica, inteligência dentro de campo, capacidade de jogar entre-linhas e de finalização. Em 2015, ninguém o superou. A fechar o pódio: Talisca (Benfica) e Bernard (Vit. Guimarães).

JACKSON MARTÍNEZ (FC Porto): Nenhum jogador do campeonato português esteve envolvido em tantos golos quanto Lima (26), mas o "Cha Cha Cha" não deu hipóteses à concorrência. Melhor marcador (21 golos), melhor jogador dos dragões e um dos melhores do campeonato. A fechar o pódio: Lima (Benfica) e Slimani (Sporting).

Chicago Bulls 2014/15: O ano de Jimmy Butler

Findada a época da NBA e já com o Draft à porta, é altura de fazer uma retrospectiva da temporada dos Chicago Bulls. Sérios candidatos ao título na Conferência Este, a temporada voltou a ficar marcada por lesões dos habituais titulares (o cinco inicial falhou um total combinado de 88 jogos), algo que dificultou a obtenção de uma melhor classificação (3º) durante a fase regular. Desde a afirmação de Jimmy Butler ao despedimento de Tom Thibodeau, eis os 8 pontos principais que marcaram a época dos Bulls.


O ano de Jimmy Butler: Carregou os Bulls nos primeiros meses (excelente a forma como conseguiu atacar o cesto com maior frequência), quando Rose ainda não estava em condições, e chegou merecidamente ao All-Star Game. Faltava-lhe melhorar ofensivamente (defensivamente já era um dos melhores) e o trabalho-extra feito durante o Verão, exactamente com esse intuito, compensou. O título de MIP premiou o esforço daquele que outrora foi a 30ª escolha do Draft.

Pau Gasol, uma escolha acertada: Muito se falou em Carmelo Anthony para a vaga de SF mas foi o gigante espanhol a chegar enquanto free agent. Melhor teria sido impossível. 18,5 pontos/jogo, líder da equipa em ressaltos e blocos (fase regular), a sua experiência e o seu mid-range facilitaram a sua adaptação e levaram-no ao All-Star Game.

O patinho feio: Muito se criticou Mike Dunleavy no início da época por já ser um veterano que pouco mais acrescentava além do seu tiro exterior, mas o SF até foi um dos mais regulares. Melhorou defensivamente e foi uma fonte de pontos importante para um conjunto que no ano anterior foi um dos piores nesse aspecto.

O rookie Mirotic: O seu nome era um dos três mais falados para rookie do ano, e chegou mesmo a integrar, merecidamente, a equipa ideal de estreantes, mas não deslumbrou. Foi decisivo em algumas ocasiões, nota-se que tem talento, mas o jogo mais físico e exigente da NBA mostrou que nem mesmo a sua experiência no Real Madrid era suficiente para singrar de imediato. Precisa de melhorar ainda a sua eficácia.


Oh-Noah!: Não foi uma temporada fácil. 15 jogos falhados devido a lesão, a chegada de Gasol alterou as suas rotinas defensivas e os números, consequentemente, desceram a pique. Esperava-se que apresentasse um nível similar ao do ano passado (foi o DPOY) - nos playoffs mostrou maior intensidade - mas não foi o caso.
Acabou-se para Thibodeau: A relação com os membros superiores não era, aparentemente, a melhor mas é uma decisão que, de certa forma, faz sentido. Tom Thibodeau ficou conhecido por potenciar alguns jogadores e por dar primazia ao aspecto defensivo, o problema é que os Bulls estiveram bem longe de exibir essa consistência defensiva este ano (as lesões não podem ser desculpa para isso) e, tendo em conta a força do elenco à sua disposição, o técnico teve recursos para chegar mais longe nos playoffs. A partir de agora, é a vez de Fred Hoiberg.

