Os Warriors imparáveis, os destaques da "primeira volta"

Os Warriors imparáveis, os destaques da "primeira volta"
A temporada da NBA já está na segunda metade, o que significa que o "All-Star Break" está aí a chegar. Altura, à semelhança do que já vem sendo habitual, de fazer um balanço individual (nomeação e respectiva justificação dos cinco jogadores que deveriam ser titulares no "All-Star Game") e colectivo (maiores surpresas e decepções) daquilo que foram os primeiros meses de competição.



Destaques individuais - All Stars

5 IDEAL DO OESTE: S. Curry, R. Westbrook, K. Bryant, K. Leonard, D. Cousins
Naquele que será o último ano de Kobe Bryant dentro das arenas, seria injusto não conceder um wildcard ao 24 dos LA Lakers. De resto só dá vontade de nomear jogadores dos Warriors. Steph Curry (29,9 pontos/jogo e uma estatística impressionante de tiros exteriores), salvo algum milagre, vai revalidar o título de MVP tal é o à-vontade com que joga e decide partidas, e Draymond Green (estaria neste cinco ideal, não fosse a situação de K. Bryant) assume-se cada vez mais como um jogador de elite, um PF-C capaz de alcançar triple-doubles com relativa facilidade. Para tal, é certo, muito contribui o modelo de jogo da equipa e a qualidade da mesma. Os números de DeMarcus Cousins falam por si (27,2 pontos/jogo e 11,2 ressaltos/jogo), isto num ano em que os Sacramento Kings estão na disputa por uma vaga nos playoffs da Conferência; na equipa com mais argumentos para fazer face aos campeões em título, Kawhi Leonard é o elemento em destaque nuns Spurs que têm igualmente um registo muito bom, sobretudo a jogar no Texas; a última vaga vai para Russell Westbrook (24,1 pontos/jogo e 9,8 assistências/jogo) que tem sido o segundo melhor PG da NBA, apenas superado pelo inevitável Curry.

5 IDEAL DO ESTE: K. Lowry, I. Thomas, L. James, P. George, A. Drummond
Numa Conferência bastante mais disputada do que costuma ser hábito, as vagas que escolhi para o backcourt são de todo inesperadas. Kyle Lowry tem estado em bom plano nos Raptors, equipa que mais uma vez deve assegurar uma boa classificação no Este, enquanto que Isaiah Thomas tem sido o principal foco dos Boston Celtics. Andre Drummond (15,2 ressaltos/jogo), como já havia previsto no ano passado, está finalmente a dar o salto que lhe era esperado (Van Gundy tem feito um bom trabalho nesse sentido); Paul George (23,6 pontos/jogo) está a mostrar que a lesão grave que sofreu é passado e deverá passar por ele o sucesso dos Pacers até ao final da temporada; LeBron James (24,9 pontos/jogo), sem novidades, continua a ser a figura de proa dos Cavaliers, líderes da Conferência.


Destaques colectivos - As surpresas e as desilusões

Isaiah Thomas e os Celtics em grande
Penso ser justo incluir os Warriors enquanto surpresa. Na teoria tinham tudo para voltar a garantir o primeiro lugar da Conferência e defender o anel conquistado, mas o que se vai vendo para já, um registo impressionante de 42-4, a arranhar o mítico 72-10 dos Bulls, e já depois de terem estabelecido a melhor marca de sempre no arranque de uma nova época, vai para além do que se poderia imaginar. Também os Boston Celtics, uma das cinco equipas da NBA que mais vitórias acumularam no espaço dos últimos 82 jogos, têm estado em plano de destaque, depois de no ano passado terem dado uma boa réplica para o elenco que tinham à sua disposição. Mérito do treinador, sem dúvida.

Do outro lado da balança encontram-se os Phoenix Suns e os Washington Wizards, duas equipas com condições para lutar por uma vaga nos playoffs, mas que têm estado aquém do potencial e qualidade dos seus elencos. Porém, sobretudo no caso dos Wizards, ainda há muita margem de manobra até ao fim.

Nós é que agradacemos, campeão

Nós é que agradacemos, campeão
Triste realidade a nossa, que vivemos obcecados com os bate-bocas entre treinadores e ignoramos quem trabalha arduamente, na sombra do mediatismo, para conquistar os seus objectivos pessoais e elevar o nome de uma nação ao som do hino.

