Liga NOS 2016/17: O inédito "tetra" ou o regresso aos títulos

O hábito de repartir o pódio

O Campeonato Europeu já lá vai. A pré-época até mereceu uma atenção diferente em função disso. Mas a partir de agora o país volta a olhar para o seu clube de eleição, a discutir quem anda a jogar melhor, quem anda a ser mais beneficiado ou prejudicado pelas arbitragens, quem se reforçou melhor e quem são os novos craques a pisar os relvados nacionais. Está de volta a Liga NOS.

Para não variar, tendência que se deverá manter por muito tempo, Benfica, Sporting e FC Porto disputam o tão ambicionado troféu, embora em circunstâncias completamente distintas. O campeão Benfica viu Gaitán e Renato Sanches abandonar o clube, mas manteve, até ver, peças igualmente importantes num plantel já habituado a elevados ritmos competitivos. O Sporting, bastante mais activo no mercado, garantiu várias soluções que oferecessem profundidade ao seu plantel e colmatassem as saídas de Slimani e João Mário. Já o FC Porto, numa tentativa de dar a volta ao jejum de títulos que vai perdurando, viu-se obrigado a tentar renovar o seu plantel, mantendo, contudo, as suas principais peças do ano transacto.

As primeiras jornadas permitiram perceber que o poder de arranque do Benfica já não é propriamente o mesmo, fruto do então virtuosismo de Gaitán e irreverência de Renato Sanches. Os encarnados partem para este novo exercício com múltiplas opções para as alas, mas sem uma opção fiável para a posição 8 - André Horta ainda não convence, Celis e Danilo ainda não somaram muitos minutos -, ela que constituiu o ponto de viragem no campeonato que garantiu o "tri" ao Benfica. E é exactamente por aí que passará a possibilidade de êxito dos campeões nacionais.

Depois de uma época marcada pela denominada "traição de Jesus" e por um percurso bastante positivo no campeonato, o Sporting parte para este novo desafio com a obrigação de lutar pelo título. Apesar das vendas de João Mário e Slimani, já esperadas, a turma de Alvalade viu chegar vários reforços de qualidade e possui neste momento argumentos mais que suficientes para chegar ao título, sobretudo no capítulo ofensivo. E numa Liga em que a capacidade ofensiva costuma marcar a diferença, exactamente por haver um fosso tão grande entre os três candidatos ao título e restantes quinze clubes, bem se pode dizer que o Sporting tem tudo ao seu alcance para voltar a ser campeão, algo que não acontece desde o início do milénio.

Já o caso do FC Porto é diferente. Nuno Espírito Santo chega ao clube numa fase em que o jejum de títulos teima em persistir, daí que a habitual pressão de ser campeão dê lugar a um tipo de pressão distinta: a retoma dos momentos de glória. Não houve saídas consideráveis, sempre um bom sinal para qualquer treinador, e chegaram soluções para a defesa e para as alas, tal como se exigia. Contudo, a posição 9 permanece débil - André Silva está em processo de afirmação e não parecem existir alternativas de qualidade ao jovem português. Sem uma profundidade de plantel ao nível da dos rivais, é justo afirmar que os azuis e brancos correm por trás este ano, embora sejam naturais candidatos ao título.


Uma luta a Norte pela Europa

Se a luta pelo título se resume sempre aos mesmos protagonistas, a luta pela Europa também não é assim tão diferente. O Sp. Braga assume-se como principal candidato ao 4º lugar. Outra vez. Nem mesmo as saídas de Rafa e Boly podem diminuir as odds do conjunto de José Peseiro, de regresso à Pedreira, claramente apetrechado para mais uma época onde campeonato e fase de grupos da Liga Europa são as grandes prioridades.

Igualmente favorito a um lugar europeu é o Vit. Guimarães. Depois de uma temporada desastrosa, em que o objectivo europeu foi redondamente falhado, Pedro Martins, habituado a estas andanças, foi o escolhido para pegar no bom plantel dos vimaranenses e recolocá-lo na rota europeia. A excelente abordagem de mercado, com particular destaque para o retorno de Hernâni e Bernard, e as aquisições de João Aurélio, Marega e Tiquinho Soares, também ajudam a comprovar a ambição do clube para esta nova temporada.


Potenciais surpresas

Vit. Setúbal: Europa à vista? Não seria a primeira vez que Couceiro vestiria a capa de herói em Setúbal. Há três anos o treinador do clube sadino alcançou um honroso 7º lugar, numa época em que sobressaíram jogadores como João Mário, Pedro Tiba e Ricardo Horta, então fora dos radares dos adeptos portugueses. Com um plantel bastante equilibrado e jogadores que podem seguir as pisadas dos supracitados, o Vit. Setúbal será uma equipa a acompanhar atentamente esta época.

Desp. Chaves: Clube que sobe de divisão é automaticamente um dos candidatos à descida. Costuma ser essa a norma, pelo menos. Mas no caso dos flavienses a história não deverá ser igual. Com um bom técnico ao comando (Jorge Simão) e um plantel bastante competente e habituado ao futebol nacional, não seria de estranhar que a equipa terminasse num lugar a meio da tabela. Mais do que isso seria uma proeza extraordinária.


10 jovens jogadores* a ter em atenção

  1. Lucas Farias || Estoril || Defesa || 22 anos
  2. Álex Grimaldo || Benfica || Defesa || 20 anos
  3. Alex Telles || FC Porto || Defesa || 23 anos
  4. João Pedro || Vit. Guimarães || Médio || 23 anos
  5. Pedrinho || P. Ferreira || Médio || 23 anos
  6. Tomás Martínez || Sp. Braga || Médio || 21 anos
  7. Raphinha || Vit. Guimarães || Avançado || 20 anos
  8. Andrija Zivkovic || Benfica || Avançado || 20 anos
  9. Peter Etebo || Feirense || Avançado || 20 anos
  10. Komnen Andric || Belenenses || Avançado || 21 anos

*Critérios dos jovens jogadores: idade igual ou inferior a 23 anos, debutantes na Liga ou com um máximo de 5 jogos em épocas anteriores

As 10 maiores esperanças portuguesas nos JO'2016

É hoje a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos 2016, no Brasil, o mesmo que dizer que é chegada a altura de o patriotismo vir ao de cima e de as pessoas se lembrarem que afinal há mais atletas nacionais para além dos que praticam futebol. E se a conquista do EURO'2016 pode mudar a perspectiva dos portugueses quanto aos atletas olímpicos, para melhor ou para pior, a verdade é que mais uma vez estamos perante um grupo de participantes que nos fazem sonhar com medalhas olímpicas.

No seu palmarés Portugal já conta com 23 medalhas olímpicas, quatro delas de ouro, sendo que a dupla Fernando Pimenta e Emanuel Silva foi responsável pela última medalha conquistada (prata), a única que trouxemos de Londres em 2012. O máximo que Portugal arrecadou numa só edição foi três medalhas (1984 e 2004), um feito que este ano parece ser possível repetir - ou até mesmo ultrapassar. Entre atletas e equipas que lutam abertamente por uma medalha e outros que podem "surpreender meio-mundo", eis as grandes esperanças portugueses nos JO'2016.


FERNANDO PIMENTA || Canoagem ||  O mais recente campeão europeu de K1 1.000m deu seguimento à sua excelente forma desde a última edição dos Jogos Olímpicos (medalha de prata, com Emanuel Silva) e é uma das maiores esperanças portugueses na luta por uma medalha na categoria anteriormente enunciada.