Aquele "Game 4": Falando em playoffs, é impossível ficar indiferente ao desfecho da temporada. Especialmente o 4º jogo do embate com os Cavs. Depois do buzzer-beater de Rose no jogo anterior, a forma como LeBron James decidiu a partida, isto depois de aos árbitros ter escapado a ilegalidade cometida por David Blatt - pediu timeout quando já não tinha -, foi fatal para a moral da equipa. Injusto, sem dúvida. Todavia, exigia-se mais a quem jogava contra uma equipa condicionada.

A habitual irregularidade: Continuou a ser frequente assistir aos Bulls a adormecerem em determinados momentos do jogo, a movimentarem-se pouco sem bola no processo ofensivo e a facilitar perante adversários consideravelmente mais fracos. O factor-casa continua a não ser uma tendência, e isso nos playoffs não costuma perdoar, e mesmo o banco, um dos melhores da NBA, esteve, à excepção de Aaron Brooks (falhou nos playoffs) e Snell (poucos minutos), aquém do que se esperava.

O ano de Curry e dos Warriors de Steve Kerr

Venceu quem mais mereceu. Individualmente e colectivamente. Os Golden State Warriors abafaram a concorrência este ano e garantiram o título que já lhes escapava há 40 anos. Os "Splash Brothers" tiveram um ano de sonho (Curry voltou a quebrar o recorde de triplos numa época e foi eleito o MVP da fase regular; Klay Thompson ficará na memória pelos 37 pontos marcados num período), Draymond Green e Barnes deram um salto significativo, Iguodala foi preponderante no final (o seu sacrifício valeu-lhe o prémio de MVP das Finais, inédito por não ter sido titular num único jogo da fase regular), Steve Kerr (treinador com mais vitórias no ano de estreia) pôs a sua equipa a dar espectáculo e demonstrou a sua sagacidade nos playoffs.


LeBron não resolve sozinho; O fim de uma era nos Spurs?

NBA 2014/15: Playoffs
Ganharam os Warriors, mas esteve longe de ser um passeio. Os Cleveland Cavaliers, mesmo sem Kevin Love, conseguiram chegar às Finais da NBA mas a lesão de Irving condicionou a estratégia da equipa (Dellavedova foi um substituto à altura enquanto aguentou). LeBron James carregou a equipa às costas (incrível a evolução de rendimento da equipa desde que regressou de lesão) mas ainda não foi desta que ganhou o anel pela turma do estado de Ohio. Ainda na Conferência Este, os Atlanta Hawks chegaram com mérito à Final (excelente percurso na fase regular) mas a experiência do adversário, aliada a alguns infortúnios na fase decisiva, culminaram com duas derrotas caseiras que arrumaram com a questão na Conferência.

Do lado contrário, começam a acentuar-se as incógnitas em torno dos veteranos. Os San Antonio Spurs, depois de uma época de sonho, quedaram-se pela ronda inaugural (na fase regular já tinham dado indicações menos positivas) e a idade dos seus principais jogadores levanta cada vez mais dúvidas quanto ao futuro da franchise. De resto, James Harden (individualmente foi o melhor do ano) e os Houston Rockets não conseguiram dar luta aos campeões, enquanto os New Orleans Pelicans garantiram a última vaga na fase regular, deixando os OKC (mesmo com as lesões de Durant e Westbrook foram a grande decepção da temporada) de fora, mas acusaram a falta de experiência.

Os mestres das transferências nos últimos 10 anos

Já se sabe de antemão que os clubes portugueses, sobretudo Benfica e FC Porto, são exímios a garantir lucros consideráveis por jogadores adquiridos a baixo custo que são potenciados e introduzidos nas suas equipas. Não admira, portanto, que estes clubes estejam entre aqueles que mais dinheiro recebem pela venda dos seus activos. Nos últimos dez anos, nenhum clube a nível mundial possui um balanço receita/despesa tão positivo como Benfica e FC Porto. Os campeões nacionais compraram mais sem gastar tanto, mas os vice-campeões foram os que mais receberam vendendo menos. Os dados do Transfermarkt, que englobam os valores totais das transferências, ajudam a provar este cenário.


