
Já se sabe de antemão que os clubes portugueses, sobretudo Benfica e FC Porto, são exímios a garantir lucros consideráveis por jogadores adquiridos a baixo custo que são potenciados e introduzidos nas suas equipas. Não admira, portanto, que estes clubes estejam entre aqueles que mais dinheiro recebem pela venda dos seus activos.
Nos últimos dez anos, nenhum clube a nível mundial possui um balanço receita/despesa tão positivo como Benfica e FC Porto. Os campeões nacionais compraram mais sem gastar tanto, mas os vice-campeões foram os que mais receberam vendendo menos. Os dados do
Transfermarkt, que englobam os valores totais das transferências, ajudam a provar este cenário.
FC Porto: Uma Liga dos Campeões que mudou tudo
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Balanço do FC Porto (valores em milhões de euros) |
Até ao início do novo milénio, os clubes portugueses não eram, naturalmente, aqueles que mais dinheiro esbanjavam. Se a contratação de futebolistas estrangeiros era bastante mais limitada, o mesmo não se podia aplicar aos colossos europeus da altura. Ainda assim, como é certo e sabido, as verbas gastas não eram, nem de perto nem de longe, tão elevadas como as de hoje em dia. Porém, a Liga dos Campeões ganha pelo FC Porto de José Mourinho em 2003/04, época que nem sequer entra nestas contas, veio mudar o panorama do mercado de transferências a nível nacional.
E o FC Porto saiu claramente beneficiado. Os azuis e brancos são de longe o clube que mais lucrou com transferências à escala mundial. A temporada 2006/07 foi a única, nos últimos dez anos, em que os dragões não encaixaram um mínimo de 30M - por cinco ocasiões distintas receberam 70M -, sendo que essa fasquia, mesmo sem o mercado ter aberto de forma oficial, já foi atingida na preparação da temporada que se avizinha. Igualmente como excepção, a melhor temporada do FC Porto na última década (2010/11) foi aquela em que o volume das despesas superou o das receitas, ainda que por uma margem reduzida (inferior a 1,5M).
As cinco maiores vendas do FC Porto neste período foram as de James Rodríguez (45M), Falcao (40M), Hulk (40M), Mangala (40M), Danilo (31,5M) e Anderson (31,5M), todos eles já vendidos entretanto, enquanto que a compra de Hulk (19M) foi a mais cara, com Danilo (13M) e Adrián (11M) a fecharem o pódio.
Benfica: O mestre da táctica que rendeu ouro aos cofres encarnados
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Balanço do Benfica (valores em milhões de euros) |
Escusado será dizer que Jorge Jesus veio mudar a natureza do Benfica no capítulo das transferências. Se de 2005 a 2010 o Benfica teve mais prejuízo que lucro na maior parte dos casos (as vendas de Simão e Manuel Fernandes em 2007/08 foram a grande lufada de ar fresco)
, o contrário verificou-se após a primeira época de Jorge Jesus de águia ao peito.
O ex-técnico do Benfica foi o responsável por ter encaixado mais de 100M numa só temporada, um recorde absoluto entre clubes portugueses, e ganhou fama por conseguir tirar o melhor dos jogadores que potenciava, muitos deles jovens e/ou relativamente desconhecidos, e realizar futuramente encaixes significativos com os mesmos. Duas notas de curiosidade: os dois maiores encaixes financeiros do Benfica registaram-se nas temporadas que sucederam o título nacional - 2015/16 ainda está a meses de começar e as águias já levam um bom balanço - e o "Benfica da era Jorge Jesus" lucrou bem mais do que o rival no mesmo período (diferença aproximada de 50M).
Witsel (40M), Di María (33M), Fábio Coentrão (30M) e Rodrigo (30M) encabeçam as principais vendas do Benfica, ao passo que Óscar Cardozo (11,7M), Salvio (11M), Markovic (10M) e Samaris (10M) constituem as principais aquisições nos últimos dez anos.
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