EMANUEL SILVA, JOÃO RIBEIRO || Canoagem (equipas) ||  A fase de ouro da canoagem portuguesa também passa pelas provas colectivas, e aí é a dupla que irá competir em K2 1.000m a assumir o protagonismo.

RUI BRAGANÇA || Taekwondo ||  Um dos atletas nacionais que mais se tem destacado nos últimos anos, é bicampeão europeu da sua categoria, medalha de ouro nos Jogos Europeus do ano passado e conta com outras medalhas internacionais no seu currículo.

SELECÇÃO SUB-23 || Futebol ||  Uma equipa de remendos mas que continua com jogadores de qualidade - dentro do possível - e que até poderá lutar por medalhas se evitar os principais favoritos (nomeadamente o Brasil e a Alemanha) até à fase crucial da prova.

JOÃO COSTA || Tiro ||  Talvez na sua melhor fase da carreira, o atleta mais velho da comitiva tem somado pódios em provas importantes desde a última edição dos Jogos Olímpicos.

TELMA MONTEIRO || Judo ||  Costuma quebrar nos momentos mais decisivos, mas é uma atleta sempre capaz de lutar pelo ouro, de quem se espera um rendimento olímpico condizente com o seu estatuto de pentacampeã europeia. Dispensa grandes apresentações.

MARCOS FREITAS, TIAGO APOLÓNIA, JOÃO MONTEIRO || Ténis de mesa (equipas) ||  Deixaram uma boa imagem na última edição dos Jogos Olímpicos e desde então tem sido sempre em crescendo. Atravessando a melhor fase da modalidade, Portugal pode sonhar com uma medalha na prova por equipas (até às meias-finais não há adversários asiáticos) e individual (mais difícil, mas não impossível).

JOÃO SILVA || Triatlo ||  Um excelente ano de 2015, em que foi 4º no WTS - Abu Dhabi e medalha de prata nos Jogos Europeus de Baku, abrem boas perspectivas em torno de um atleta que se estreou com um impressionante 9º lugar nos Jogos Olímpicos de Londres (2012).

NELSON ÉVORA || Triplo salto ||  Não é provável que alcance uma marca do outro mundo, até porque a lesão ainda é relativamente recente, mas a sua força mental pode levá-lo a um resultado bastante positivo (andar perto das medalhas já seria fantástico). Veremos também como será a prova de Patrícia Mamona, que se sagrou recentemente campeã europeia.

SARA MOREIRA, JÉSSICA AUGUSTO || Maratona ||  O favoritismo em provas de longa distância pertence sempre às africanas, mas tanto Sara Moreira (chega em boa forma ao Rio de Janeiro) como Jéssica Augusto (7º lugar em Londres) devem ser tidas em conta.

EURO'2016: A festa do futebol em frágil solo gaulês

Favoritismo para os anfitriões

Nunca os ideais de uma nação fizeram tanto sentido antes do início de uma grande competição de nações no panorama futebolístico. "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", as três palavras de ordem em vésperas de um torneio que esteve em risco devido a problemas de segurança que assolaram a França há escassos meses, três mandamentos comuns à ordem entre as nações. E como são elas as grandes figuras do EURO'2016, que se dê destaque a quem o merece.

A própria França, até por jogar no seu território, é a grande favorita à conquista do troféu, contando com duas das maiores estrelas da competição (Pogba e Griezmann) e com um restante elenco de luxo, apesar de todas as ausências sonantes, entre as quais Benzema, grande parte delas por lesões recentes. Com qualidade exacerbada em todas as posições do terreno e um treinador experiente, as expectativas são altas relativamente ao anfitrião, que na última grande competição de nações, o Mundial'2014, foi eliminado pela... Alemanha. Os germânicos, campeões mundiais, estão também bem cotados para erguer a taça, sobretudo por manter boa parte do núcleo duro que fez a festa há dois anos. A maior diferença reside na defesa, onde poderá residir a diferença nas fases mais adiantadas, com Lahm e Hummels a saírem do onze titular em 2014 e a não terem substitutos a um nível idêntico.

Portugal entre o segundo lote de favoritos

Poderá parecer excesso de confiança englobar a nossa Selecção numa segunda linha de favoritismo, mas quando se tem uma equipa tão equilibrada e um jogador capaz de fazer a diferença a qualquer momento é impossível não assumir um estatuto como este. Portugal tem um meio-campo de luxo, parece ter ganho uma confiança acrescida com a chegada de Fernando Santos, como já não se via desde os tempos de Scolari, e deverá ser a segunda selecção com mais adeptos neste EURO'2016. A Espanha, pela má imagem que deixou há dois anos, por estar no grupo mais difícil e por estar a ultrapassar os tempos áureos que viveu recentemente, figura apenas numa linha de favoritismo inferior, apesar de contar com vários jogadores de qualidade inegável. A Itália, treinada pelo futuro técnico do Chelsea, Antonio Conte, que conhece bem os jogadores da sua linha mais recuada, ex-pupilos na Juventus, é uma das selecções que poderá causar maiores dificuldades nas fases mais adiantadas do torneio, até pelo excelente poder táctico de que dispõe.

Potenciais surpresas e desilusões

Croácia: Não tem um grupo fácil, mas tem qualidade suficiente para passar à fase seguinte e desafiar os melhores tal é a qualidade dos jogadores que tem à sua disposição, muitos nas condições ideais para sobressaírem ao longo das próximas semanas.

Suécia: Tem uma equipa equilibrada, um jogador que chega a França - ou se mantém por lá, por enquanto - num momento de forma tremendo e pode surpreender pela forma organizada como joga.

Rússia: Individualmente tem condições para fazer uma boa campanha, mas o jogo inaugural diante da Inglaterra, se não correr bem, pode acrescentar pressão a uma selecção que reparte com a Eslováquia a candidatura ao segundo lugar do grupo.

República Checa: Venceu o seu grupo na fase de qualificação, à frente de Holanda (eliminada), Islândia e Turquia, o que aumentou as expectativas em seu torno, mas teve o azar de voltar a figurar num "grupo da morte", onde o último lugar é uma forte possibilidade.


10 jovens jogadores estrangeiros a ter em atenção

  1. Elseid Hysaj || Albânia || Defesa || 22 anos || Napoli
  2. Victor Lindelöf || Suécia || Defesa || 21 anos || Benfica
  3. Jason Denayer || Bélgica || Defesa || 20 anos || Man. City
  4. Oğuzhan Özyakup || Turquia || Médio || 23 anos || Besiktas
  5. Dele Alli || Inglaterra || Médio || 19 anos || Tottenham
  6. Ozan Tufan || Turquia || Médio || 21 anos || Fenerbahçe
  7. Piotr Zielinski || Polónia || Médio || 22 anos || Empoli
  8. Ladislav Krejci || República Checa || Médio || 22 anos || Sparta Praga
  9. Arkadiusz Milik || Polónia || Avançado || 22 anos || Ajax
  10. Breel Embolo || Suíça || Avançado || 19 anos || Basileia


PORTUGAL: Algumas notas visando o sucesso

Possível onze base de Portugal
Após a entrada de Fernando Santos, a Selecção Nacional teve uma fase de qualificação bastante tranquila, como há muito não se verificava, o que não significa necessariamente que o futebol praticado tenha sido deslumbrante. Longe disso. Com alguma sorte pelo meio, Portugal estará inserido naquele que é, porventura, o grupo mais fácil da fase final do EURO'2016, o que no plano teórico apenas traz aspectos positivos. Aumento de confiança, aprofundamento de conhecimentos tácticos e rotinas de equipa e sobretudo menor desgaste físico, que poderão ser cruciais numa competição agora alargada a 24 equipas na sua fase decisiva.

