De cabeça quente

Não está a ser o início que os adeptos do Marítimo esperavam. A equipa do Funchal partiu para esta temporada com a ambição de voltar às competições europeias, mas ao cabo de oito jornadas soma apenas duas vitórias e um total de oito pontos (13º lugar). E um dos dados estatísticos que sobressai de imediato e tem deixado os adeptos de mãos na cabeça é, sem dúvida, o número de cartões vermelhos exibidos. Os jogadores do Marítimo já foram expulsos em seis ocasiões - Tiago Rodrigues (x2), Raúl Silva, João Diogo, Diallo e Dirceu -, sendo que todas elas surgiram nos últimos seis jogos (o encontro com o Vit. Setúbal, à 4ª jornada, foi o último a terminar com 11 insulares em campo). A nível geral, os verde-rubros lideram destacadamente a tabela da indisciplina da Liga NOS - têm o dobro dos cartões vermelhos (6) face às equipas que se seguem neste capítulo e são ainda a equipa com mais cartões amarelos (30). Juntamente com as restantes cinco equipas da Liga com pelo menos três vermelhos, representadas na imagem ao lado, temos aqui 68% das expulsões do campeonato!

Por falar em cabeça quente, e apesar de ter ficado em branco na derrota caseira com o Paços de Ferreira nesta última jornada, o Marítimo é a equipa da Liga com mais golos de cabeça (6), um registo entretanto igualado pelo Rio Ave no último fim-de-semana graças às finalizações certeiras de Zeegelaar e Guedes.

NBA 2015/16: Candidatos e previsões individuais

Está de volta o melhor basket do Mundo! A noite de hoje marca o início da 70ª temporada da NBA, mais uma que deverá proporcionar emoções até ao último jogo. Os Golden State Warriors ficaram a sorrir no final da última época mas sabem que a revalidação do título constitui, por norma, uma tarefa ainda mais árdua. Entre retornos de jogadores-chave, mudanças de treinadores e rotações nos plantéis, é possível identificar aqueles que deverão ser os destaques da temporada que se avizinha.


Conferência Este: A rivalidade constante

Cleveland Cavaliers: O ano passado ficou marcado pela estreia de um novo treinador e por lesões cruciais na recta final, ainda assim, os Cavs ficaram muito perto de garantir o anel. Este ano, contando com um elenco praticamente idêntico, as espectativas continuam as mesmas (tudo o que não seja a Final da Conferência Este será uma desilusão). Com um LeBron ao nível de MVP e uma equipa já familiarizada com as exigências dos jogos a doer, a formação de Ohio será o alvo a abater numa Conferência onde os candidatos não apresentam argumentos tão fortes, exceptuando uma ou outra franchise. Principal obstáculo: LBJ já demonstrou por diversas vezes que está lá nos momentos decisivos, resta Irving e Love mostrarem também isso mesmo. Se o fizerem, os Cavs tornam-se num caso sério.

Chicago Bulls: Fim de uma Era. Os Bulls vão abandonar a postura defensiva característica de Tom Thibodeau e implementar uma estratégia mais ofensiva. Com um dos melhores bancos da NBA (talvez o melhor), e esperando, mais uma vez, que Rose (nível MVP outra vez?) não passe mais tempo "encostado" do que em jogo, Fred Hoiberg terá mão-de-obra mais do que suficiente para descobrir qual a sua melhor combinação para lutar pela vaga na Final. Principal obstáculo: já nem vale a pena referir que as lesões são uma parte indissociável do sucesso dos Bulls, mas este ano será bastante curioso de se ver como irá funcionar a defesa, não tanto pela falta de jogadores com qualidade, mas pelo novo modelo táctico. «Ataques ganham jogos, defesas ganham campeonatos», como se costuma dizer.

A equipa a ter em conta são... os Orlando Magic: Depois de andar a lutar com os 76ers pelo pior registo no Este, este pode ser finalmente o ano que marca o regresso dos Magic aos playoffs. Não tendo um plantel tão experiente como os Raptors, Heat ou até os Hornets (têm tudo para fazer uma boa época), a juventude deste elenco poderá trazer resultados positivos a curto/médio-prazo.


Conferência Oeste: O campeão e a velha raposa

Golden State Warriors: Os campeões partem para a nova temporada com a confiança em alta e poucas mudanças (a saída de Lee, que nem era imprescindível para Steve Kerr, foi a mais significativa). Os Golden State sabem que têm um dos melhores backcourts da NBA e um plantel bastante equilibrado que deverá dar seguimento ao que se passou há um ano. Principal obstáculo: o modelo de jogo dos GSW já foi bem estudado e poderá voltar a não ser tão eficaz (por falar em eficácia, os "Splash Brothers" vão ser mais vigiados que nunca e isso reflectir-se-á no rendimento colectivo).