Lenine Cunha, atleta paralímpico português, e um dos mais reconhecidos internacionalmente, viu o seu esforço reconhecido pelos portugueses. Uma frase perfeitamente normal, não fosse o seu contexto absurdo. Vencedor de quase 200 medalhas em toda a sua carreira - o seu grande objectivo antes de se retirar -, Lenine concilia a sua vida profissional com os 386 euros mensais da bolsa paralímpica. Não admira, portanto, que o próprio tenha sentido necessidade em dirigir-se à população nacional. Para poder ter condições de preparar os Jogos Paralímpicos'2016. Para poder suportar os custos do seu clube. Para poder servir de exemplo para outros. Para ser um exemplo.

Em 2016 ganho de certeza uma medalha nos Jogos [Paralímpicos]. Que isso fique claro. Vou lutar por isso, pois podem ser os meus últimos Jogos onde posso ganhar. Não vou perder esta oportunidade. Não vou dar 100%, nem 200%, mas sim 1000%! Quero acabar em beleza. [Lenine Cunha, em entrevista concedida ao Record]
Felizmente, esta é uma história com um final digno. O crowdfunding organizado por Lenine amealhou uma verba superior aos 10.000 euros a que se tinha comprometido, um valor simbólico para o que este atleta fez nos últimos anos. A triste mentalidade de apenas apoiarmos os nossos atletas nos momentos de glória deu lugar à união, ao reconhecimento, à tentativa de combater uma injustiça. Em Setembro, aos 33 anos, Lenine competirá nos Jogos Paralímpicos, talvez pela última vez, na prova de salto em comprimento. A medalha está prometida. Para já, somos nós que agradecemos com o que podemos. Daqui a uns meses, ele certamente retribuirá o agradecimento. Força, campeão!

Liga NOS 2015/16: Balanço da 1ª volta

O espectáculo da Liga vai a meio, altura ideal para fazer um breve balanço do que aconteceu até ao momento e destacar os melhores*. O Sporting é o líder isolado do campeonato, com um ascendente importante sobre os principais rivais (pleno de vitórias); o FC Porto, já sem Lopetegui ao comando, é acompanhado no 2º lugar por um Benfica em crescendo nas últimas jornadas; na luta equilibrada pelos lugares europeus, Sp. Braga e Paços de Ferreira levam vantagem sobre a concorrência; Tondela e Boavista, piores ataques do campeonato, encontram-se, por outro lado, nas posições mais delicadas. Posto isto, falta reconhecer quem mais se evidenciou do ponto de vista individual. Aqui ficam as minhas escolhas para o 11 Ideal da Liga NOS, findada a sua primeira volta.

KRITCIUK (Sp. Braga): Rui Patrício é o guarda-redes menos batido do campeonato, mas o russo tem sido uma verdadeira muralha na baliza do Sp. Braga. Com 9 clean sheets, apenas batido pelo titular da Selecção Nacional e por Júlio César (10), soma muitas mais defesas nos 17 jogos em que participou, de acordo com os dados da Liga: 51 intervenções, contra as 30 do sportinguista e as 35 do benfiquista.


MAXI PEREIRA (FC Porto): Não tem sido uma posição em destaque, pelo que a eleição resulta de um processo de exclusão de partes. Baiano constituía a maior "ameaça" ao uruguaio, todavia, as 6 assistências e a ausência de erros graves nas acções do nº2 dos azuis e brancos acabam por facilitar a decisão.

PAULO MONTEIRO (U. Madeira): Tem andado fora dos radares dos meios de comunicação social, mas tem sido bastante competente no núcleo da defesa com mais totalistas (3) no campeonato. Sereno nos jogos contra as equipas com mais argumentos, excepção feita para a goleada diante do FC Porto, já ajudou a sua equipa, uma das condenadas à luta pela manutenção, a manter a baliza inviolável em 7 jogos. À sua regularidade acrescenta um golo marcado.

NALDO (Sporting): Chegou a Alvalade para discutir a titularidade com Ewerton, então lesionado, mas impôs-se de forma assinalável. Mesmo com menos minutos de jogo que o seu parceiro da defesa, Paulo Oliveira, apresenta uma estatística defensiva mais robusta e destaca-se principalmente pelo elevado nível de actuação diante de Benfica e FC Porto. Já viu um cartão vermelho, é certo, por empurrar Lito Vidigal, mas vou perdoar...

MIGUEL LAYÚN (FC Porto): Ao contrário do que se passa na ala contrária, aqui a competição é bem maior. Mas, ao mesmo tempo, a escolha é bem mais fácil. Outra asa do Dragão, Layún está a ser um dos destaques do campeonato, participando com acutilância no processo ofensivo da equipa e beneficiando de ser o principal marcador das bolas paradas para se afirmar como o líder de assistências (9) da Liga - às quais junta 2 golos.