E se, como disse, o futebol tardou em convencer, a verdade é que se tem verificado um crescimento considerável até à véspera do torneio, e Portugal chega a França com a confiança em alta depois de uma goleada convincente diante da Estónia (7-0).

Abandonando o tradicional 4-2-3-1 que caracterizou a Selecção Nacional durante vários anos, Fernando Santos implementou um 4-4-2 que tira melhor partido da ausência de um ponta-de-lança goleador (Cristiano Ronaldo será uma falsa referência no momento ofensivo) e que aproveita melhor o talento em abundância no meio-campo. Assim, e com base no que ficou patente nos jogos que antecederam a participação de Portugal no Europeu, é possível formar algumas notas quanto ao que se poderá/deverá esperar da nossa equipa.

ASPECTO MAIS FORTE: O meio-campo. Duas excelentes opções para a vaga de médio mais recuado, jogadores inteligentes um pouco mais à frente, tecnicamente dotados, enfim, qualidade é coisa que realmente não falta no centro do terreno, zona primordial do esquema de Fernando Santos.

EVITAR A TODO O CUSTO: Centrar as atenções em Cristiano Ronaldo. Não deixa de ser curioso que a opinião internacional continue a referir que Portugal é composto por "Ronaldo + 10" - algo que por cá também se parece verificar -, quando estamos perante uma Selecção com vários jogadores de qualidade. Dentro de campo há que confiar nos rasgos de inspiração do extremo, mas não ficar dependente do mesmo, pois tal não seria bom nem para o jogador, nem para a equipa.

JOGADOR-CHAVE: João Mário. Ok, temos Cristiano Ronaldo, um dos melhores jogadores da história... mas o impacto que o jogador do Sporting tem tido na dinâmica da equipa é por demais evidente. Adaptado ao seu papel na Selecção, não tão diferente do que faz no seu clube, o médio tem uma inteligência pouco habitual com e sem bola, e promete ser uma das figuras de Portugal neste Campeonato da Europa.

POTENCIAL SURPRESA: Raphaël Guerreiro. O lateral esquerdo convenceu na fase preparatória e ameaça mesmo ocupar a vaga no lado esquerdo da defesa, ganhando assim o lugar a Eliseu. Agressivo, acutilante no momento ofensivo e dono de uma técnica bastante apurada, o jovem de 23 anos poderá surpreender os próprios portugueses caso seja o titular na sua posição.

Liga NOS 2015/16: Equipa do Ano

Chegou a altura de baixar as cortinas. O Benfica voltou a conquistar o título nacional, mantendo a ligeira vantagem face ao Sporting, segundo classificado, na recta final da prova. O FC Porto, longe dos rivais, finalizou em terceiro, enquanto que Sp. Braga (vencedor da Taça de Portugal), Arouca e Rio Ave englobam o lote de equipas que se qualificaram para a Liga Europa. Académica e União da Madeira, nos últimos lugares da tabela, disputarão o segundo escalão do futebol nacional na próxima época. Posto isto, falta reconhecer quem mais se evidenciou do ponto de vista individual. Aqui ficam as minhas escolhas para o 11 Ideal da Liga NOS*.


RUI PATRÍCIO (Sporting): Além da sua regularidade ao longo da época, o Sporting foi o clube com mais clean-sheets (17), tantos como o Benfica, e melhor defesa do campeonato.

MAXI PEREIRA (FC Porto): Foi fazendo um campeonato em crescendo, embora não tenha sido exuberante, e manteve a regularidade que já lhe é característica. Estreou-se a marcar pelos azuis e brancos na Liga e somou ainda 9 assistências.
HUGO BASTO (Arouca): A época fabulosa do Arouca deveu-se muito à regularidade do conjunto de Lito Vidigal, e a defesa não foi excepção. Foi uma das referências no sector mais recuado, pese embora a sua tenra idade.
JARDEL (Benfica): O melhor defesa central do campeonato por larga margem. Tornou-se no novo patrão da defesa encarnada, formando excelentes duplas com Luisão, Lisandro López e Lindelof, e apontou dois golos decisivos na recta final da prova (3 golos e 4 assistências nos 30 jogos disputados).
MIGUEL LAYÚN (FC Porto): Apresentou uma estatística verdadeiramente impressionante para a posição que ocupa no terreno (5 golos e 16 assistências) e foi um dos destaques do campeonato a uma determinada altura. A crise do FC Porto acabou por se alastrar ao mexicano na segunda volta, mas os seus números não deixam margem para dúvida quanto à sua presença neste onze.

JOÃO MÁRIO (Sporting): Originalmente médio centro, fixou-se do lado direito do meio-campo leonino, mas a sua qualidade de passe e inteligência fazem a diferença num esquema táctico como o de Jorge Jesus. O que faz, fá-lo bem. Os 6 golos e 10 assistências não enganam.
IURI MEDEIROS (Moreirense): Foi a referência do Moreirense, rubricando por diversas vezes exibições de encher o olho e que lhe prometem uma vaga no plantel principal do Sporting na próxima temporada. Terminou com 8 golos e 8 assistências.
ADRIEN SILVA (Sporting): Repetindo o que já foi escrito há uns meses: é um dos melhores jogadores do campeonato no que concerne ao "trabalho invisível". Líder do meio-campo dos leões, finalizou a prova com 8 golos e 6 assistências.
DIOGO JOTA (P. Ferreira): Confirmou as expectativas de possível melhor jogador jovem do campeonato, carregando os pacenses às costas apesar de ainda ser bastante jovem e está agora pronto para pisar relvados de maior gabarito. Os 12 golos e 4 assistências demonstram bem o seu potencial.

SLIMANI (Sporting): Um avançado à medida de Jorge Jesus, que exibiu bem os seus dotes de goleador sob a alçada do novo técnico (27 golos e 3 assistências) e continua a fazer estragos na nossa Liga pelas suas qualidades físicas e técnicas.
JONAS (Benfica): Mais um ano em grande para o "papa-estatísticas" Jonas (32 golos e 12 assistências, ou seja, um envolvimento directo em metade dos golos da equipa na Liga), cujo único defeito parece mesmo ser a sua crise goleadora nos jogos grandes - Sporting e FC Porto são os únicos clubes a quem o brasileiro ainda não marcou.


BANCO DE SUPLENTES**: Bracali (Arouca), Lucas Lima (Arouca), Rúben Semedo (Sporting), Danilo Pereira (FC Porto), Otávio (Vit. Guimarães), Bryan Ruiz (Sporting) e Mitroglou (Benfica).



Melhor Jogador: Jonas. Mais um ano a apresentar uma folha estatística impressionante. Rivalizou com os melhores pela Bota de Ouro e foi novamente imprescindível para a conquista do título, aliando uma elevada capacidade de finalização à inteligência que lhe é reconhecida.

Melhor Jogador Jovem: Diogo Jota. Renato Sanches ficou ligado ao título do Benfica pela forma como deu um novo alento aos encarnados, mas o jovem pacense foi bastante regular ao longo da temporada e apresentou números muito sólidos.

