Liga NOS 2014/15: Balanço final

Nova época, mesmo campeão. O Benfica revalidou o título de campeão nacional, o 34º da sua história, deixando para trás os rivais FC Porto, que terminou a época sem títulos pela primeira vez desde 1988/89, e Sporting, vencedor da Taça de Portugal mas aquém das expectativas no campeonato, em 2º e 3º lugar, respectivamente. No fosso que separa candidatos ao título de candidatos a uma vaga europeia, o Sp. Braga aproveitou a fraca segunda metade do campeonato do seu rival Vit. Guimarães para ficar em 4º, lugar que garante acesso directo à fase de grupos da Liga Europa, cabendo ao Belenenses a 6ª posição, depois de uma luta acesa com Paços de Ferreira, Nacional e Marítimo nas derradeiras jornadas. No lado oposto da tabela, Penafiel e Gil Vicente não escaparam à despromoção e serão substituídos por Tondela e União da Madeira em 2015/16.


"SINAL +" : A renovação do Benfica e a solidez de Belenenses e Vit. Guimarães

Os destaques positivos da Liga NOS 2014/15
Nem mesmo a saída de meia equipa travou o bicampeonato do Benfica. Apesar das muitas incógnitas e de algumas abordagens ao mercado menos conseguidas - as últimas aquisições das águias (Júlio César, Samaris e Jonas), por outro lado, acabaram por valer ouro -, a qualidade de jogo foi crescendo gradualmente e tornou indiscutível a justiça quanto ao campeão. Muito mérito para Jorge Jesus, que soube manter a sua equipa coesa e demonstrou um lado pragmático nunca antes visto no campeonato - o Benfica não perdeu nenhum dos quatro encontros com os maiores rivais (FC Porto e Sporting).

Após uma primeira volta histórica, o Vit. Guimarães acusou a saída de Hernâni e Adama Traoré, dois dos melhores jogadores da metade inicial da Liga, algo que não apaga a boa campanha que a juventude ao serviço de Rui Vitória fez em 2014/15. Veremos se jovens como Bernard, Bruno Gaspar, Tomané ou Cafú conseguem continuar a evoluir ao mais alto nível e contribuir para o sucesso da equipa nas diversas competições. À semelhança dos minhotos também o Belenenses vai disputar a Liga Europa (fase de qualificação) na próxima época. Recorrendo a um elenco maioritariamente português, o trabalho que Lito Vidigal e, mais tarde, Jorge Simão fizeram foi notável. Elementos experientes como Nélson, Carlos Martins e Rui Fonte, que veio substituir Deyverson, grande figura do conjunto do Restelo na primeira volta do campeonato, revelaram-se como apostas bastante acertadas.

Sinal bastante positivo para mais dois clubes, estes com ambições distintas dos já mencionados, que regressaram ao principal escalão do futebol nacional em 2014/15. Mesmo com um plantel limitado, Miguel Leal soube explorar a coesão defensiva do Moreirense (melhor defesa exceptuando os seis primeiros classificados) para deixar os cónegos numa posição confortável da tabela, a apenas um ponto da metade superior da mesma. Vindo directamente do CNS, o Boavista de Petit também merece um "sinal mais" devido à forma como soube dar a volta a um início turbulento e alcançou a manutenção com relativa facilidade. Com bastantes reforços e um dos plantéis mais inexperientes da Liga, o segredo dos axadrezados residiu no confronto directo com as equipas abaixo de si na tabela: nenhuma derrota contra os adversários directos.


"SINAL -" : A permeabilidade do Estoril e as descidas de Gil Vicente e Penafiel

Os destaques negativos da Liga NOS 2014/15
Exigia-se mais a FC Porto e a Sporting na luta pelo título. Os azuis e brancos estiveram sempre na corrida pelo título mas vacilaram nos momentos mais importantes (confrontos com o Benfica e jornadas em que o líder deslizou), enquanto que os leões, fruto de alguns erros infantis, acabaram por deitar a toalha ao chão mais cedo do que muitos previam. Aquém das expectativas, houve, contudo, quem fizesse pior.

