Mundial'2014, o balanço final: Equipas (parte I)

Já deixa saudades o Mundial'2014. Golos não faltaram - 171 (igualando o recorde de 1998), sendo que 32 vieram do banco de suplentes (incluindo o golo do título, de Götze) -, protagonistas também não e houve um pouco de tudo durante um mês no Brasil. Nem mesmo as lesões que marcaram as semanas anteriores ao Mundial, e que durante a prova continuaram a surgir, conseguiram manchar uma competição que lançou várias incógnitas devido à sua organização mas que foi, no mínimo, espectacular.


A fase de grupos ficou desde logo marcada pelo elevado número de golos - 136 (média de 2,83 golos/jogo), com apenas 5 jogos a terminar em branco - e pelas eliminações surpreendentes da Espanha, campeã em título, e de outras selecções que à entrada para a prova englobavam o lote de favoritos. Em sentido inverso, como já costuma ser habitual, houve equipas a desafiar as leis do favoritismo e a impressionar o mundo do futebol. Pela primeira vez na história dos Mundiais todos os oito líderes dos grupos passaram aos quartos-de-final. A partir desta fase os cenários expectáveis começaram a confirmar-se. Brasil, Alemanha, Holanda e Argentina, com maior ou menor dificuldade, chegaram às meias-finais, onde os dois jogos tiveram contornos bem distintos. A Alemanha trucidou o Brasil e a Argentina foi a selecção mais feliz nos penáltis diante da Holanda, que terminou em 3.º lugar. Na final, quando já se avistavam os penáltis, valeu Götze a oferecer a "Copa" à Mannschaft. Após alguma ponderação, o Adjunto1x2 fez o balanço da participação portuguesa no Mundial'2014 e de outras selecções que se destacaram ora pela positiva, ora pela negativa.

Portugal deixou o Top10 após o Mundial'2014

PORTUGAL: Campanha desastrosa da Selecção Nacional. A nível físico os jogadores demonstraram não estar prontos para as condições que iriam enfrentar no Brasil (impressionante como houve tanto jogador a lesionar-se em dez dias e como Paulo Bento foi forçado a usar 21 dos 23 jogadores disponíveis, incluindo os três guarda-redes), a nível mental é inadmissível a atitude de Pepe frente à Alemanha e a forma como encarámos o jogo com os EUA, a nível exibicional os dois primeiros jogos foram demasiado fracos para uma equipa que tinha a obrigação de passar a fase de grupos (Portugal ainda podia ter alcançado uma qualificação sofrível diante do Gana mas a desinpiração ofensiva foi o reflexo da prestação lusa no Mundial'2014). Paulo Bento, que não deve merecer todas as críticas, sai do Brasil com culpas no cartório.

O anfitrião (Brasil): Na retina ficam duas selecções completamente diferentes - o "Brasil com Neymar" e o "Brasil sem Neymar". Quanto ao "Brasil de Scolari", ficou evidente desde a fase de grupos que o craque brasileiro seria a grande figura de uma selecção que teria de se aplicar bastante para conquistar o título em casa. O nível de futebol praticado, bastante irregular, não se assemelhou ao da Taça das Confederações e para a história fica a goleada sofrida diante da Alemanha (7-1).

O campeão (Alemanha): Os pupilos de Löw, que teimavam em vacilar nas derradeiras etapas das grandes competições, finalmente demonstraram o seu favoritismo dentro das quatro linhas conquistando o título mundial. A Alemanha foi crescendo ao longo da competição - nem precisou de se esforçar muito durante a fase de grupos - e demonstrou que tem qualidade de sobra para os próximos anos (cedo evidenciou algumas fragilidades nas alas, aquela que curiosamente será a área mais débil da selecção após a renúncia de Lahm).

Selecções que mais surpreenderam
Holanda: Depois do descalabro no Euro'2012 ninguém contava que Van Gaal conseguisse dar tremenda volta a esta selecção e a levasse tão longe nesta competição (muitos até a afastaram dos oitavos-de-final). Defensivamente esteve impecável e Robben "encarregou-se do resto". Há que se tirar o chapéu ao seu seleccionador pela forma inteligente como geriu tacticamente o seu plantel (incrível como valorizou tantos jogadores) e pelo nível exibicional apresentado.
A Costa Rica foi a grande surpresa deste Mundial'2014
Costa Rica: A grande surpresa do Mundial'2014. Não há palavras que descrevam o que a modesta Costa Rica conseguiu fazer no Brasil. A jogar praticamente sem pressão, abismou meio mundo ao passar em 1.º num grupo que contava com três antigos campeões mundiais e impressionou pela organização táctica e coesão defensiva (apenas sofreu dois golos).
México: A inclusão dos mexicanos em detrimento da Colômbia, por exemplo, talvez possa espantar mas há que ter em conta a qualidade do plantel à disposição de Miguel Herrera (por esse motivo a prestação dos colombianos não foi tão surpreendente) e a forma como a equipa jogou. Fruto da sua organização táctica e intensidade, foram a equipa mais agradável de se acompanhar no Grupo A e estiveram perto de eliminar a Holanda nos oitavos-de-final. Não deixa também de ser curioso observar que as selecções destacadas pela positiva jogaram todas em 3-5-2 durante o Mundial.

Selecções que mais desiludiram
Espanha: Ficará para a história pelas piores razões. Desde a maior goleada sofrida por um campeão em título até à eliminação precoce, a Espanha apenas conseguiu pôr em prática o seu futebol quando já estava eliminada. Algumas culpas para Del Bosque pela forma como montou a sua equipa e para os jogadores pela falta de intensidade demonstrada.
Camarões: Foi um autêntico "saco de pancada" durante o Mundial (a exibição fraca diante do México podia ter sofrido contornos bem mais expressivos). Ofensivamente produziu muito pouco (esperava-se que fizesse dos seus contra-ataques a sua maior arma), defensivamente esteve mal e a expulsão de Song e o desentendimento entre Assou-Ekotto and Moukandjo, frente à Croácia, reflectiram a desorganização do conjunto de Volker Finke.
Rússia: Já se sabia que o ataque poderia ser o tendão de aquiles desta selecção durante o Mundial e isso foi bem visível. Pedia-se mais a Capello, técnico mais bem pago de todas as selecções em prova, que se tinha destacado na fase de qualificação pela forma como tinha organizado defensivamente a sua equipa (sofreu golos em todos as partidas). O desaire frente à Argélia foi o culminar de um futebol pobre demonstrado ao longo dos três jogos no Brasil.

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