Melhor Treinador: Lito Vidigal. Rui Vitória tem mérito na conquista do campeonato, ainda para mais com um novo recorde de pontos (88), mas o trabalho de Lito Vidigal foi bastante subvalorizado pela Comunicação Social. Levar um clube com menos recursos, e que há um ano lutava para não descer, a um sólido 5º lugar é um feito impressionante.
Jogador Revelação: Renato Sanches. Não se pode pedir muito mais a um jovem que começou a temporada a alinhar pela formação secundária do Benfica e terminou a época como titular indiscutível e peça importante na conquista do campeonato.
Melhor Golo: Suk (2ª jornada). Um remate indefensável ao canto superior. Apenas o golo de Edgar Costa (Marítimo) lhe faz frente.


*Os jogadores destacados no 11 Ideal respeitam as posições em que têm vindo a jogar e o esquema táctico que tenho usado nos balanços mensais. A sua escolha respeita, principalmente, os seguintes critérios: minutos jogados, números apresentados, regularidade, impacto na classificação da equipa, expectativas iniciais.
**Posições dos jogadores no banco de suplentes: 1 GR, 2 DEF (lateral + central), 3 MED, 1 AV.

Liga NOS: Balanço do Mês (Abril)

Com o campeonato cada vez mais próximo da sua recta final, Benfica e Sporting vão lutando taco a taco pelo título, com os verdes e brancos a necessitarem de um deslize adversário para sonhar com o primeiro lugar. Os encarnados permanecem invictos desde o embate em Alvalade, e o Sporting está a mostrar que pretende acabar a competição em grande, depois de um grande triunfo no reduto do FC Porto, que assim somou a terceira derrota em casa, na Liga, esta época. Um pouco mais abaixo na tabela, o Arouca está cada vez mais perto de uma qualificação inédita para a Liga Europa, enquanto que o Tondela, que muitos davam como descido há uns meses, poderá estar prestes a concretizar uma manutenção impressionante. Por outro lado, a Académica precisa de um milagre para se salvar esta época, e o Vit. Setúbal continua em queda livre e arrisca-se a passar um mau bocado no momento mais decisivo do campeonato. As decisões finais serão conhecidas nas próximas semanas.

Individualmente, Slimani destacou-se do resto da concorrência com 6 golos apontados em Abril, pelo menos mais dois do que qualquer outro jogador da Liga; mais um mês em grande para João Mário, que juntou um golo e duas assistências a exibições de grande nível; Élio Martins (3 golos e 3 assistências) revelou-se decisivo nos últimos jogos, sobretudo na "final" diante da Académica; Jardel (2 golos) continua a confirmar que é porventura o melhor central da temporada a nível nacional.

Liga NOS: Balanço do Mês (Março)

Com apenas três jogos disputados face à paragem do campeonato para compromissos de Selecções, o início de Março ficou desde logo marcado por um resultado que poderá ser crucial para as contas finais do título. O Benfica, que continua com a sua série de vitórias, venceu o Sporting (1-0) no derby de Alvalade e depende apenas de si até ao final da competição. A ajudar os encarnados o FC Porto tropeçou em Braga, e tem agora uma tarefa bastante mais difícil para alcançar o primeiro lugar. Fora das contas pelo título o Arouca continua a fazer um trabalho excepcional e mantém-se na 5ª posição, atrás do Sp. Braga, mas a equipa em melhor forma no mês de Março foi incontornavelmente o Nacional (3 vitórias), que parece estar definitivamente de volta à metade superior da tabela. Em contrapartida, Vit. Guimarães e Vit. Setúbal apenas conheceram o sabor da derrota nas últimas três jornadas.

Individualmente, Mattheus foi a estrela maior do mês de Março, apontando 4 golos, e continua a assumir-se como uma das revelações da temporada num Estoril em ascensão; também o seu colega Léo Bonatini (2 golos e 2 assistências) parece estar no seu melhor momento de forma, ele que continua na perseguição aos melhores marcadores do campeonato (4º posto, com 14 golos); Éderson e Lindelof, com exibições cada vez mais seguras desde que agarraram a titularidade no Benfica, e com um registo defensivo praticamente imaculado, figuram igualmente entre os melhores do mês.

Liga NOS: Balanço do Mês (Fevereiro)

Fevereiro ficou marcado pelo primeiro Clássico da segunda metade do campeonato, culminado com a vitória do FC Porto (2-1) no terreno do Benfica, agravando assim ainda mais o registo de Rui Vitória nos jogos grandes a nível nacional. O Sporting poderia ter aproveitado este resultado mas a formação de Alvalade continua a tropeçar em demasia na segunda volta, e já tem novamente os principais rivais bastante próximos de si. Um pouco mais abaixo na classificação, e grande destaque do mês, o Arouca somou 10 pontos em 12 possíveis, incluindo uma vitória impressionante (2-1) no reduto do FC Porto e um registo defensivo praticamente imaculado. Cada vez numa situação mais delicada, e ainda sem pontuar nesta segunda volta, está uma Académica com várias dificuldades a nível ofensivo e que ainda só manteve a baliza em branco por duas vezes (24 jogos). Em queda parece estar também o Paços de Ferreira, alérgico a vitórias nos últimos dois meses, cada vez mais longe dos lugares europeus.

Individualmente, Otávio é o único jogador que se mantém no onze ideal face ao mês anterior (2 golos e 2 assistências); Nathan Jr. (Tondela) foi o homem em foco em Fevereiro com 5 golos e uma assistência, registo semelhante ao de Mitroglou que terminou recentemente a sua série de jogos consecutivos (7) a marcar na Liga. Também o trio do Arouca composto por Rafael Bracali (apenas um golo sofrido, num jogo no Estádio do Dragão onde foi um dos melhores), Hugo Basto (bastante seguro no eixo da defesa) e Lucas Lima (já leva 3 golos nos últimos cinco jogos) merece a presença entre os melhores do mês.

Relatório de Olheiro: Sporting x Benfica

O Sporting recebe o Benfica, este sábado, numa jornada que poderá ser importante para as contas do título. Contudo, aconteça o que acontecer, uma coisa é certa: não será desta que o título ficará entregue. O Sporting chega ao clássico de Lisboa sem a margem sólida de vantagem que tinha à passagem da segunda volta do campeonato, fruto dos empates com Tondela, Rio Ave e Vit. Guimarães, mas com o foco completamente centrado na competição na qual ainda é líder. Do outro lado está o Benfica de Rui Vitória, que continua sem conseguir bater as equipas grandes e que sabe que uma nova derrota poderá complicar em definitivo as contas do título.



Sporting: Não há três sem quatro

Com a chegada de Jorge Jesus, o Sporting voltou a bater-se de igual com os seus rivais directos. A classificação não engana. O problema tem sido frente às equipas que se contentam com menos, ou seja, as que lutam por uma posição confortável na tabela. A maior parte dos pontos perdidos pelo Sporting esta época deve-se a clubes da metade inferior da tabela, e de todas as vitórias dos leões na Liga raras foram as vezes em que o clube venceu folgadamente os seus opositores. E quando o fez, espante-se, foi contra as melhores equipas. O que nos remete para este jogo. A jogar contra o campeão em título, o Sporting vai procurar confirmar a sua superioridade face à táctica de Rui Vitória, e alcançar o quarto triunfo - Liga, Supertaça e Taça de Portugal - sobre o Benfica na mesma época, algo que seria histórico e um marco importante na história recente do clube de Alvalade.