San Antonio Spurs: O futuro seleccionador dos EUA tem aqui uma grande oportunidade para provar que os anos pouco importam para o sucesso de uma equipa. Depois de ter sido eliminado em Los Angeles de forma dramática, Popovich viu chegar LaMarcus Aldridge e David West, dois elementos que são um claro upgrade no frontcourt dos texanos. Parker continua a mostrar que "ainda está lá para as curvas" e os Spurs vão certamente querer reentrar na grande luta pelo tão ambicionado anel. Principal obstáculo: O banco é muito inferior ao cinco inicial e terá de deixar uma boa réplica tanto nos jogos importantes, como no resto da época (os veteranos têm de estar frescos para os playoffs).

A equipa a ter em conta são... os LA Clippers: Muito se tem falado no regresso de Durant, algo que aumenta consideravelmente as hipóteses dos OKC, de mais um ano em grande de Harden e dos Rockets, mas o poderio colectivo dos LA Clippers tem passado um pouco ao lado. Após conseguir manter DeAndre Jordan e contratar o velho conhecido Paul Pierce, Doc Rivers tem aqui uma excelente oportunidade para alcançar a Final da Conferência Oeste. A fasquia está bem acima do habitual mas há qualidade mais que suficiente para a ultrapassar. Será desta?


Previsões individuais

MVP: Russell Westbrook. Se os OKC quiserem ter boas chances de figurar nos playoffs vão ter que andar à boleia do que a dupla Westbrook-Durant fizer na temporada regular, sinónimo, portanto, de números elevados. Tratando-se do regresso de Durant, que poderá evidenciar alguma ferrugem, e pelo que Westbrook jogou na segunda metade da última época, a escolha recai sobre o PG.
6thMOY: Dennis Schroder. Deixou boas indicações no ano passado e Mike Budenholzer sabe da sua importância a partir do banco. Será uma das referências dos Atlanta Hawks quando a segunda linha estiver em jogo.
ROY: Karl-Anthnoy Towns. Ser titular é crucial para a entrega deste prémio e o jovem dos Minnesota Timberwolves é capaz de pontuar e conseguir ressaltos de forma consistente. Terá a ajuda de Garnett, um bónus adicional, e, por outro lado, a concorrência de Emmanuel Mudiay, Jahlil Okafor e D'Angelo Russell.
DPOY: Anthony Davis. Prevê-se mais um ano com números fantásticos e muitas vezes isso ajuda na eleição deste prémio, para o qual ele já é um candidato sério devido à sua presença perto do cesto.
MIP: Elfrid Payton. Não mereceu muito reconhecimento no seu ano de rookie mas, a confirmar-se a previsão relativa aos Orlando Magic e se aumentar a sua agressividade e confiança, o PG pode arrecadar este prémio.

Eles só precisavam de uma oportunidade!

Quando Julen Lopetegui decidiu incluir Rúben Neves no grupo principal que fez a pré-época do FC Porto no ano passado - convém recordar que foi ano de Campeonato do Mundo -, nem por um segundo alguém pensou que o mesmo integraria o plantel principal dos dragões. Desde a sua estreia profissional, inesquecível pelo golo apontado, até ao presente, o jovem de 18 anos tem merecido cada vez mais a confiança do seu treinador e tem correspondido sempre que é chamado a intervir. Titular em jogos importantes do campeonato e da Liga dos Campeões, despertou a atenção de meia Europa no jogo diante do Chelsea, apenas mais um, pela forma simples com que trata a bola e inteligência táctica que o distingue dos restantes jogadores da sua idade. O mais recente feito: tornar-se no capitão mais jovem de sempre na prova milionária, algo que não só se tornou possível devido à lesão de Maicon, como também pela confiança do seu treinador. Apesar da concorrência na sua posição, o próprio Fernando Santos, Seleccionador Nacional, já admitiu que Rúben Neves faz parte da lista de jogadores que pode integrar a lista final dos convocados do Euro'2016.

Um ano depois do jovem do FC Porto, o futebol português é novamente brindado com um futebolista que não acusou a tenra idade quando teve oportunidades para demonstrar o seu valor e passou de 3ª para 1ª opção. Nélson Semedo, que tinha uma pressão acrescida face à saída de Maxi Pereira, foi o escolhido para os primeiros jogos oficiais da equipa e só abandonou recentemente o seu lugar face a uma lesão contraída durante o seu primeiro jogo ao serviço da Selecção Nacional. Depois de alguns anos a amadurecer na equipa B, o jovem de 21 anos tornou-se no mais recente lateral lançado por Rui Vitória na Liga Portuguesa (Baiano, Adama Traoré e Bruno Gaspar encabeçam a lista) e já despertou a cobiça de vários clubes europeus de renome.

Por outro lado, Gonçalo Guedes já tinha entrado no plantel principal com o rótulo de "miúdo maravilha" - Jorge Jesus até já o tinha chamado à acção em jogos da Taça da Liga na época anterior. Mas essas designações de nada valem se dentro de campo o jogador não corresponder. Após um período de indecisão quanto ao substituto do lesionado Salvio, o extremo de 18 anos parece ter finalmente agarrado o lugar e tem deixado excelentes indicações. A sua maturidade acima da média já lhe valeu um golo histórico em Madrid (jogador português mais jovem de sempre a marcar na Liga dos Campeões) e uma hipotética chamada à Selecção poderá não demorar tanto tempo.

