As coisas correram bem a Portugal nos últimos dias. Depois de uma excelente campanha dos Sub21, culminada com um jogo atípico quanto ao número de golos (5-4), foi a vez de a Selecção AA entrar em campo na Copenhaga, naquela que foi a estreia de Fernando Santos no banco luso em jogos oficiais. Nem a chuva fria evitou que a Selecção arrancasse um triunfo suado diante da Dinamarca, com Ronaldo a resolver de cabeça para lá dos 90 minutos. Mais do que três pontos conquistados, Portugal ganhou uma nova equipa, com jogadores regressados e uma esperança renovada, e um novo ânimo para abraçar um desafio perfeitamente ao seu alcance - a qualificação directa para o Euro'2016.
Não se pode tirar mérito a Fernando Santos. Se por um lado o seu tridente mais móvel não surtiu efeito durante a maior parte do jogo, por outro soube mexer bem a partir do banco. Ou fora dele, se alargarmos o prisma temporal ao passado... Ricardo Carvalho voltou a ser titular volvidos três anos e foi, indubitavelmente, um dos melhores em campo. A sua capacidade de liderança, concentração e antecipação fazem falta a qualquer selecção e mascaram bem os seus 35 anos e justificam o seu estatuto de «um dos melhores centrais portugueses dos últimos tempos». Igualmente bem esteve Tiago, que creseceu imenso com Simeone e já o havia demonstrado frente à França. A forma como ocupou o meio-campo, tanto a pressionar como a oferecer linhas de passe, sobretudo na primeira parte, só pode ser um indicador positivo para a Selecção Nacional. Danny e Quaresma foram outros jogadores experientes que voltaram a envergar a camisola da Selecção. Se o primeiro se destacou pela forma como tentou semear o perigo no último terço do terreno, ainda que de forma algo inconsequente, o segundo voltou a mostrar que é capaz de "sacar um coelho da cartola" de um momento para o outro. A assistência para Ronaldo é metade do golo. Foi a vantagem de Portugal.
Era urgente reagir aos mais recentes desaires. Se no jogo com a França foram postas a nu as debilidades defensivas da Selecção (Cédric até deu uma resposta mais positiva que Eliseu no jogo com a Dinamarca), é igualmente verdade que na segunda parte desse mesmo encontro foi evidente uma atitude totalmente diferente - para melhor - que só poderia ter deixado Fernando Santos orgulhoso no final da partida. Apesar de não ter feito um jogo exemplar, Portugal foi incontornavelmente o vencedor justo do encontro de terça-feira. A sorte esteve do seu lado. Agora há que dar seguimento a este resultado.
Reservo um último parágrafo para os Sub21. Um percurso de 10 vitórias em outros tantos jogos é fantástico para qualquer equipa. Melhor sabe quando se tem consciência do potencial e da qualidade do grupo orientado por Rui Jorge, que está de parabéns por ter apurado os nossos jovens jogadores para o Euro'2015. E as perspectivas só podem ser as melhores. Ainda para mais sabendo que a Espanha, bi-campeã em título, e a sempre perigosa França não vão estar na fase final da competição. Uma presença entre os quatro melhores dá, desde logo, direito a uma participação nos Jogos Olímpicos, em 2016, mas o título europeu não deve ser considerado uma miragem para estes jovens lusos. Há que sonhar alto mantendo os pés bem assentes no chão.
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