FC Porto: Uma Liga dos Campeões que mudou tudo

Balanço do FC Porto (valores em milhões de euros)
Até ao início do novo milénio, os clubes portugueses não eram, naturalmente, aqueles que mais dinheiro esbanjavam. Se a contratação de futebolistas estrangeiros era bastante mais limitada, o mesmo não se podia aplicar aos colossos europeus da altura. Ainda assim, como é certo e sabido, as verbas gastas não eram, nem de perto nem de longe, tão elevadas como as de hoje em dia. Porém, a Liga dos Campeões ganha pelo FC Porto de José Mourinho em 2003/04, época que nem sequer entra nestas contas, veio mudar o panorama do mercado de transferências a nível nacional.

E o FC Porto saiu claramente beneficiado. Os azuis e brancos são de longe o clube que mais lucrou com transferências à escala mundial. A temporada 2006/07 foi a única, nos últimos dez anos, em que os dragões não encaixaram um mínimo de 30M - por cinco ocasiões distintas receberam 70M -, sendo que essa fasquia, mesmo sem o mercado ter aberto de forma oficial, já foi atingida na preparação da temporada que se avizinha. Igualmente como excepção, a melhor temporada do FC Porto na última década (2010/11) foi aquela em que o volume das despesas superou o das receitas, ainda que por uma margem reduzida (inferior a 1,5M).

As cinco maiores vendas do FC Porto neste período foram as de James Rodríguez (45M), Falcao (40M), Hulk (40M), Mangala (40M), Danilo (31,5M) e Anderson (31,5M), todos eles já vendidos entretanto, enquanto que a compra de Hulk (19M) foi a mais cara, com Danilo (13M) e Adrián (11M) a fecharem o pódio.


Benfica: O mestre da táctica que rendeu ouro aos cofres encarnados

Balanço do Benfica (valores em milhões de euros)
Escusado será dizer que Jorge Jesus veio mudar a natureza do Benfica no capítulo das transferências. Se de 2005 a 2010 o Benfica teve mais prejuízo que lucro na maior parte dos casos (as vendas de Simão e Manuel Fernandes em 2007/08 foram a grande lufada de ar fresco), o contrário verificou-se após a primeira época de Jorge Jesus de águia ao peito.

O ex-técnico do Benfica foi o responsável por ter encaixado mais de 100M numa só temporada, um recorde absoluto entre clubes portugueses, e ganhou fama por conseguir tirar o melhor dos jogadores que potenciava, muitos deles jovens e/ou relativamente desconhecidos, e realizar futuramente encaixes significativos com os mesmos. Duas notas de curiosidade: os dois maiores encaixes financeiros do Benfica registaram-se nas temporadas que sucederam o título nacional - 2015/16 ainda está a meses de começar e as águias já levam um bom balanço - e o "Benfica da era Jorge Jesus" lucrou bem mais do que o rival no mesmo período (diferença aproximada de 50M).

Witsel (40M), Di María (33M), Fábio Coentrão (30M) e Rodrigo (30M) encabeçam as principais vendas do Benfica, ao passo que Óscar Cardozo (11,7M), Salvio (11M), Markovic (10M) e Samaris (10M) constituem as principais aquisições nos últimos dez anos.

Liga NOS 2014/15: Balanço final

Nova época, mesmo campeão. O Benfica revalidou o título de campeão nacional, o 34º da sua história, deixando para trás os rivais FC Porto, que terminou a época sem títulos pela primeira vez desde 1988/89, e Sporting, vencedor da Taça de Portugal mas aquém das expectativas no campeonato, em 2º e 3º lugar, respectivamente. No fosso que separa candidatos ao título de candidatos a uma vaga europeia, o Sp. Braga aproveitou a fraca segunda metade do campeonato do seu rival Vit. Guimarães para ficar em 4º, lugar que garante acesso directo à fase de grupos da Liga Europa, cabendo ao Belenenses a 6ª posição, depois de uma luta acesa com Paços de Ferreira, Nacional e Marítimo nas derradeiras jornadas. No lado oposto da tabela, Penafiel e Gil Vicente não escaparam à despromoção e serão substituídos por Tondela e União da Madeira em 2015/16.


