A um passo do céu e a dois do abismo

Depois de um fim-de-semana marcado pelos jogos da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, entre os quais um clássico entre FC Porto e Sporting no Estádio do Dragão que ditou o afastamento da equipa da casa, as atenções viravam-se agora para a Liga dos Campeões. Sporting e Benfica estavam obrigados a não perder pontos - aos encarnados interessava ainda mais somar os três pontos depois das duas derrotas nas jornadas anteriores - e o FC Porto procurava segurar o 1.º lugar e dar um passo importante rumo à fase seguinte.

Lopetegui mostrou mais uma vez que a rotatividade do plantel chega ao fim nos momentos mais importantes - já havia sido assim no início da época e não ganhar após o recente desaire na Taça de Portugal só aumentaria a pressão sobre o técnico e a própria equipa - e o resultado, apesar de todas as peripécias, favoreceu os azuis e brancos. Num jogo em que o golo sofrido voltou a nascer de um erro na fase de construção (à semelhança do que tem acontecido em quase todos os jogos da presente temporada), Lopetegui soube mexer bem a partir do banco, Quaresma assumiu o papel de herói para gáudio dos adeptos, que exigem mais minutos para o internacional português, e o FC Porto pode carimbar a presença nos oitavos-de-final já daqui a uns dias, em solo basco. Boas notícias para Portugal, num ano em que a representação nacional tem estado aquém das expectativas.

Menos sorte teve o Sporting, que foi traído pela infantilidade de Maurício (novamente em foco pela negativa), numa altura em que os leões estavam por cima na partida, e pelos graves erros da equipa de arbitragem. Apesar da vitória moral - recuperar de uma desvantagem de dois golos, a jogar fora de casa, com um elemento a menos, é notável -, associada a uma grande atitude dos jogadores e a uma sensação de crescimento gradual da equipa de Marco Silva, fica uma sensação de injustiça e culpa própria face àquela que é a realidade do grupo do Sporting na Liga dos Campeões. Se o sonho nas provas europeias tomou contornos mais ténues, também é justo dizer que as recentes exibições leoninas, incluindo a vitória no Estádio do Dragão, não têm sido obra do acaso e deixam boas indicações para o muito que ainda falta disputar esta época. Apenas um aparte, que já poderia ter sido escrito há mais tempo: ter João Mário no meio-campo aumenta consideravelmente o nível da equipa.

O Benfica, obrigado a somar pontos tal a distância que o separava das restantes equipas do grupo, foi a última equipa lusa a entrar em acção. Ainda assim, mais do mesmo. Entrada nervosa em campo (alguma falta de ritmo?), em que os encarnados voltaram a dar 45 minutos de avanço aos seus opositores (felizmente mais perdulários que Zenit e Bayer Leverkusen) e tentaram resgatar mais do que um mero ponto na segunda metade. O Benfica foi atraiçoado por alguma falta de eficácia e por Lisandro, expulso após uma entrada imprudente sobre Moutinho numa altura em que os campeões nacionais estavam a controlar o jogo, e teve de sofrer até ao fim para somar o seu primeiro ponto na prova milionária. Percurso curto para aquela que é a capacidade da equipa e que coloca os pupilos de Jorge Jesus, que hoje apresentou em campo a melhor equipa disponível, numa posição delicada para continuar nas provas europeias - já nem se fala apenas na Liga dos Campeões! Hora de redefinir prioridades?
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