2015 e o Desporto Nacional: O Atleta (parte I)

31 de Maio de 2015. Circuito de Mugello, Itália. Categoria de Moto3. Um jovem português de 20 anos parte da 11ª posição da grelha e arranca para uma vitória que faz soar o hino nacional pela primeira vez numa prova do Campeonato do Mundo. Transpira-se orgulho. Começaria aqui a afirmação de Miguel Oliveira, depois de alguns anos a desenvolver as suas capacidades ao mais alto nível e a subir ao pódio por cinco ocasiões distintas, mas sem ocupar o lugar mais honroso deste.

Depois de um 5º lugar no GP Catalunha, eis um novo triunfo, em solo holandês, local do seu único pódio em 2014. Começa-se a sonhar alto. A sorte, no entanto, desvia-se da pista de Miguel Oliveira no GP Alemanha. Uma fractura na mão esquerda, contraída nos treinos livres, força-o a abandonar a corrida e a ser operado. Receia-se. Mas não se desiste. Após algumas semanas a tentar regressar ao seu melhor ritmo, Miguel Oliveira inicia uma recuperação estrondosa, logrando cinco pódios consecutivos - incluindo três vitórias - à entrada para a última corrida da temporada. A perseverança do atleta luso, aliada a uma moto renovada pela equipa com quem havia rubricado contrato no início do ano, a KTM, permitem-lhe discutir o título mundial na última corrida da época, em Valência. Uma tarefa bastante complicada, uma vez que o britânico Danny Kent nem sequer precisaria de fazer uma grande corrida para segurar o seu primeiro lugar. É o que acontece, infelizmente. A vitória de Miguel Oliveira de nada lhe vale nas contas finais, com Danny Kent a vencer o português por uma margem de seis pontos.

Para a história irá ficar o percurso do atleta de Almada, que em 2015 espalhou o som d'A Portuguesa por seis circuitos diferentes e mostrou ter todas as condições de aspirar ao seu grande objectivo, a MotoGP, num futuro próximo. Para já segue-se uma nova aventura, ao serviço da Leopard Racing, no escalão de Moto2, onde irá reencontrar Danny Kent, agora seu colega de equipa.

É bom sair como uma referência da categoria. Deixa-me muito contente e dá-me muita confiança para os novos desafios que se avizinham. Sair da Moto3 como uma referência e ganhar a última corrida… não poderia haver melhor forma de terminar o campeonato. [Miguel Oliveira, após o GP Valência]

João Sousa viveu o seu melhor ano da carreira, alcançando um histórico 33º lugar no ranking ATP, melhor classificação de um tenista português em toda a história da modalidade, e marcando presença em quatro finais do circuito masculino e garantindo em Valência o seu segundo grande título da carreira [Kuala Lumpur, em 2013]. Aos 26 anos, e continuando a receber rasgados elogios por parte dos mais prestigiados colegas da modalidade, o "Conquistador" tem vindo a demonstrar que o sonho de ter um tenista luso no Top-25 mundial poderá ser concretizado em breve. O canoísta Fernando Pimenta viveu um dos melhores anos da sua carreira, arrecadando dez medalhas, entre as quais a de ouro na Taça do Mundo, de prata nos Jogos Europeus de Baku'2015 e no Europeu (K4), e de bronze no Mundial e no Europeu. Rui Bragança, actual 3º classificado no ranking mundial de taekwondo (-58kg), depois de se ter sagrado campeão europeu em 2014, arrecadou a medalha de ouro nos Jogos Europeus e a de prata nas Universíadas, na Coreia do Sul, sendo já visto como uma das grandes esperanças da comitiva nacional que irá estar presente nos Jogos Olímpicos. Cristiano Ronaldo, personalidade indissociável no que toca a eleger os melhores, falhou os títulos colectivos mas voltou a quebrar recordes, especialmente na Liga dos Campeões, e a deixar a sua marca pessoal na história do futebol. Contudo, no fim nenhum conseguiu acompanhar o sprint final do motociclista de Almada em direcção à meta. Miguel Oliveira é, portanto, o Atleta Nacional de 2015.
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