"SINAL +" : A renovação do Benfica e a solidez de Belenenses e Vit. Guimarães

Os destaques positivos da Liga NOS 2014/15
Nem mesmo a saída de meia equipa travou o bicampeonato do Benfica. Apesar das muitas incógnitas e de algumas abordagens ao mercado menos conseguidas - as últimas aquisições das águias (Júlio César, Samaris e Jonas), por outro lado, acabaram por valer ouro -, a qualidade de jogo foi crescendo gradualmente e tornou indiscutível a justiça quanto ao campeão. Muito mérito para Jorge Jesus, que soube manter a sua equipa coesa e demonstrou um lado pragmático nunca antes visto no campeonato - o Benfica não perdeu nenhum dos quatro encontros com os maiores rivais (FC Porto e Sporting).

Após uma primeira volta histórica, o Vit. Guimarães acusou a saída de Hernâni e Adama Traoré, dois dos melhores jogadores da metade inicial da Liga, algo que não apaga a boa campanha que a juventude ao serviço de Rui Vitória fez em 2014/15. Veremos se jovens como Bernard, Bruno Gaspar, Tomané ou Cafú conseguem continuar a evoluir ao mais alto nível e contribuir para o sucesso da equipa nas diversas competições. À semelhança dos minhotos também o Belenenses vai disputar a Liga Europa (fase de qualificação) na próxima época. Recorrendo a um elenco maioritariamente português, o trabalho que Lito Vidigal e, mais tarde, Jorge Simão fizeram foi notável. Elementos experientes como Nélson, Carlos Martins e Rui Fonte, que veio substituir Deyverson, grande figura do conjunto do Restelo na primeira volta do campeonato, revelaram-se como apostas bastante acertadas.

Sinal bastante positivo para mais dois clubes, estes com ambições distintas dos já mencionados, que regressaram ao principal escalão do futebol nacional em 2014/15. Mesmo com um plantel limitado, Miguel Leal soube explorar a coesão defensiva do Moreirense (melhor defesa exceptuando os seis primeiros classificados) para deixar os cónegos numa posição confortável da tabela, a apenas um ponto da metade superior da mesma. Vindo directamente do CNS, o Boavista de Petit também merece um "sinal mais" devido à forma como soube dar a volta a um início turbulento e alcançou a manutenção com relativa facilidade. Com bastantes reforços e um dos plantéis mais inexperientes da Liga, o segredo dos axadrezados residiu no confronto directo com as equipas abaixo de si na tabela: nenhuma derrota contra os adversários directos.


"SINAL -" : A permeabilidade do Estoril e as descidas de Gil Vicente e Penafiel

Os destaques negativos da Liga NOS 2014/15
Exigia-se mais a FC Porto e a Sporting na luta pelo título. Os azuis e brancos estiveram sempre na corrida pelo título mas vacilaram nos momentos mais importantes (confrontos com o Benfica e jornadas em que o líder deslizou), enquanto que os leões, fruto de alguns erros infantis, acabaram por deitar a toalha ao chão mais cedo do que muitos previam. Aquém das expectativas, houve, contudo, quem fizesse pior.

A maior decepção da época foi mesmo o Estoril. José Couceiro não soube dar seguimento ao bom trabalho realizado ao leme do Vit. Setúbal no ano passado e foi despedido do comando de uma equipa que terminou a época entre as mais batidas do campeonato (56 golos sofridos) e num modesto 12º lugar, quando o objectivo inicial passava pela luta por um lugar europeu.

Finalmente, Penafiel e Gil Vicente foram os piores entre as 18 equipas da Liga. Os durienses tinham um dos plantéis mais débeis - o máximo de 22 derrotas e 69 golos sofridos ajudam a confirmar isso mesmo - e o facto de terem tido três treinadores ao longo da época também não terá ajudado o plantel. Já os gilistas foram traídos pelo seu péssimo arranque - a primeira vitória só chegou na 16ª jornada - e pela fragilidade do colectivo, algo que se reflecte bem nas estatísticas: 2º pior ataque e 2ª pior defesa da Liga, um dos dois piores conjuntos em termos de posse de bola e faltas cometidas e o pior da prova no capítulo disciplinar (121 cartões amarelos e 10 vermelhos). Nota ainda para a Académica, rainha dos empates (17), que se safou por uma unha negra da despromoção beneficiando do (ainda) mais fraco futebol praticado pelas duas equipas despromovidas.