JOÃO MÁRIO (Sporting): Joga no meio, à direita, à esquerda se for preciso. A sua inteligência e técnica refinada permitem-lhe encontrar as melhores linhas de passe, os melhores movimentos interiores, as melhores definições da jogada. Joga simples, nada de exuberante. E o que faz, fá-lo bem. Prova disso são os constantes elogios e os seus 2 golos e 4 assistências.

RENAN BRESSAN (Rio Ave): A formação de Vila do Conde começou a época em alta e é, à data, a equipa que marcou em mais jogos da Liga. Com 5 golos e 3 assistências, Bressan tem contribuído para esse bom momento, estando bastante mais regular em comparação com o nível do ano passado - já é capaz de definir melhor quando tem bola.

ADRIEN SILVA (Sporting): A chegada de Jorge Jesus permitiu-lhe elevar o jogo a um novo nível. O Adrien de agora não só pressiona intensamente no meio-campo e recupera imensas bolas - ou contribui para tal -, como é muitas vezes o importante elo de ligação ao ataque leonino, liberdade essa conferida pelo novo modelo de jogo. É dos melhores jogadores do campeonato no que concerne ao "trabalho invisível", sem a bola nos pés, a chamada inteligência táctica. A isso acrescenta 5 golos e 3 assistências.

DIOGO JOTA (P. Ferreira): Despontou com Paulo Fonseca e continua-se a afirmar sob a batuta de Jorge Simão. A capacidade de conduzir bola pelos flancos ou pela zona central e as oportunidades criadas para os seus companheiros auguram um bom futuro à promessa de apenas 19 anos. Num conjunto a lutar pela Liga Europa - está no 5º lugar -, Diogo Jota leva vantagem sobre a demais concorrência pela sua regularidade, preponderância no sucesso colectivo e números apresentados: 5 golos e 4 assistências.


SLIMANI (Sporting): Não surpreende este aumento no rendimento. Slimani é um "Cardozo 2.0", uma versão mais móvel, mais desgastante do ponto de vista dos adversários, mais raçudo - talvez menos letal, pese embora o seu registo goleador -, a peça perfeita no puzzle ofensivo de Jorge Jesus. Os seus 13 golos, a juntar a uma consistência e trabalho incansável impressionantes, têm dado bastantes alegrias aos adeptos sportinguistas.

JONAS (Benfica): Começa a tornar-se num caso cada vez mais sério na história do campeonato português. Se a qualidade individual tinha ficado bem patente no ano passado, poucos esperavam que em ano de mudança de treinador o "papa-estatísticas" Jonas apresentasse os números avassaladores que apresenta. Pode ser acusado de não aparecer nos jogos importantes - essa tradição mantém-se -, mas 18 golos e 6 assistências ao fim de 17 jogos não é para qualquer um.


BANCO DE SUPLENTES**: Rui Patrício (Sporting), Marcelo Goiano (Sp. Braga), Hugo Basto (Arouca), Iuri Medeiros (Moreirense), Brahimi (FC Porto), Suk (Vit. Setúbal) e Bruno Moreira (P. Ferreira).



Melhor Treinador: Jorge Jesus. O Sporting é líder do campeonato por estar a jogar bom futebol, por se exibir a grande nível nos jogos mais complicados, por as individualidades terem oportunidade de se evidenciarem. Isto tudo a somar aos recordes que o técnico tem vindo a quebrar nos últimos meses.

Melhor Jogador: Slimani. A estatística de Jonas é impressionante, mas o peso do argelino na classificação do Sporting e a sua regularidade exibicional conferem-lhe uma ligeira vantagem.

Melhor Jogador Jovem: Diogo Jota. Entenda-se por "jogador jovem" um atleta com idade igual ou inferior a 21 anos e não restam quaisquer dúvidas. O resto já foi escrito mais acima.

Jogador Revelação: Stojiljkovic. O avançado sérvio, um autêntico desconhecido quando chegou a Portugal, agarrou a titularidade à passagem da 5ª jornada e já é um dos imprescindíveis de Paulo Fonseca. Movimenta-se bem, é um jogador potente e figura entre os principais goleadores da Liga (7 golos).

Equipa Revelação: Vit. Setúbal. No início da época coloquei as minhas reticências em torno dos sadinos, pelo que a classificação actual, a juntar à forma como Quim Machado potenciou diversos atletas, é uma verdadeira surpresa e um prémio para o plantel. Menção honrosa para o Arouca.