ASPECTO A EXPLORAR: Pressão na zona intermediária. É a justificação para os problemas do Benfica nos jogos grandes: a capacidade de construir jogo. Samaris e Renato Sanches posicionam-se no meio-campo para iniciarem o processo ofensivo e a equipa perde ideias de jogo quando tal não é possível. Nas alas tanto João Mário como Bruno César (ou Bryan Ruiz) terão atenções redobradas numa primeira linha de pressão e prontidão para se lançarem à defesa do Benfica em ataque rápido.

TER ATENÇÃO A: Eficácia no remate. Foi curiosamente o problema do Benfica no seu último clássico, mas tem sido uma constante no percurso do Sporting ao longo da temporada. Relembre-se, porém, que Slimani, melhor marcador dos leões, agora sem uma alternativa credível, costuma dar-se bem contra as águias.

JOGADOR-CHAVE: Adrien. É um dos pilares do Sporting nos jogos mais importantes. A sua capacidade de pressão e a sua inteligência táctica complementam na perfeição as qualidades de William Carvalho e João Mário. Recentemente lesionado, e partindo do princípio que irá recuperar a tempo, a sua condição será determinante para o sucesso da táctica leonina.


Benfica: Não entregar o ouro ao bandido

Em Dezembro, após o nulo diante do U. Madeira, poucos foram os que acreditaram na recuperação do Benfica face à desvantagem para os seus principais rivais. Desde então, o pleno de vitórias encarnadas apenas foi interrompido pelo FC Porto (1-2), algo que, tendo em conta aquele que foi o calendário do Sporting até aqui, mantém o Benfica na discussão pelo título, embora sem grande margem de manobra, como é óbvio. Mais do que inverter o ciclo negativo do Benfica nos jogos mais importantes, Rui Vitória e o seu plantel sabem que uma nova derrota poderia colocar um ponto final no percurso dos encarnados rumo ao tri, deitando por terra todo o esforço de uma recuperação notável. Se ganhar é importante, perder está absolutamente fora de questão, pois seria entregar o título de mão beijada a quem já tanto castigou o Benfica esta época.


ASPECTO A EXPLORAR: Rapidez de processos. As equipas de Jorge Jesus costumam pressionar logo o portador da bola, o que gera um menor tempo de reacção. A capacidade de organizar jogo de forma rápida, seja com linhas de passe bastante unidas, seja através da condução de bola por parte dos jogadores com mais técnica, será importante para a criação de oportunidades de perigo. Foi algo que, por exemplo, faltou no segundo tempo diante do FC Porto.

TER ATENÇÃO A: Eficácia no passe. Vem no seguimento do ponto anterior. O Benfica tem denotado alguns problemas neste capítulo em vários jogos esta época e isso poderá ser fatal contra um adversário como o Sporting.

JOGADOR-CHAVE: Renato Sanches. Será importante nos diversos momentos do jogo: na capacidade de aguentar o ímpeto adversário a meio-campo, na precisão do seu passe, na leitura de jogo, na condução de bola para zonas mais restritas. Será o playmaker do Benfica. Se Renato Sanches se evidenciar - e que jogo para o fazer -, o Benfica terá hipóteses de sair de Alvalade com um bom resultado.

O bingo de Jonas "Pistolas"

Mais dois golos. Mais uma vitória. Mais uma vítima. Jonas continua imparável na Liga Portuguesa e já leva 26 golos, liderando de forma impressionante a lista dos melhores marcadores do campeonato e a corrida à Bota de Ouro, com vantagem mínima sobre Higuaín e Suárez. Com o bis frente ao U. Madeira (2-0), já só restam dois "alvos a abater" para o "pistoleiro" da Luz - FC Porto e Sporting, próximo adversário do Benfica, são as únicas equipas da Liga que se foram conseguindo desviar das balas de Jonas.

Com 46 golos apontados em 51 jogos do campeonato, Jonas já "disparou" acertadamente na baliza de 17 dos 19 oponentes que enfrentou na Liga, com Belenenses e Nacional (6 golos) a serem, para já, os principais alvos do avançado brasileiro. Só em 2015/16, e com apenas 24 jornadas concluídas, Jonas já apontou golos a 12 dos 17 adversários em prova, somando 26 golos no total (média superior a 1 golo/jogo). Verdadeiro amuleto da sorte, sempre que Jonas marcou para o campeonato o Benfica acabou por vencer essa mesma partida - já nos cinco jogos em que participou diante dos principais rivais (três contra o FC Porto e dois contra o Sporting), e em que ficou em branco, o Benfica registou dois empates e três derrotas.

Relatório de Olheiro: Benfica x FC Porto

Benfica e FC Porto medem forças no Estádio da Luz, esta sexta-feira, num jogo importante para as contas do título, não fosse este um embate entre dois colossos do futebol português. O Benfica, invicto em 2016, e que já não perde para o campeonato desde a derrota caseira com o Sporting (0-3), está em primeiro lugar, em igualdade pontual com o Sporting, e chega assim mais moralizado para o Clássico, isto depois de o Arouca ter repetido uma façanha que não se verificava há largos meses, ao bater o FC Porto (1-2), para a Liga, no estádio dos azuis e brancos. Ainda à procura de uma identidade sob o comando de José Peseiro, os dragões sabem que tudo o que não signifique uma vitória poderá ser suficiente para voltar a ver o título escapar para um dos rivais de Lisboa. Vencer é, portanto, obrigatório para qualquer uma das equipas.


Benfica: Contrariar a tendência dos jogos grandes

Ao contrário do que aconteceu na época passada, o Benfica deixou o pragmatismo de parte nos jogos grandes e tem sentido muitas dificuldades para contrariar o ímpeto adversário. No Dragão, à 5ª jornada, o Benfica conseguiu disputar o jogo de forma equilibrada, sucumbindo nos últimos minutos. Contra o Sporting, as três derrotas em tantas partidas esta época não abonam a favor de Rui Vitória, que, no entanto, parece ter finamente encontrado o modelo de jogo mais adequado para a sua equipa. A afirmação de Lisandro face à lesão de Luisão, a juventude de Renato Sanches, agressivo na luta pela bola e com um pulmão imenso, e a importância táctica de Pizzi, o joker de Rui Vitória neste "novo" Benfica, têm catapultado os encarnados para o topo e dado uma nova moral à equipa.

ASPECTO A EXPLORAR: Liberdade criativa dos alas. Pizzi assumiu o lado direito do meio-campo e conferiu uma estabilidade táctica que tem sido preponderante no sucesso do Benfica. As suas movimentações, juntamente com a magia de Gaitán, exímio na condução de bola e um dos jogadores mais tecnicamente evoluídos do campeonato, podem desequilibrar uma partida a qualquer momento e baralhar as marcações individuais do FC Porto.

TER ATENÇÃO A: Bolas paradas. E isto em ambos os lados do campo, isto é, o FC Porto tem marcado vários golos de bola parada, sobretudo de canto, mas também tem sofrido bastantes de igual forma.

JOGADOR-CHAVE: Jonas. Acusado de não aparecer nos "jogos grandes", algo comprovado pela estatística, o brasileiro entra para este jogo no melhor momento da sua carreira (15 golos e 6 assistências, nos últimos 10 jogos da Liga). Perante uma equipa do FC Porto não tão coesa como anteriormente, as suas movimentações serão fulcrais para criar desequilíbrios - e oportunidades - e buscar, assim, o primeiro golo contra os dragões.


