Opinião: Jorge Jesus ganhou a batalha, não a guerra

Se à entrada para a última jornada a pressão já se fazia sentir sobre os ombros de Jorge Jesus, nos momentos que antecederam o apito inicial do árbitro na Amoreira ela atingiu o seu auge. Mais importante que evitar o seu despedimento - Luís Filipe Vieira, muito provavelmente, não deveria tomar essa decisão independentemente do resultado final -, JJ lutava em três frentes: 1) A da tabela classificativa: uma desvantagem de cinco pontos para o rival e primeiro classificado FC Porto não poderia de modo algum ser ainda mais dilatada; 2) A dos adeptos: um resultado negativo só iria agravar o clima de insatisfação em torno do técnico e acentuar a exigência de um novo treinador - curiosamente, o nome de Marco Silva foi um dos mais aclamados -, enquanto que uma vitória sempre colocaria alguma água na fervura; 3) A da própria equipa: numa altura em que as exibições estão longe de encher o olho ao mais apaixonado adepto benfiquista, o esforço e a actuação dos próprios jogadores encarnados foi posto em causa por várias entidades (desde dirigentes a presidente), factor que em nada abona a moral de quem se esfola dentro das quatro linhas à procura de três pontos. Com ou sem razão, a equipa é posta em causa e os níveis de confiança diminuem consideravelmente. Cabe, nestas alturas, ao treinador levantar a cabeça aos seus pupilos e mostrar-lhes que a confiança que neles deposita é grande e que as equipas deste calibre têm de ser capazes de enfrentar adversidades como esta.

O resultado final ditou mais uma vitória sofrida para o emblema encarnado. A margem de manobra continua infimamente reduzida. JJ evitou, no reduto do Estoril, uma bala, mas as pessoas continuam com ele na mira. E essa situação não deve mudar tão cedo. Até que se reduza a distância para os dois grandes rivais que se foram distanciando na classificação - rectifico: até que sejam pontualmente alcançados -, o treinador benfiquista vai ter que aguentar a pressão com a qual, segundo o próprio, "bem gosta de trabalhar". O Benfica conquistou três pontos no terreno de um adversário que não era batido em casa há vários meses. Para já
JJ venceu uma importante batalha. Falta ganhar a guerra.

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