OS NÚMEROS : Jackson Martínez e Nico Gaitán foram os reis do golo

Os reis da estatística da Liga NOS 2014/15
Atendendo à estatística oficial providenciada pela Liga, à qual se juntam os dados oficiais da Opta no caso dos três grandes, apresento ainda alguns dos números que mais marcaram a Liga NOS 2014/15. O número de golos situou-se nos 763 (média de 2,49g/j, superior à de 2,37g/j registada em 2013/14), com o melhor ataque a pertencer ao Benfica (86 golos) e a melhor defesa a ser a do FC Porto (13 golos), sendo que Vit. Setúbal (24 golos marcados) e Penafiel (69 golos sofridos) ocupam os pólos opostos. Os sadinos possuem ainda a particularidade de terem apontado 4 dos 17 auto-golos da prova, cujo golo mais rápido foi o de Adrien na recepção do Sporting ao Boavista (15 segundos). Por falar em golos, Jackson Martínez foi o melhor marcador pelo terceiro ano consecutivo (21 golos) e Nico Gaitán liderou nas assistências, com 13 passes certeiros. Marco Matias (17 golos) e Ukra (9 assistências) foram os líderes portugueses.

Marafona e Danielson (Moreirense) juntaram-se a Adriano Facchini (Gil Vicente) como os únicos totalistas da Liga este ano, cabendo aos bracarenses Salvador Agra e Rúben Micael os estatutos de jogador que mais vezes saltou do banco (24 vezes) e o que mais vezes foi substituído (22 vezes), respectivamente. O Gil Vicente, como já fora dito, foi a pior equipa do ponto de vista disciplinar, estando o FC Porto do outro lado da tabela (67 cartões amarelos e 3 vermelhos)... com um dos jogadores mais indisciplinados da competição - Casemiro (13 cartões da mesma cor). Phillippe Sampaio (Boavista) e Tony (Penafiel) foram os dois atletas que mais vezes viram o cartão vermelho (3).

Para terminar, algumas notas para os espectadores. De forma pouco surpreendente, o Benfica foi o clube que levou um maior número de pessoas ao estádio (média de 48.522 p/j) - Sporting (cerca de 35.000) e FC Porto (cerca de 32.500) completam o pódio -, tendo o clássico Benfica x FC Porto sido o jogo mais visto da época (63.534 espectadores). O Penafiel foi o clube que menos pessoas levou ao estádio mas coube ao Arouca x P. Ferreira o prémio de pior assistência da temporada (430 espectadores). Naquele que é o dado que melhor espelha a baixa afluência de pessoas nos estádios portugueses, apenas Benfica, Sporting, FC Porto, Vit. Guimarães e Sp. Braga conseguiram colocar, em média, mais de 10.000 pessoas no estádio, cabendo à Académica a 6ª posição do ranking (pouco mais de 5.000 pessoas).

11 do Ano - Portugueses no Estrangeiro

6 dos 11 portugueses jogam em Espanha (3) ou França (3)
Associada ao final de mais uma temporada, chega a altura de premiar os que mais se destacaram. Se por um lado é um facto que nenhum jogador português se sagrou campeão numa das principais ligas estrangeiras, injusto seria afirmar que não houve quem se destacasse fora do nosso país. Entre aqueles que se evidenciaram nas ligas mais mediáticas e os que se notabilizaram "na sombra", eis o 11 Ideal dos Portugueses no Estrangeiro.