FC Porto: Manter a chama do título acesa

Um nada querido mês de Janeiro... Depois de terem sido afastados da Liga dos Campeões - o jogo em casa com o D. Kiev terá sido o momento chave da época - e da Taça da Liga, ainda que não de forma oficial, os dragões viram a liderança fugir logo no primeiro jogo de 2016 após uma exibição pobre frente ao Sporting. Fast-forward até à chegada de José Peseiro, encontramos um FC Porto cada vez mais longe do primeiro lugar, sem a mesma chama de outros tempos. A chegada do novo técnico implicou o abandono do futebol de posse e a adopção de um modelo que privilegia a largura de jogo e o envolvimento dos jogadores numa manobra mais ofensiva, com o uso recorrente dos flancos. Numa equipa ainda à procura de cimentar esta nova identidade, em vésperas de um dos jogos mais importantes da época, resta saber como se comportará o Dragão no Estádio da Luz.

ASPECTO A EXPLORAR: Largura de jogo e movimentos interiores. Tal como escrevi, o modelo de jogo de José Peseiro privilegia a exploração dos flancos. Se a equipa se conseguir balançar bem no ataque, trocando a bola rapidamente e baralhando o posicionamento defensivo do Benfica com movimentos interiores e de ruptura, as ocasiões de golo deverão surgir mais facilmente. Atenção ainda para as movimentações de André André, constantemente a derivar para o flanco, e Herrera.

TER ATENÇÃO A: Transição defensiva. O Benfica não é uma equipa especialmente talhada para o contra-ataque, mas Renato Sanches, Pizzi e Gaitán são jogadores capazes de imprimir uma nova velocidade de um momento para o outro. E o modelo ofensivo do FC Porto é bastante susceptível de abrir brechas no meio-campo defensivo - contra o Arouca isso ficou bem evidente.

JOGADOR-CHAVE: Corona. Poderia igualmente destacar Brahimi, mas "Tecatito" tem tudo para se evidenciar. No duelo com Eliseu leva clara vantagem, tanto no "um contra um" como nas desmarcações nas suas costas do internacional português, e a sua velocidade poderá igualmente ser útil em situações de transição rápida.

Liga NOS: Balanço do Mês (Janeiro)

A mudança de ano não implicou, felizmente, uma mudança nos hábitos ofensivos das equipas da Liga - em Janeiro, a média de golos aproximou-se dos 3,5 golos/jogo. Nas contas que mais interessam, o Benfica foi, sem sombra de dúvidas, a equipa em melhor forma (6 vitórias em 6 jogos), aproximando-se do rival Sporting, e ultrapassando um FC Porto combalido - já sem Lopetegui - que desceu do topo da tabela logo após a derrota com o Sporting, em Alvalade. Um pouco mais abaixo na tabela, o Vit. Guimarães continua a espreitar os lugares europeus e o Belenenses tem vindo a subir de nível desde a chegada de Júlio Velázquez, novo técnico dos azuis do Restelo. Já Tondela e Marítimo, cada um com apenas uma vitória neste mês, vão-se afundando numa posição delicada na tabela, tendo em conta aqueles que eram os seus objectivos na época.

Individualmente, Pizzi tem subido de forma de uma maneira cavalgante - é ele um dos principais responsáveis pelo sucesso actual do Benfica, ainda invicto em 2016 -, destacando-se no panorama europeu como um dos jogadores com mais passes para ocasião no respectivo campeonato, e no panorama nacional (4 golos e 4 assistências, em seis jogos); os melhores avançados da primeira volta, Jonas e Slimani, somaram um total de 16 golos e 4 assistências, números verdadeiramente impressionantes; Adrien, talvez o jogador em melhor forma no Sporting, é o maior destaque no meio-campo do onze ideal do mês, co-adjuvado por Otávio, bastante potenciado por Sérgio Conceição e regular desde que assumiu a titularidade. Nota de destaque para Danilo Pereira (FC Porto), João Mário (Sporting), Iuri Medeiros (Moreirense) e Bruno Moreira (P. Ferreira), jogadores que apenas não figuraram no onze face à forte concorrência nas respectivas posições.

Os Warriors imparáveis, os destaques da "primeira volta"

Os Warriors imparáveis, os destaques da "primeira volta"
A temporada da NBA já está na segunda metade, o que significa que o "All-Star Break" está aí a chegar. Altura, à semelhança do que já vem sendo habitual, de fazer um balanço individual (nomeação e respectiva justificação dos cinco jogadores que deveriam ser titulares no "All-Star Game") e colectivo (maiores surpresas e decepções) daquilo que foram os primeiros meses de competição.



Destaques individuais - All Stars

5 IDEAL DO OESTE: S. Curry, R. Westbrook, K. Bryant, K. Leonard, D. Cousins
Naquele que será o último ano de Kobe Bryant dentro das arenas, seria injusto não conceder um wildcard ao 24 dos LA Lakers. De resto só dá vontade de nomear jogadores dos Warriors. Steph Curry (29,9 pontos/jogo e uma estatística impressionante de tiros exteriores), salvo algum milagre, vai revalidar o título de MVP tal é o à-vontade com que joga e decide partidas, e Draymond Green (estaria neste cinco ideal, não fosse a situação de K. Bryant) assume-se cada vez mais como um jogador de elite, um PF-C capaz de alcançar triple-doubles com relativa facilidade. Para tal, é certo, muito contribui o modelo de jogo da equipa e a qualidade da mesma. Os números de DeMarcus Cousins falam por si (27,2 pontos/jogo e 11,2 ressaltos/jogo), isto num ano em que os Sacramento Kings estão na disputa por uma vaga nos playoffs da Conferência; na equipa com mais argumentos para fazer face aos campeões em título, Kawhi Leonard é o elemento em destaque nuns Spurs que têm igualmente um registo muito bom, sobretudo a jogar no Texas; a última vaga vai para Russell Westbrook (24,1 pontos/jogo e 9,8 assistências/jogo) que tem sido o segundo melhor PG da NBA, apenas superado pelo inevitável Curry.

5 IDEAL DO ESTE: K. Lowry, I. Thomas, L. James, P. George, A. Drummond
Numa Conferência bastante mais disputada do que costuma ser hábito, as vagas que escolhi para o backcourt são de todo inesperadas. Kyle Lowry tem estado em bom plano nos Raptors, equipa que mais uma vez deve assegurar uma boa classificação no Este, enquanto que Isaiah Thomas tem sido o principal foco dos Boston Celtics. Andre Drummond (15,2 ressaltos/jogo), como já havia previsto no ano passado, está finalmente a dar o salto que lhe era esperado (Van Gundy tem feito um bom trabalho nesse sentido); Paul George (23,6 pontos/jogo) está a mostrar que a lesão grave que sofreu é passado e deverá passar por ele o sucesso dos Pacers até ao final da temporada; LeBron James (24,9 pontos/jogo), sem novidades, continua a ser a figura de proa dos Cavaliers, líderes da Conferência.