*Os jogadores destacados no 11 Ideal respeitam as posições em que têm vindo a jogar e o esquema táctico que tenho usado nos balanços mensais. A sua escolha respeita, principalmente, os seguintes critérios: minutos jogados, números apresentados, regularidade, impacto na classificação da equipa, expectativas iniciais.
**Posições dos jogadores no banco de suplentes: 1 GR, 2 DEF (lateral + central), 2 MED (centro + ala), 2 AV.

Bola de Ouro: O ano do trio MSN e do Barcelona

É impossível dissociar o ano de 2015 do trio MSN. Messi, Suárez e Neymar quebraram completamente a fasquia imposta por Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo (BBC) e bem podem rogar pragas ao Atl. Bilbao por não terem feito aquele que seria um histórico pleno. Mérito também para Luís Enrique e para a restante equipa pelo futebol atractivo - vale a pena frisar que Guardiola dominara a Europa há não muito tempo ao serviço dos blaugrana - e por manter a boa forma ao longo dos meses. Mas quando se tem três dos cinco melhores dianteiros da actualidade tudo é possível. Incluindo dominar o mundo futebolístico. A química existente entre MSN é por demais notória. A qualidade individual demasiado evidente. E os números não mentem: em 2015 o trio marcou mais golos (145) do que qualquer equipa à escala mundial. Surreal! Pelo meio intromete-se Cristiano Ronaldo, um "ET", um goleador nato (57 golos, mais do que qualquer outro jogador no anterior ano civil) que não pára de quebrar recordes, mas que desta vez ficou em "blanco" ao nível de troféus colectivos.

Uns defendem que o Melhor Jogador do Mundo não tem necessariamente de arrecadar títulos colectivos. Discordo. Ou o ano individual é anormal do ponto de vista individual, ao ponto de haver essa tal liberdade para se ignorar o restante sucesso, ou a apresentação dos melhores números de nada valem se tal não tiver o devido acompanhamento. Enquanto cidadão português fico obviamente feliz por ter visto Cristiano Ronaldo em segundo lugar na votação da Bola de Ouro. Mas tenho de ser realista. O Real Madrid foi uma sombra daquilo que havia sido em 2014 e os números de Ronaldo em nada reflectem as várias exibições medíocres que o tempo se encarregará de limpar. Para a posteridade ficarão os seus números - ainda bem. Dignos de estar entre os melhores, sem dúvida.

No entanto, e repetindo-me, é impossível ignorar o desempenho de Messi, Suárez e Neymar. Se do argentino, justo vencedor da Bola de Ouro, pouco ou nada há para acrescentar, reservo umas frases para os outros dois protagonistas. Luís Suárez, como se esperava, dada a mobilidade dos avançados do Barcelona neste esquema táctico, é a peça certa num puzzle até então carente de um finalizador nato. Sabe exactamente que terrenos pisar, dá trabalho às defesas contrárias e não perdoa na cara do golo. Começou a jogar pelos culés apenas no final de Outubro de 2014, mas tal não impediu que se tornasse num dos melhores goleadores do ano. De Neymar já se esperava o "salto". Tecnicamente é um dos melhores do mundo e a sua qualidade é inegável. Não fosse o desfecho da Copa América talvez fosse o principal candidato a discutir a Bola de Ouro com Messi. Talvez. Garantida está a sua afirmação como um dos maiores talentos do futebol actual e a dissipação de quaisquer dúvidas que ainda pudessem existir quanto à sua adaptabilidade ao futebol europeu.

Mais uma vez também ficou provado que o talento individual e colectivo, demonstrado ao longo do ano civil, não é devidamente reconhecido na Equipa Ideal do Ano. Há muito que deixou de ser novidade. A forma como Cláudio Bravo, que ganhou quase tudo em 2015, Kevin De Bruyne, melhor jogador da Bundesliga em 2015, e o polivalente David Alaba foram ignorados, a juntar às eleições de Thiago Silva e Sérgio Ramos, defesas que nada de especial fizeram no último ano, em nada jogam a favor da proclamada "justiça futebolística" - caso ela ainda exista. Os onze escolhidos dificilmente serão consensuais, porém, convém merecer a distinção. Eis o meu onze: Bravo (Barcelona), Dani Alves (Barcelona), Piqué (Barcelona), Chiellini (Juventus), Alaba (Bayern), De Bruyne (Man. City), Marchisio (Juventus), Verratti (PSG), Messi (Barcelona) Neymar (Barcelona) e Suárez (Barcelona).