A maior decepção da época foi mesmo o Estoril. José Couceiro não soube dar seguimento ao bom trabalho realizado ao leme do Vit. Setúbal no ano passado e foi despedido do comando de uma equipa que terminou a época entre as mais batidas do campeonato (56 golos sofridos) e num modesto 12º lugar, quando o objectivo inicial passava pela luta por um lugar europeu.

Finalmente, Penafiel e Gil Vicente foram os piores entre as 18 equipas da Liga. Os durienses tinham um dos plantéis mais débeis - o máximo de 22 derrotas e 69 golos sofridos ajudam a confirmar isso mesmo - e o facto de terem tido três treinadores ao longo da época também não terá ajudado o plantel. Já os gilistas foram traídos pelo seu péssimo arranque - a primeira vitória só chegou na 16ª jornada - e pela fragilidade do colectivo, algo que se reflecte bem nas estatísticas: 2º pior ataque e 2ª pior defesa da Liga, um dos dois piores conjuntos em termos de posse de bola e faltas cometidas e o pior da prova no capítulo disciplinar (121 cartões amarelos e 10 vermelhos). Nota ainda para a Académica, rainha dos empates (17), que se safou por uma unha negra da despromoção beneficiando do (ainda) mais fraco futebol praticado pelas duas equipas despromovidas.


OS NÚMEROS : Jackson Martínez e Nico Gaitán foram os reis do golo

Os reis da estatística da Liga NOS 2014/15
Atendendo à estatística oficial providenciada pela Liga, à qual se juntam os dados oficiais da Opta no caso dos três grandes, apresento ainda alguns dos números que mais marcaram a Liga NOS 2014/15. O número de golos situou-se nos 763 (média de 2,49g/j, superior à de 2,37g/j registada em 2013/14), com o melhor ataque a pertencer ao Benfica (86 golos) e a melhor defesa a ser a do FC Porto (13 golos), sendo que Vit. Setúbal (24 golos marcados) e Penafiel (69 golos sofridos) ocupam os pólos opostos. Os sadinos possuem ainda a particularidade de terem apontado 4 dos 17 auto-golos da prova, cujo golo mais rápido foi o de Adrien na recepção do Sporting ao Boavista (15 segundos). Por falar em golos, Jackson Martínez foi o melhor marcador pelo terceiro ano consecutivo (21 golos) e Nico Gaitán liderou nas assistências, com 13 passes certeiros. Marco Matias (17 golos) e Ukra (9 assistências) foram os líderes portugueses.

Marafona e Danielson (Moreirense) juntaram-se a Adriano Facchini (Gil Vicente) como os únicos totalistas da Liga este ano, cabendo aos bracarenses Salvador Agra e Rúben Micael os estatutos de jogador que mais vezes saltou do banco (24 vezes) e o que mais vezes foi substituído (22 vezes), respectivamente. O Gil Vicente, como já fora dito, foi a pior equipa do ponto de vista disciplinar, estando o FC Porto do outro lado da tabela (67 cartões amarelos e 3 vermelhos)... com um dos jogadores mais indisciplinados da competição - Casemiro (13 cartões da mesma cor). Phillippe Sampaio (Boavista) e Tony (Penafiel) foram os dois atletas que mais vezes viram o cartão vermelho (3).

Para terminar, algumas notas para os espectadores. De forma pouco surpreendente, o Benfica foi o clube que levou um maior número de pessoas ao estádio (média de 48.522 p/j) - Sporting (cerca de 35.000) e FC Porto (cerca de 32.500) completam o pódio -, tendo o clássico Benfica x FC Porto sido o jogo mais visto da época (63.534 espectadores). O Penafiel foi o clube que menos pessoas levou ao estádio mas coube ao Arouca x P. Ferreira o prémio de pior assistência da temporada (430 espectadores). Naquele que é o dado que melhor espelha a baixa afluência de pessoas nos estádios portugueses, apenas Benfica, Sporting, FC Porto, Vit. Guimarães e Sp. Braga conseguiram colocar, em média, mais de 10.000 pessoas no estádio, cabendo à Académica a 6ª posição do ranking (pouco mais de 5.000 pessoas).
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