ANTHONY LOPES (Lyon): Beto revalidou o título da Liga Europa no Sevilha mas a sua lesão impediu-o de dar o seu contributo na prova. De qualquer das formas, o jovem de 24 anos do vice-campeão francês tem evoluído de uma maneira impressionante entre os postes (passou de terceira opção a titular indiscutível nos últimos três anos) e foi inclusive um dos melhores da sua equipa na Ligue 1. Com uma das melhores percentagens de remates defendidos entre os guarda-redes da prova gaulesa (76%), foi o grande pilar da equipa com a 3ª melhor defesa do campeonato e que ameaçou a hegemonia do PSG. Destacado no blog pela série fantástica de jogos sem sofrer golos (esteve intransponível durante 635 minutos, aproximadamente 7 jogos), teve aliada a si a curiosidade de ter sido o primeiro guarda-redes na Ligue 1 a fazer uma assistência para golo desde Abril de 2012. O seu momento de forma motivou a estreia pela Selecção, num jogo amigável frente a Cabo Verde.

VIEIRINHA (Wolfsburgo): Muito mérito para Dieter Hecking pelo trajecto da equipa germânica nas diferentes provas em 2014/15 e por ter aproveitado o português, extremo/ala de origem, para uma posição mais recuada onde foi considerado o melhor entre todos os protagonistas da Bundesliga. Com 2 golos e 8 assistências distribuídos por Campeonato e Liga Europa, acrescentou a Taça Alemã ao seu currículo e avizinha-se como uma excelente solução a curto prazo para o lado direito da defesa da Selecção Nacional.

RAPHAËL GUERREIRO (Lorient): Alternando as suas exibições entre a posição de lateral e de ala esquerdo, deu finalmente o salto e promete agitar o mercado de transferências. Apesar de o Lorient não ter terminado numa posição propriamente confortável (16º lugar), o facto de o jovem de 21 anos ter participado em 10 golos da sua equipa (7 golos e 3 assistências) diz bem da sua preponderância esta época. Somando a isso a sua estreia bastante positiva pela Selecção AA, o futuro parece risonho para Raphaël Guerreiro.

JOSÉ FONTE (Southampton) e DANIEL CARRIÇO (Sevilha): O central trintão foi finalmente reconhecido pelo Seleccionador Nacional após mais uma temporada de bom nível, esta com a particularidade de ter conseguido o apuramento para as competições europeias em 2015/16. Cada vez mais uma referência no seu clube, liderou a Premier League num dado estatístico defensivo: interceptações (118). Quanto ao central do Sevilha, voltou a ser uma peça-chave na conquista da Liga Europa e na boa campanha dos comandados de Unai Emery na La Liga, merecendo cada vez mais atenção entre os portugueses. Fruto da sua conquista europeia, o ex-Sporting disputará a Liga dos Campeões em 2015/16.

ANDRÉ GOMES (Valencia) e JOSUÉ (Bursaspor): Após muita especulação face à forma como saiu do Benfica, André Gomes calou aqueles que duvidavam da sua valia, tendo em conta o investimento do Valencia, e foi uma das agradáveis confirmações entre os portugueses que alinharam no estrangeiro. Precisa ainda de maior consistência mas a forma como ajudou a sua equipa a terminar no 4º lugar não pode ser ignorada. Já Josué, emprestado pelo FC Porto ao Bursaspor, foi um dos grandes destaques da Super Lig somando 7 golos e 7 assistências e ficando a apenas três pontos de distância das competições europeias. De volta à Invicta, veremos se é desta que consegue agarrar o lugar.

FILIPE TEIXEIRA (Petrolul): É muito provavelmente o nome menos conhecido desta lista, mas os seus números merecem realce. Apesar de não ter participado nos jogos da equipa romena nos últimos dois meses, o ex-Académica, já com 34 anos e em final de contrato, apresentou números extraordinários nos 26 jogos que fez no Campeonato e na Liga Europa (qualificação): 10 golos e 7 assistências.