Rúben Neves, Nélson Semedo e Gonçalo Guedes são apenas três exemplos entre muitos outros. A formação dos três grandes tem apresentado resultados positivos nos últimos anos, mas de nada servirá isso se depois não houver oportunidades para quem exibe um potencial para vingar no escalão máximo. Entretanto, mais duas vitórias para os Sub-21, aumentando assim para 23 a série de jogos oficiais sem conhecer o sabor da derrota. Rui Jorge continua a dar seguimento ao excelente trabalho que tem realizado e saber que uma Selecção jovem vai conseguindo dar cartas em vésperas de um ano olímpico é sempre agradável. E mais uma vez fica provado que quando existe confiança do lado técnico o talento vem ao de cima. E Portugal tem muito talento neste desporto.

Tempo de fixar novas metas

Tempo de fixar novas metas
Objectivo cumprido. Depois do desaire em Aveiro frente à Albânia (0-1), que motivou o despedimento de Paulo Bento e a chegada de Fernando Santos, Portugal conquistou sete vitórias em outros tantos jogos e assegurou o primeiro lugar do seu grupo, e consequente qualificação directa para o Euro'2016.

Olhando para trás, fica a sensação que o futebol praticado ainda está aquém do exigido. Nem mesmo os resultados nesta fase de grupos conseguem enganar: Portugal venceu todos os jogos sob o comando de Fernando Santos... mas sempre pela margem mínima. Um espelho, portanto, das dificuldades ofensivas que a Selecção foi demonstrando, atenuada, felizmente, pela eficácia e pelo pragmatismo característicos das equipas do actual técnico luso. Ainda assim, é injusto retirar mérito a Fernando Santos. A forma como uniu o balneário após o primeiro desaire e como foi dando oportunidades, ou incluindo em convocatórias, àqueles que mais mereciam resultou numa fase de qualificação em que, finalmente, não foi preciso voltar ao básico e andar de calculadora na mão.

É altura de pensar no futuro. No próximo objectivo. Até ao início da fase final do Euro'2016 muito acontecerá. Alguns jogadores poderão destacar-se até ao final da temporada e espera-se que não haja condicionamentos físicos. Mas dificilmente se verificará uma revolução no lote de 23 que rumarão a França face àquelas que têm sido as últimas convocatórias. A maior dúvida, neste momento, talvez se prenda com o meio-campo. Para segundo plano ficam os Jogos Olímpicos - Rui Jorge deve apostar no núcleo duro que foi recentemente vice-campeão europeu, o que faz com que Raphäel Guerreiro, William Carvalho, João Mário ou até Bernardo Silva possam ser equacionados para a comitiva que rumará ao Brasil. Mas mais importante que pensar em individualidades, nesta altura o foco deve incidir sobre uma boa preparação táctica que permita à Selecção bater-se com os melhores (os jogos com a França mostraram que ainda há um longo caminho a percorrer) e corrigir as nuances evidenciadas até ao momento. Temos tempo.

Liga NOS: Balanço do Mês (Agosto - Setembro)

Os primeiros dois meses de acção ficaram desde logo marcados pelo clássico entre FC Porto e Benfica, que permitiu aos azuis e brancos tomar uma posição de vantagem face aos campeões nacionais e assumir a liderança. Também o Sporting, que não deve voltar a contar com Carrillo tão cedo, segue, ainda assim, no topo da tabela. Com os três "grandes" ainda à procura da sua melhor forma e já com alguns pontos importantes desperdiçados com equipas de outro patamar, fica a ideia de que o campeonato poderá vir a conhecer alguns volte-faces durante os próximos meses. O Sp. Braga, a dois pontos do 1.º lugar, está a demonstrar que não será fácil sair da Pedreira com pontos conquistados e promete almejar a algo mais do que o esperado 4.º posto, enquanto que o Estoril, mesmos pontos que águias e guerreiros, apenas foi derrotado por Benfica e FC Porto, contra quem deixou boas indicações. As grandes decepções das primeiras seis jornadas da Liga são, certamente, a Académica e o Moreirense. Os estudantes, que promoveram a primeira "chicotada" da época - o Vit. Guimarães, que desiludiu igualmente, foi o outro clube a mudar de treinador entretanto -, continuam sem pontuar e apresentam um futebol pobre em soluções ofensivas, um problema comum aos cónegos, que apenas marcaram frente a Benfica e FC Porto e permanecem sem vitórias.

Individualmente, André Moreira, que aos 19 anos é o titular na baliza do U. Madeira, tem apenas quatro golos sofridos (um dos melhores registos da Liga) e manteve a baliza inviolável durante três jogos consecutivos; Gaitán continua a demonstrar porque é um dos craques do campeonato pela forma como desequilibra e cria ocasiões de golo (líder de assistências - 5); Suk tem estado imparável em todos os jogos em que participou até ao momento (soma 5 golos e 3 assistências); Jonas não pára de marcar e é, isoladamente, o melhor marcador do campeonato - 7 golos, aos quais acrescenta 2 assistências.