Destaques colectivos - As surpresas e as desilusões

Isaiah Thomas e os Celtics em grande
Penso ser justo incluir os Warriors enquanto surpresa. Na teoria tinham tudo para voltar a garantir o primeiro lugar da Conferência e defender o anel conquistado, mas o que se vai vendo para já, um registo impressionante de 42-4, a arranhar o mítico 72-10 dos Bulls, e já depois de terem estabelecido a melhor marca de sempre no arranque de uma nova época, vai para além do que se poderia imaginar. Também os Boston Celtics, uma das cinco equipas da NBA que mais vitórias acumularam no espaço dos últimos 82 jogos, têm estado em plano de destaque, depois de no ano passado terem dado uma boa réplica para o elenco que tinham à sua disposição. Mérito do treinador, sem dúvida.

Do outro lado da balança encontram-se os Phoenix Suns e os Washington Wizards, duas equipas com condições para lutar por uma vaga nos playoffs, mas que têm estado aquém do potencial e qualidade dos seus elencos. Porém, sobretudo no caso dos Wizards, ainda há muita margem de manobra até ao fim.

Nós é que agradacemos, campeão

Nós é que agradacemos, campeão
Triste realidade a nossa, que vivemos obcecados com os bate-bocas entre treinadores e ignoramos quem trabalha arduamente, na sombra do mediatismo, para conquistar os seus objectivos pessoais e elevar o nome de uma nação ao som do hino.

Lenine Cunha, atleta paralímpico português, e um dos mais reconhecidos internacionalmente, viu o seu esforço reconhecido pelos portugueses. Uma frase perfeitamente normal, não fosse o seu contexto absurdo. Vencedor de quase 200 medalhas em toda a sua carreira - o seu grande objectivo antes de se retirar -, Lenine concilia a sua vida profissional com os 386 euros mensais da bolsa paralímpica. Não admira, portanto, que o próprio tenha sentido necessidade em dirigir-se à população nacional. Para poder ter condições de preparar os Jogos Paralímpicos'2016. Para poder suportar os custos do seu clube. Para poder servir de exemplo para outros. Para ser um exemplo.

Em 2016 ganho de certeza uma medalha nos Jogos [Paralímpicos]. Que isso fique claro. Vou lutar por isso, pois podem ser os meus últimos Jogos onde posso ganhar. Não vou perder esta oportunidade. Não vou dar 100%, nem 200%, mas sim 1000%! Quero acabar em beleza. [Lenine Cunha, em entrevista concedida ao Record]
Felizmente, esta é uma história com um final digno. O crowdfunding organizado por Lenine amealhou uma verba superior aos 10.000 euros a que se tinha comprometido, um valor simbólico para o que este atleta fez nos últimos anos. A triste mentalidade de apenas apoiarmos os nossos atletas nos momentos de glória deu lugar à união, ao reconhecimento, à tentativa de combater uma injustiça. Em Setembro, aos 33 anos, Lenine competirá nos Jogos Paralímpicos, talvez pela última vez, na prova de salto em comprimento. A medalha está prometida. Para já, somos nós que agradecemos com o que podemos. Daqui a uns meses, ele certamente retribuirá o agradecimento. Força, campeão!

Liga NOS 2015/16: Balanço da 1ª volta

O espectáculo da Liga vai a meio, altura ideal para fazer um breve balanço do que aconteceu até ao momento e destacar os melhores*. O Sporting é o líder isolado do campeonato, com um ascendente importante sobre os principais rivais (pleno de vitórias); o FC Porto, já sem Lopetegui ao comando, é acompanhado no 2º lugar por um Benfica em crescendo nas últimas jornadas; na luta equilibrada pelos lugares europeus, Sp. Braga e Paços de Ferreira levam vantagem sobre a concorrência; Tondela e Boavista, piores ataques do campeonato, encontram-se, por outro lado, nas posições mais delicadas. Posto isto, falta reconhecer quem mais se evidenciou do ponto de vista individual. Aqui ficam as minhas escolhas para o 11 Ideal da Liga NOS, findada a sua primeira volta.

KRITCIUK (Sp. Braga): Rui Patrício é o guarda-redes menos batido do campeonato, mas o russo tem sido uma verdadeira muralha na baliza do Sp. Braga. Com 9 clean sheets, apenas batido pelo titular da Selecção Nacional e por Júlio César (10), soma muitas mais defesas nos 17 jogos em que participou, de acordo com os dados da Liga: 51 intervenções, contra as 30 do sportinguista e as 35 do benfiquista.


MAXI PEREIRA (FC Porto): Não tem sido uma posição em destaque, pelo que a eleição resulta de um processo de exclusão de partes. Baiano constituía a maior "ameaça" ao uruguaio, todavia, as 6 assistências e a ausência de erros graves nas acções do nº2 dos azuis e brancos acabam por facilitar a decisão.

PAULO MONTEIRO (U. Madeira): Tem andado fora dos radares dos meios de comunicação social, mas tem sido bastante competente no núcleo da defesa com mais totalistas (3) no campeonato. Sereno nos jogos contra as equipas com mais argumentos, excepção feita para a goleada diante do FC Porto, já ajudou a sua equipa, uma das condenadas à luta pela manutenção, a manter a baliza inviolável em 7 jogos. À sua regularidade acrescenta um golo marcado.

NALDO (Sporting): Chegou a Alvalade para discutir a titularidade com Ewerton, então lesionado, mas impôs-se de forma assinalável. Mesmo com menos minutos de jogo que o seu parceiro da defesa, Paulo Oliveira, apresenta uma estatística defensiva mais robusta e destaca-se principalmente pelo elevado nível de actuação diante de Benfica e FC Porto. Já viu um cartão vermelho, é certo, por empurrar Lito Vidigal, mas vou perdoar...

MIGUEL LAYÚN (FC Porto): Ao contrário do que se passa na ala contrária, aqui a competição é bem maior. Mas, ao mesmo tempo, a escolha é bem mais fácil. Outra asa do Dragão, Layún está a ser um dos destaques do campeonato, participando com acutilância no processo ofensivo da equipa e beneficiando de ser o principal marcador das bolas paradas para se afirmar como o líder de assistências (9) da Liga - às quais junta 2 golos.


JOÃO MÁRIO (Sporting): Joga no meio, à direita, à esquerda se for preciso. A sua inteligência e técnica refinada permitem-lhe encontrar as melhores linhas de passe, os melhores movimentos interiores, as melhores definições da jogada. Joga simples, nada de exuberante. E o que faz, fá-lo bem. Prova disso são os constantes elogios e os seus 2 golos e 4 assistências.

RENAN BRESSAN (Rio Ave): A formação de Vila do Conde começou a época em alta e é, à data, a equipa que marcou em mais jogos da Liga. Com 5 golos e 3 assistências, Bressan tem contribuído para esse bom momento, estando bastante mais regular em comparação com o nível do ano passado - já é capaz de definir melhor quando tem bola.

ADRIEN SILVA (Sporting): A chegada de Jorge Jesus permitiu-lhe elevar o jogo a um novo nível. O Adrien de agora não só pressiona intensamente no meio-campo e recupera imensas bolas - ou contribui para tal -, como é muitas vezes o importante elo de ligação ao ataque leonino, liberdade essa conferida pelo novo modelo de jogo. É dos melhores jogadores do campeonato no que concerne ao "trabalho invisível", sem a bola nos pés, a chamada inteligência táctica. A isso acrescenta 5 golos e 3 assistências.