BERNARDO SILVA (Monaco): Actua preferencialmente pelo meio mas foi adaptado a uma das alas para encaixar no sistema táctico de Leonardo Jardim. Curiosamente, começou a desabrochar em Dezembro/Janeiro, altura em que os monegascos asseguraram a continuidade na Liga dos Campeões e accionaram a sua cláusula de opção de compra. A partir dessa altura passou a vigorar com maior regularidade entre os titulares e terminou a época com números sólidos naquela que foi a sua estreia fora de Portugal: 9 golos e 4 assistências (excepto Taças).

CRISTIANO RONALDO (Real Madrid): O único português que costuma ficar de fora da rubrica "Chuteira Quente", exactamente pela estatística estratosférica, nunca poderia ser ignorado desta selecção. Foi o melhor do mundo na primeira metade da época, o seu rendimento caiu abruptamente após ter arrecadado a Bola de Ouro, mas nos últimos meses parece ter voltado ao seu nível. Termina 2014/15 com dois títulos (Supertaça Europeia e Campeonato do Mundo de Clubes) e com mais um invejável registo de golos, facto que lhe valeu a Bota de Ouro - 61 golos e 22 assistências em 54 jogos.

FLÁVIO PAIXÃO (Slask Wroclaw): Depois de Marco Paixão, seu irmão gémeo, ter alcançado 27 golos em 2013/14, este foi o ano de Flávio Paixão. O Slask Wroclaw, ao contrário do que acontecera há um ano, voltou a figurar entre os melhores da Polónia (terminou em 4º) e muito se deveu ao impressionante arranque do avançado português. Dos 20 golos apontados em 2014/15 - apenas um foi para a Taça -, 14 surgiram até Dezembro, incluindo um poker diante do Lechia Gdansk, precisamente na sua melhor fase da temporada (apontou 12 golos em 8 jogos).


NOTAS FINAIS:
- Excelente ano para os treinadores portugueses, com José Mourinho (Chelsea), André Villas-Boas (Zenit), Paulo Sousa (Basileia), Vítor Pereira (Olympiacos) e Pedro Caixinha (Santos Laguna) a sagrarem-se campeões pelos respectivos clubes e Leonardo Jardim (Monaco) e Nuno Espírito Santo (Valencia) a merecerem igualmente crédito pelo que fizeram
- A rubrica "Chuteira Quente", se tudo correr bem, passará a ser mensal e continuará com os mesmos moldes

Copa América: O protagonismo de Messi ou a confirmação de Neymar?

Último vencedor: Uruguai (2011)
Com quatro selecções a destacarem-se entre as doze que vão estar presentes no Chile, a Copa América'2015 promete dar continuidade ao bom futebol praticado por alguns dos protagonistas do Mundial'2014. Pela qualidade individual e por ser a actual vice-campeã mundial, a Argentina é a grande favorita. Messi, que está a ter um 2015 memorável, pode aqui dissipar quaisquer dúvidas que ainda possam haver quanto à entrega da Bola de Ouro e juntar o título sul-americano, que tem escapado aos albicelestes desde 1993, ao seu currículo. Também Tata Martino estará sob o olhar atento dos adeptos, ele que substituiu Sabella no comando técnico da Argentina. O outro grande nome da América do Sul, o Brasil, vai certamente querer fazer esquecer o desfecho humilhante do Mundial'2014. Com um Neymar em grande forma e que se poderá definitivamente confirmar entre os três melhores do mundo, ao lado dos dois ET's, e possivelmente ganhar protagonismo na corrida ao principal galardão individual, os canarinhos chegam ao Chile em grande, fruto de um registo imaculado para Dunga desde que assumiu as rédeas da Selecção. Face à ausência de Luis Suárez, a principal referência da equipa, o Uruguai dá lugar à Colômbia e ao Chile numa segunda linha de favoritismo. Com um poder ofensivo assustador, os cafeteros terão certamente uma palavra a dizer, depois de terem saído do Brasil pela porta grande. Um cenário idêntico para os anfitriões. O Chile demonstrou no Mundial'2014 que poderia ser uma das Selecções a dar que falar e o grupo em que está inserido é acessível o suficiente para sonhar com uma presença entre os quatro melhores.