Nós é que agradacemos, campeão

Triste realidade a nossa, que vivemos obcecados com os bate-bocas entre treinadores e ignoramos quem trabalha arduamente, na sombra do mediatismo, para conquistar os seus objectivos pessoais e elevar o nome de uma nação ao som do hino.

Lenine Cunha, atleta paralímpico português, e um dos mais reconhecidos internacionalmente, viu o seu esforço reconhecido pelos portugueses. Uma frase perfeitamente normal, não fosse o seu contexto absurdo. Vencedor de quase 200 medalhas em toda a sua carreira - o seu grande objectivo antes de se retirar -, Lenine concilia a sua vida profissional com os 386 euros mensais da bolsa paralímpica. Não admira, portanto, que o próprio tenha sentido necessidade em dirigir-se à população nacional. Para poder ter condições de preparar os Jogos Paralímpicos'2016. Para poder suportar os custos do seu clube. Para poder servir de exemplo para outros. Para ser um exemplo.

Em 2016 ganho de certeza uma medalha nos Jogos [Paralímpicos]. Que isso fique claro. Vou lutar por isso, pois podem ser os meus últimos Jogos onde posso ganhar. Não vou perder esta oportunidade. Não vou dar 100%, nem 200%, mas sim 1000%! Quero acabar em beleza. [Lenine Cunha, em entrevista concedida ao Record]
Felizmente, esta é uma história com um final digno. O crowdfunding organizado por Lenine amealhou uma verba superior aos 10.000 euros a que se tinha comprometido, um valor simbólico para o que este atleta fez nos últimos anos. A triste mentalidade de apenas apoiarmos os nossos atletas nos momentos de glória deu lugar à união, ao reconhecimento, à tentativa de combater uma injustiça. Em Setembro, aos 33 anos, Lenine competirá nos Jogos Paralímpicos, talvez pela última vez, na prova de salto em comprimento. A medalha está prometida. Para já, somos nós que agradecemos com o que podemos. Daqui a uns meses, ele certamente retribuirá o agradecimento. Força, campeão!
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