DIOGO JOTA (P. Ferreira): Despontou com Paulo Fonseca e continua-se a afirmar sob a batuta de Jorge Simão. A capacidade de conduzir bola pelos flancos ou pela zona central e as oportunidades criadas para os seus companheiros auguram um bom futuro à promessa de apenas 19 anos. Num conjunto a lutar pela Liga Europa - está no 5º lugar -, Diogo Jota leva vantagem sobre a demais concorrência pela sua regularidade, preponderância no sucesso colectivo e números apresentados: 5 golos e 4 assistências.


SLIMANI (Sporting): Não surpreende este aumento no rendimento. Slimani é um "Cardozo 2.0", uma versão mais móvel, mais desgastante do ponto de vista dos adversários, mais raçudo - talvez menos letal, pese embora o seu registo goleador -, a peça perfeita no puzzle ofensivo de Jorge Jesus. Os seus 13 golos, a juntar a uma consistência e trabalho incansável impressionantes, têm dado bastantes alegrias aos adeptos sportinguistas.

JONAS (Benfica): Começa a tornar-se num caso cada vez mais sério na história do campeonato português. Se a qualidade individual tinha ficado bem patente no ano passado, poucos esperavam que em ano de mudança de treinador o "papa-estatísticas" Jonas apresentasse os números avassaladores que apresenta. Pode ser acusado de não aparecer nos jogos importantes - essa tradição mantém-se -, mas 18 golos e 6 assistências ao fim de 17 jogos não é para qualquer um.


BANCO DE SUPLENTES**: Rui Patrício (Sporting), Marcelo Goiano (Sp. Braga), Hugo Basto (Arouca), Iuri Medeiros (Moreirense), Brahimi (FC Porto), Suk (Vit. Setúbal) e Bruno Moreira (P. Ferreira).



Melhor Treinador: Jorge Jesus. O Sporting é líder do campeonato por estar a jogar bom futebol, por se exibir a grande nível nos jogos mais complicados, por as individualidades terem oportunidade de se evidenciarem. Isto tudo a somar aos recordes que o técnico tem vindo a quebrar nos últimos meses.

Melhor Jogador: Slimani. A estatística de Jonas é impressionante, mas o peso do argelino na classificação do Sporting e a sua regularidade exibicional conferem-lhe uma ligeira vantagem.

Melhor Jogador Jovem: Diogo Jota. Entenda-se por "jogador jovem" um atleta com idade igual ou inferior a 21 anos e não restam quaisquer dúvidas. O resto já foi escrito mais acima.

Jogador Revelação: Stojiljkovic. O avançado sérvio, um autêntico desconhecido quando chegou a Portugal, agarrou a titularidade à passagem da 5ª jornada e já é um dos imprescindíveis de Paulo Fonseca. Movimenta-se bem, é um jogador potente e figura entre os principais goleadores da Liga (7 golos).

Equipa Revelação: Vit. Setúbal. No início da época coloquei as minhas reticências em torno dos sadinos, pelo que a classificação actual, a juntar à forma como Quim Machado potenciou diversos atletas, é uma verdadeira surpresa e um prémio para o plantel. Menção honrosa para o Arouca.


*Os jogadores destacados no 11 Ideal respeitam as posições em que têm vindo a jogar e o esquema táctico que tenho usado nos balanços mensais. A sua escolha respeita, principalmente, os seguintes critérios: minutos jogados, números apresentados, regularidade, impacto na classificação da equipa, expectativas iniciais.
**Posições dos jogadores no banco de suplentes: 1 GR, 2 DEF (lateral + central), 2 MED (centro + ala), 2 AV.

Bola de Ouro: O ano do trio MSN e do Barcelona

É impossível dissociar o ano de 2015 do trio MSN. Messi, Suárez e Neymar quebraram completamente a fasquia imposta por Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo (BBC) e bem podem rogar pragas ao Atl. Bilbao por não terem feito aquele que seria um histórico pleno. Mérito também para Luís Enrique e para a restante equipa pelo futebol atractivo - vale a pena frisar que Guardiola dominara a Europa há não muito tempo ao serviço dos blaugrana - e por manter a boa forma ao longo dos meses. Mas quando se tem três dos cinco melhores dianteiros da actualidade tudo é possível. Incluindo dominar o mundo futebolístico. A química existente entre MSN é por demais notória. A qualidade individual demasiado evidente. E os números não mentem: em 2015 o trio marcou mais golos (145) do que qualquer equipa à escala mundial. Surreal! Pelo meio intromete-se Cristiano Ronaldo, um "ET", um goleador nato (57 golos, mais do que qualquer outro jogador no anterior ano civil) que não pára de quebrar recordes, mas que desta vez ficou em "blanco" ao nível de troféus colectivos.

Uns defendem que o Melhor Jogador do Mundo não tem necessariamente de arrecadar títulos colectivos. Discordo. Ou o ano individual é anormal do ponto de vista individual, ao ponto de haver essa tal liberdade para se ignorar o restante sucesso, ou a apresentação dos melhores números de nada valem se tal não tiver o devido acompanhamento. Enquanto cidadão português fico obviamente feliz por ter visto Cristiano Ronaldo em segundo lugar na votação da Bola de Ouro. Mas tenho de ser realista. O Real Madrid foi uma sombra daquilo que havia sido em 2014 e os números de Ronaldo em nada reflectem as várias exibições medíocres que o tempo se encarregará de limpar. Para a posteridade ficarão os seus números - ainda bem. Dignos de estar entre os melhores, sem dúvida.

No entanto, e repetindo-me, é impossível ignorar o desempenho de Messi, Suárez e Neymar. Se do argentino, justo vencedor da Bola de Ouro, pouco ou nada há para acrescentar, reservo umas frases para os outros dois protagonistas. Luís Suárez, como se esperava, dada a mobilidade dos avançados do Barcelona neste esquema táctico, é a peça certa num puzzle até então carente de um finalizador nato. Sabe exactamente que terrenos pisar, dá trabalho às defesas contrárias e não perdoa na cara do golo. Começou a jogar pelos culés apenas no final de Outubro de 2014, mas tal não impediu que se tornasse num dos melhores goleadores do ano. De Neymar já se esperava o "salto". Tecnicamente é um dos melhores do mundo e a sua qualidade é inegável. Não fosse o desfecho da Copa América talvez fosse o principal candidato a discutir a Bola de Ouro com Messi. Talvez. Garantida está a sua afirmação como um dos maiores talentos do futebol actual e a dissipação de quaisquer dúvidas que ainda pudessem existir quanto à sua adaptabilidade ao futebol europeu.

Mais uma vez também ficou provado que o talento individual e colectivo, demonstrado ao longo do ano civil, não é devidamente reconhecido na Equipa Ideal do Ano. Há muito que deixou de ser novidade. A forma como Cláudio Bravo, que ganhou quase tudo em 2015, Kevin De Bruyne, melhor jogador da Bundesliga em 2015, e o polivalente David Alaba foram ignorados, a juntar às eleições de Thiago Silva e Sérgio Ramos, defesas que nada de especial fizeram no último ano, em nada jogam a favor da proclamada "justiça futebolística" - caso ela ainda exista. Os onze escolhidos dificilmente serão consensuais, porém, convém merecer a distinção. Eis o meu onze: Bravo (Barcelona), Dani Alves (Barcelona), Piqué (Barcelona), Chiellini (Juventus), Alaba (Bayern), De Bruyne (Man. City), Marchisio (Juventus), Verratti (PSG), Messi (Barcelona) Neymar (Barcelona) e Suárez (Barcelona).